Lula careca e sem barba: Doença, espetáculo e poder, por Reinaldo Azevedo

Publicado em 17/11/2011 08:25 e atualizado em 17/11/2011 18:48
blog Reinaldo Azevedo, em veja.com.br

As lendas pessoais de Lula tiranizam a política e os analistas. Ou: Doença, espetáculo e poder

É lamentável a espetacularização do câncer, vazada como cenas da vida doméstica, protagonizada por Luiz Inácio Lula da Silva. O deputado Ricardo Berzoini (SP), ex-presidente do PT, como demonstrei aqui, não esperou muito tempo e acabou revelando certamente mais do que pretendia o partido. Segundo escreveu no Twitter, Lula fez barba e cabelo e deixou o bigode para as eleições de 2012. É indecente.

Quem é da área sabe que Ricardo Stuckert é profissional dos bons. Era o fotógrafo oficial de Lula quando este era presidente e migrou com ele para o instituto. Já apontei aqui a influência da estética “Benetton”, by Oliviero Toscani, em algumas de suas fotos. Não foi diferente desta vez. O resultado, como peça de propaganda, é competente. Mas é disto que estamos falando: de propaganda. Assim como Toscani expunha um doente de Aids com a família chorando à sua volta para vender camiseta e moletom (ver o post que escrevi ontem sobre a Benetton), Lula usa a sua doença para, como comprova Berzoini, conquistar votos para o seu partido.

Profissionais da fotografia teriam muito a falar a respeito — necessitando de um tantinho de coragem, claro, para enfrentar a patrulha. Um resultado como o divulgado requer ajuste de luz, muitas dezenas de fotografia, até que se escolham “aquelas”. Há tudo nas imagens divulgadas, menos aquilo que se tentou vender ao público: o flagrante e a espontaneidade. Aqueles olhares para o nada — para o futuro da humanidade? — resultam de muitos cliques.

E agora falarei com a “autoridade” de que tem barba, muuuita barba, mais do que eu gostaria. Aquilo é uma cena preparada. O casal atua como modelo — ele, no seu papel predileto: Lula; ela, no dela: mulher de Lula. Por que afirmo isso? A parte mais chata da barba (além do pescoço; por que barba no pescoço, meu Deus?) fica ali na fronteira do lábio inferior, área já raspada e escanhoada, como se nota. O mesmo se pode dizer da papada. Tudo lisinho. E há a questão óbvia: a assessoria de Lula deslocou Stuckert até a casa do ex-presidente, mas não teve o bom senso de chamar uma profissional para lhe raspar cabeça e barba, operação que sempre comporta algum risco? Tenham paciência.

Fico cá pensando nos muitos candidatos a hagiógrafos de Lula, que exaltaram, nos primeiros dias da doença, como é mesmo?, a sua “transparência”, como se esta já não tivesse sido turvada quando gravou um vídeo, tendo o mesmo Stuckert por trás da câmera, marcando um encontro com os “eleitores” em algum palanque. Não sou assim tão inocente, não é? Lula é o homem público mais em evidência do país. É admirado por milhões de pessoas. É natural que haja curiosidade sobre a sua saúde e que muitos torçam para que seja bem-sucedido em seu tratamento. Assim, é aceitável que se divulguem imagens suas e que estas sejam selecionadas e tal.

Mas vamos devagar! É preciso haver algum decoro nisso! Lembrei aqui outro dia que Lula chorou copiosamente diante da Câmera de Duda Mendonça na campanha eleitoral de 2002 ao falar da primeira mulher, morta no parto, e do filho natimorto. Elaborava uma narrativa muito distinta de entrevista que havia concedido anos antes à revista Playboy sobre o mesmo assunto. Diante daquele espetáculo patético em 2002, lembro-me de ter escrito um texto no extinto sitePrimeira Leitura cujo título era: “Ele não tem limites”. Tudo bem pensado, espetacularizar a própria doença para obter benefícios políticos para o seu partido não é, assim, o seu auge. Chegou mais longe com a mulher e o filho mortos.

Não, senhores hagiógrafos! Isso não é transparência, mas obscurantismo. E explico por quê. Lula torna o processo político refém de sua biografia — ou melhor: o processo político se deixa capturar por suas lendas pessoais. Na Presidência, suas batatadas não podiam ser criticadas sem que pesasse a sombra do preconceito. Agora, quando ele faz óbvia exploração política de sua doença, considera-se de mau gosto apontá-lo. É preciso que Ricardo Berzoini o faça. Até a recomendação,  em tom de ironia, para que vá se tratar no SUS, ainda que a tanto ele não esteja obrigado, é tomada como grave ofensa, “baixaria”, um verdadeiro vilipêndio!

O processo político trata Lula como expressão do sagrado. Já ele próprio nunca se importou em ser bastante profano, como se vê mais uma vez.

PS - A orientação deste blog segue sendo rigorosamente a mesma. Serão vetados os comentários que tratem de forma desrespeitosa o doente Lula. Serão aceitos os comentários que tratem Lula, doente ou saudável, como aquilo que ele é: um político, razão por que suas fotos foram divulgadas por um instituto…  político.

Por Reinaldo Azevedo

Pois é… Depois de nove anos de “nunca antes na história destepaiz”, há iniqüidades gritantes como sempre na história “destepaiz”…

Pois é… Se discurso reduzisse desigualdades, analfabetismo, iniqüidades, o Brasil já teria superado os índices da Noruega. O pais está melhorando, sem dúvida — obra de vários governos —, mas há muita coisa pela frente, seguindo indica o IBGE, em razão da desídia de muitos governos. Infelizmente, os pobres brasileiros não avançaram tanto quanto os companheiros e seus aliados. Leiam o que informam Lucila Soares e Rafael Lemos, na VEJA Online:
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Um país urbano, com taxas de crescimento populacional próximas das nações desenvolvidas, avanços sociais notáveis e desigualdades flagrantes, que mantém atual a idéia da coexistência de dois “Brasis”. Este é o Brasil retratado pelo Censo Demográfico de 2010, que teve mais uma etapa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira. O conjunto de informações divulgado consolida as características da população e dos domicílios brasileiros levantadas em visitas a 67,5 milhões de domicílios, nos 5.565 municípios das 27 unidades da federação.

A taxa de analfabetismo é um dos indicadores em que a existência de dois Brasis se revela com mais vigor. Entre 2000 e 2010, o número de analfabetos com 15 anos de idade ou mais recuou de 13,63% para 9,6%. Mas as diferenças regionais são gritantes, e nas cidades pequenas, de até 50 mil habitantes, a situação é de calamidade educacional. No Nordeste, a taxa dessas cidades chega a 28%. Em todo o Brasil, existem 1.304 municípios com taxas de analfabetismo iguais ou superiores a 25%. Entre as crianças de 10 anos de idade, a proporção caiu de 11,4% para 6,5% na média brasileira, mas chega a 16,4% no Maranhão e a 13,7% no Piauí.

A chaga da desigualdade revela-se ainda mais impressionante quando se observam as taxas de analfabetismo associadas à cor. Enquanto na população branca existem 5,9% de analfabetos com 15 anos ou mais, entre os negros a proporção é de 14,4%, e entre os pardos, de 13%. Nas cidades pequenas, com até 5.000 habitantes, o analfabetismo entre os negros atinge 27,1%.

A essa diferença de oportunidades na educação pode-se atribuir boa parte da diferença de rendimentos constatada pelo IBGE. Os dados de rendimento ainda são preliminares, e mostram que a população brasileira é pobre. O rendimento médio mensal é de 668 reais, mas 25% dos brasileiros recebem até 188 reais, e metade da população recebia no ano passado até 375 reais, valor inferior ao salário mínimo vigente, de 510 reais. Quando se cruzam os dados de rendimento com os de cor, constata-se que negros e pardos ganham cerca de metade do que ganham os brancos. Na média brasileira, pretos recebem 834 reais por mês, e pardos 845 reais, contra 1.538 reais de brancos.

As maiores disparidades acontecem nas cidades com mais de 500 mil habitantes. Em Salvador, brancos ganham 3,2 vezes mais que pretos. Na comparação entre brancos e pardos, São Paulo aparece no topo da lista da desigualdade, com rendimentos 2,7 vezes maior.

Mulheres
A disparidade entre os rendimentos de homens e mulheres é outra distorção que persiste, embora com tendência à redução. No censo de 2000, os homens tinham rendimentos 53,33% maiores que os das mulheres. No censo de 2010, a diferença caiu para 42%.

A desigualdade entre os rendimentos de homens e mulheres reduziu-se em todas as regiões do país, exceto no Nordeste, onde essa relação ficou estável. Em 2010, metade dos homens ganhava até 765 reais, enquanto metade das mulheres recebia até 510 reais. Nos municípios com até 50 mil habitantes, os homens recebiam, em média, 47% a mais que as mulheres: 903 reais contra 615 reais. Nos municípios com mais de 500 mil habitantes, os homens recebiam, em média, 1.985 reais e as mulheres, 1.417 reais, uma diferença de cerca de 40%.

Destes, 84,4% viviam em cidades, e 15,6% em áreas rurais, consolidando um dos mais avassaladores processos de urbanização já ocorridos no mundo. Em 1950, 63,8% da população viviam no campo; em 20 anos a proporção se inverteu, e no censo de 1970 67,6% dos brasileiros já habitavam cidades.

Nos últimos 20 anos, a taxa de crescimento da população caiu a menos da metade. Entre 1991 e 2000, a população cresceu à razão de 1,64% ao ano; na década seguinte, a taxa foi de 1,17%; A idade média do brasileiro aumentou 26,5 anos para 32,1 anos entre 1991 e 2010. O Rio Grande do Sul é o estado mais velho da federação, com idade média de 34,9 anos. O saneamento básico melhorou, mas continua precário. 32,9% dos domicílios não estão ligados a rede geral de esgoto ou fossa séptica. No Nordeste, a proporção é de 54,8%.

Por Reinaldo Azevedo

A campanha boboca da Benetton: já fez barulho; será que vai vender roupa?

Pois é… Há aquelas coisas que dão aquela preguicinha, né? Não é de hoje que a Benetton recorre a imagens polêmicas para vender roupas. Vocês devem se lembrar daquela foto de um filho com AIDS, agonizando, enquanto a família chora à volta.


Polêmica? Eu acho de profundo mau gosto. Agora, a marca volta a provocar barulho, conforme informa a VEJA Online. Volto depois:

Em plena crise diplomática, o líder da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, beija o premiê israelense, Binyamin Netanyahu. Já o papa Bento XVI toca os lábios de Ahmed Mohamed el Tayeb, imã da mesquita de Al Azhar no Cairo. Essas são apenas algumas das cenas estampadas em outdoors pela nova campanha publicitária da marca Benetton, que está causando alvoroço ao redor do mundo.

As fotomontagens de líderes mundiais se beijando são uma maneira, segundo a marca, de protestar contra a “cultura do ódio”. A campanha foi batizada da “Unhate”, ou seja, algo como “não odeie” (em tradução livre).

Entre os retratados estão também o presidente americano, Barack Obama, que aparece beijando o venezuelano Hugo Chávez. O presidente francês Nicolas Sarkozy, por sua vez, beija a chanceler alemã, Angela Merkel (os dois países eram rivais históricos até a fundação da União Europeia).

Voltei
Depois de um forte protesto do Vaticano, a imagem do papa Bento 16 beijando Ahmed Mohamed el Tayeb foi tirada da campanha — como se isso fizesse alguma diferença nestes tempos, não? A imagem já correu o mundo. “Foi um grave desrespeito ao papa, uma ofensa contra os sentimentos dos fieis e um claro exemplo de como uma publicidade pode violar as regras básicas do respeito para chamar atenção por meio de uma provocação”, afirmou o Vaticano. A Benetton veio com a sua cascata de sempre: “Lembramos que o sentido desta campanha é exclusivamente combater a cultura do ódio sob todas as formas”, afirmou um porta-voz do grupo.

Tenham paciência, né? Quem não quer estimular o ódio não brinca assim com o sentimento de mais de 2 bilhões de pessoas das duas religiões. Os políticos que aparecem na campanha, convenham, têm lá suas dissensões, mas Bento 16, por exemplo, não lidera uma igreja que hostiliza outras ou que busque se expandir à força.

É claro que não acho que coisas assim devam sofrer qualquer tipo de censura. A liberdade de expressão vale mesmo para os idiotas. Basta a quem se sentiu ofendido não comprar os produtos da Benetton, especialmente católicos e muçulmanos.


Por Reinaldo Azevedo

A CARRASPANA HISTÓRICA DA SENADORA KÁTIA ABREU EM CARLOS LUPI

Abaixo, há um vídeo um tanto longo, mas que vale a pena ser visto. A senadora Kátia Abreu (PSD-TO) dá uma das maiores carraspanas que já vi um senador — ou senadora — dar em um ministro de estado. É desmoralizante! Assistam ao filme.

Por Reinaldo Azevedo

Lupi. Ou: Da coragem de ser ridículo

Leiam o que informa Gabriel Castro na VEJA Online sobre o depoimento de Carlos Lupi, o cadáver político adiado. Como se a situação já não fosse ruim o bastante, descobre-se agora que o ministro recebeu diárias pagas pelo contribuinte para que exercesse atividade partidária.

Em mais uma etapa de seu périplo antes do inevitável, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, falou à Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado na manhã desta quinta-feira. A audiência teve início por volta das 9h45 e durou cerca de três horas. O pedetista, que continua ministro sabe-se lá por quê, tentou explicar o inexplicável: como usou um jatinho pago pelo dono de entidades que mantêm contratos suspeitos com a pasta, Adair Meira. O mesmo jatinho que ele jurou não ter usado. O mesmo Adair que ele jurou não conhecer.

Menos falastrão do que nos últimos dias, o ministro iniciou sua exposição criticando a imprensa e dizendo-se vítima da má fé dos meios de comunicação: “Não podemos viver numa sociedade em que se condena uma pessoa sem provas”, declarou. Não se sabe o que Lupi chama de prova. Mas o site de VEJA já mostrou um vídeo em que o pedetista desembarca do jato, em viagem ao Maranhão.

Lupi prosseguiu tentando desdizer o que havia dito na semana passada, em audiência na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados. Foi lá que, indagado pelo deputado Fernando Francischini (PSDB-PR), ele negou ter viajado em aviões pagos por Adair. “Eu disse que não tenho nenhuma relação. Não disse que não o conheço”, arriscou o ministro, sem mencionar a parte do jatinho.

O ministro admitiu ter andado na aeronave do modelo King Air durante viagem ao Maranhão, outra informação que ele chegou a negar objetivamente. Mas disse que não sabe quem pagou as despesas do voo: “Eu não sei. Não tenho a obrigação de saber. Eu não pedi a aeronave”, esquivou-se. De acordo com ele, o serviço foi contratado por Ezequiel Nascimento, ex-presidente do PDT do Distrito Federal.

Como se não bastasse, o ministro admitiu ter recebido ao menos uma diária do governo durante a viagem ao Maranhão, em que participou de eventos partidários.  “Eu tenho que pegar os detalhes depois. Se estiver irregular, devolvo”, prometeu, simplesmente. Ainda durante a audiência, a senadora Kátia Abreu (PSD-TO) surgiu com a resposta: Lupi recebeu três diárias e meia para fazer a viagem, em dezembro de 2009.

“Ridículo”
Lupi ouviu críticas duras do líder do PSDB, Alvaro Dias (PR): “Essa tentativa de justificar o injustificável o torna ainda mais ridículo diante da opinião pública do país”, disse o tucano, para quem o ministro deveria “pedir perdão” por ter mentido.

Nem mesmo dentro do partido Lupi parece ter apoio. O senador Pedro Taques (PDT-MT) quer não só a saída do ministro, mas pede que o partido abra mão do cargo: “Entendo que o PDT deva se afastar o ministério, porque o PDT nesse ministério já não detém a confiança da sociedade brasileira”, afirmou. Lupi pediu um voto de confiança: “Dá ao teu amigo a chance de lutar pela verdade dele. Eu só quero ter a chance de não ser condenado sem provas”, respondeu.

Em nota oficial publicada no sábado, Lupi afirmou que a viagem tinha sido feita apenas em aviões Sêneca, providenciados pelo diretório regional de seu partido, o PDT. A  versão começou a ser desmontada nesta quarta-feira, quando fotos do ministro desembarcando do King Air vieram à tona. Vídeo obtido com exclusividade pelo site de VEJA termina esse desmonte ao mostrar o ministro e Adair Meira no local da aterrissagem, com o avião ao fundo.

Lupi vem na corda-bamba desde que VEJA revelou um esquema de cobrança de propina na pasta. A situação se agravou com o flagrante da mentira do ministro aos parlamentares. A ida ao Senado deve ser a última chance que o pedetista terá para tentar convencer a presidente Dilma Rousseff de que deve continuar no cargo.

Por Reinaldo Azevedo

Dilma só não demite Lupi porque teme um dano maior do que o causado por sua permanência. Que trunfo terá o falastrão, que intimida a Soberana?

Há algo mais no ar além do King Air em que voou Carlos Lupi. Todos os outros ministros caíram por menos. Ele vai amontoando uma quantidade impressionante de mentiras. E vai ficando. Se o depoimento de hoje no Senado era “importante” para decidir a sua permanência até a reforma ministerial, Dilma está esperando o quê? Foi patético! Além de tudo o que já se sabia, veio à tona a história das diárias. Nós pagamos para que o ministro fosse fazer política partidária no Maranhão.

Depois de seu depoimento no Senado, em que ficou evidente não ter nem mesmo o apoio do PDT — o PC do B, por exemplo, ficou com Orlando Silva até o fim —, Lupi declarou:
“Eu tenho todas as condições políticas [de manter o cargo]. Tranqüilidade, serenidade e, repito, não há nenhuma acusação contra a minha pessoa [...] Agora, meu cargo é de confiança da presidente da República. Depende dela. Eu já tive a conversa [com Dilma]. Já conversamos, e eu vou continuar trabalhando normalmente”.

Sobre todas as evidências de que mentiu, com uma cara-de-pau estupefaciente, afirmou:
“Eu não voltei atrás em história nenhuma. Primeiro que, na quinta-feira, quando eu fui na comissão do Trabalho, não tinha este fato. Foi me perguntado em tese. A população tem de entender que esta pergunta foi feita antes dos fatos denunciados, e a resposta foi a esta pergunta. Qual era a pergunta do deputado Fernando Franceschini: ‘Se o senhor tem algum tipo de relacionamento pessoal com o senhor Adair?’. Eu respondi ‘Nenhuma relação. Eu não tenho nenhuma relação pessoal’”.

Ele está dizendo, em suma, que mentiu porque, afinal, a verdade não tinha vindo à tona, entenderam? A mentira parece ser um vício. O deputado Fernando Franceschini foi explícito na sua pergunta: quis saber se Lupi conhecia Adair Meira e se já tinha voado com ele no mesmo avião. Ele negou as duas coisas. Quando VEJA provou o contrário, veio, então, a nova mentira: o avião teria sido pago pelo partido. Meira, o PDT, as fotos e um vídeo desmentiram o ministro.

E, no entanto, ele continua no cargo, atribuindo sua permanência à vontade da presidente Dilma Rousseff. Cabe uma única pergunta: QUE DANO DILMA ROUSSEFF TEME, PIOR DO QUE O CAUSADO PELA PERMANÊNCIA DE LUPI?Gente do Planalto está tentando convencer o ministro a cair fora, mas ele não aceita. Logo, teria de ser demitido. Ocorre que o bufão prometeu fazer estragos. Falastrão, todos sabemos, ele é. Nesse caso, porém, a hesitação da Soberana dá o que pensar. A sugestão de que a presidente está sendo chantageada é bastante forte.

Por Reinaldo Azevedo


A CONFISSÃO - O e-mail em que “dirigente” estudantil prega adiamento da eleição e diz que “esquerda não perde eleição nem a pau”

Um dos alunos me envia um e-mail de um dirigente estudantil, que circula entre os militantes. Leiam. Volto em seguida:

Aiaiaia
Ó, a esquerda não perde essas eleições nem a pau. E tenho dito.
O debate sobre adiar ou não é que existe uma greve sendo discutida nos cursos, e o movimento estudantil consequente saberá priorizar a política real cotidiana a um processo que não tem porque não ser adiado…
beijos

Voltei
Entenderam? Ele está dizendo qual é a justificativa para o adiamento. “Não perde eleição nem a pau” quer dizer o seguinte: eles não dão a mínima para a democracia. Reparem na arrogãncia do “coronel”: “não perde nem a pau e tenho dito”.

Por Reinaldo Azevedo

17/11/2011

 às 18:18

ALUNOS DAS LETRAS DÃO A RESPOSTA A EUGÊNIO BUCCI: “NÃO” À GREVE!!!

O PSTU fez de tudo para manobrar, mas perdeu. Alunos das Letras, meu senhor, decidiram o fim da greve. Ou melhor, decidiram o óbvio: NÃO EXISTE GREVE NAS LETRAS. Existia apenas intimidação.

Por Reinaldo Azevedo

17/11/2011

 às 18:11

DCE DA USP CONVOCA “ASSEMBLÉIA” E QUER ADIAR ELEIÇÕES! ISSO É GOLPE!!! MILÍCIAS AMEAÇAM ALUNOS CONTRÁRIOS À GREVE!

Os “psolistas” do DCE da USP marcaram uma assembléia para as 18h na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Deve estar começando agora, sem hora para acabar, como sempre. Vão discutir a greve, o movimento etc. Na pauta, está, ACREDITEM!, o adiamento da eleição para escolher a nova direção da entidade, prevista para os dias 22, 23 e 24.

Que a imprensa rume pra lá para assistir a esse espetáculo grotesco. A simples proposta de prorrogação de mandato deve ser inédita na história da USP.

Alunos contrários à greve estão sendo intimidados por milícias. O estado de direito deixou de vigorar em áreas da USP, mas há, acreditem!, na imprensa quem esteja apoiando essa rotina de intimidação. Abaixo, desmascaro — ou “desencapuzo” — um deles: Eugênio Bucci.

O DCE está com medo da eleição. Seus levantamentos internos indicam que há uma boa chance de a única chapa que não é de esquerda — a “Reação” — vencer. Se existe ou não essa possibilidade, não sei. Mas isso é certamente a idéia mais indecorosa e estapafúrdia de uma direção do DCE desde que a USP existe.

Essa gente, enfim, revela quem é e o que pensa. Tem o golpismo na alma. Mais uma vez, pretende reunir meia-dúzia de gatos pingados, numa universidade com 89 mil alunos, para impor a sua vontade na base do berro, da intimidação e da manobra. Caso perceba que não conta com a maioria para fazer o que lhe der na telha, prolonga o evento até levar os adversários ao cansaço e, entre os seus, “aprovar” o que bem entende.

Que a maioria silenciosa da USP saiba reagir!

Por Reinaldo Azevedo

17/11/2011

 às 17:54

USP - Tira o capuz, Eugênio Bucci! Ou melhor: assuma a carapuça. Ou: O petista que não ousa dizer seu nome

Eugênio Bucci, um petista que não ousa dizer seu nome, professor da USP e notório fazedor de “hedge” com os grandes meios de comunicação, onde vende seu charme de esquerdista moderado e inteligente, publica um artigo no Estadão de hoje em que, exercitando o melhor estilo nem-nem — aquele que iguala culpados e inocentes —, acaba fazendo uma escolha: pelos culpados. Embora negue. Enquanto professores estão sendo constrangidos por brucutus, ele dá “aula pública” para partidários da greve. Na universidade, põe as unhas de fora; na grande imprensa, expõe a pelagem macia. Não é a primeira vez que age assim. Trata-se de um aliado e porta-voz informal de Fernando Haddad em certos setores da imprensa e da “inteligentsia” paulistanas. Haddad é aquele rapaz que afirmou que não se pode tratar a USP como se fosse a Cracolândia e a Cracolândia como se fosse a USP, sugerindo que polícia é coisa pra pobre. Vocês verão que Bucci segue os passos de seu líder.

O artigo de Bucci já é matreiro desde o título: “USP - Entre o capuz e o capacete”. Faz referência aos encapuzados que invadiram a reitoria e ao instrumento de proteção dos policiais. O “inteliquitual” moderno do PT está dizendo que são dois extremos inaceitáveis de uma mesma situação. Mentira! Os capacetes estavam lá por ordem do Poder Judiciário, uma instância da democracia e expressão do estado de direito. Os capuzes estavam lá fraudando o estado de direito e a democracia. Ao equiparar as duas metonímias, Bucci faz de conta que a universidade é uma instância intermediária entre o poder legal e o ilegal, entre o crime e a lei. Basta saber ler. Segue seu artigo em vermelho. Sirvo Bucci em postas em azul.

Há dois anos e meio, em 18 de junho de 2009, escrevi neste mesmo espaço um artigo sobre a Universidade de São Paulo (USP): O atraso no espelho. Poucos dias antes, a Cidade Universitária virara uma praça de guerra, ou quase. Com balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo, policiais haviam dissolvido uma passeata de estudantes e funcionários, que também não eram lá tão pacíficos. Ali ficou patente que a USP mergulhara num déficit de representatividade e de legitimidade, que abria campo para o recrudescimento da violência.
É um resumo ou incompetente ou mentiroso, decida o leitor. A polícia interveio porque os extremistas de esquerda de sempre impediam o exercício de direitos garantidos pela Constituição. E, para variar, tomaram a iniciativa de atacar a polícia. São os fatos.

O déficit de representatividade expressava-se nos movimentos sindicais da universidade. Tanto o Diretório Central dos Estudantes (DCE) quanto o Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), incapazes de mobilizar grandes contingentes entre seus presumíveis filiados, apostavam em ações supostamente radicais. Para propagandear suas reivindicações ocupavam gabinetes oficiais na base de piquetes que se valiam intimidações físicas. De outro lado, o déficit de legitimidade já era notório nos órgãos de poder da universidade, que estavam distantes do conjunto da comunidade, que não os reconhecia como interlocutores.
Bucci reconhece o déficit de representatividade de um lado para poder atacar o suposto déficit de legitimidade de outro. Que déficit? Que instância de interlocução ACADÊMICA não está sendo respeitada na USP? O truque retórico sujo de Bucci consiste em equiparar pessoas que optam por práticas claramente criminosas com outras que agem segundo instâncias reconhecidas pelo estado de direito.

O atraso espelhado - um movimento sindical pouco representativo contra órgãos de poder pouco legítimos - deu no que tinha de dar: um ambiente desprovido de pontes institucionais de diálogo, no qual a força bruta substitui o debate.
Desafia-se aqui este senhor a provar que os órgãos de gestão da USP são “pouco legítimos”. Tenho mais desprezo por esse nhenhenhém bucciano do que pelos extremistas do PCO, da LER-QI ou de outro grupelho de hospício qualquer. Pelos menos aqueles dizem claramente o que querem, o que pretendem. Fazem uma escolha: pelo crime. E ponto! E consideram que isso é ação revolucionária. Bucci precisa, para seduzir incautos, comparar criminosos e inocentes para poder pontificar como representante de uma terceira instância qualquer.

Infelizmente, o quadro não mudou até hoje. A crise de representatividade e de legitimidade continua. O resto é sintoma.
Mentira! A de representatividade continua. A de legitimidade nunca houve. Ao dizer que “o resto é sintoma”, Bucci iguala as culpas. Tanto a Reitoria como os extremistas seriam os culpados pelas invasões, pela desordem e pelo óbvio agravo a direitos constitucionais.

O debate sobre a presença da Polícia Militar (PM) dentro do câmpus era e é sintoma. A celeuma sobre o consumo de drogas pelos estudantes, também. A base profunda do mal-estar reside na inexistência de instâncias acadêmicas e administrativas que deem conta de resolver as interrogações que a vida universitária suscita naturalmente.
Há sempre o momento no artigo em que demagogos são obrigados a recorrer a palavras-caixa ou palavras-gaveta, nas quais tudo cabe: “base profunda do mal-estar”; “interrogações que a vida acadêmica suscita naturalmente”… O que será isso? Cadê o mal-estar? Por que a baderna promovida por 100 delinqüentes, iniciada, sim, porque se tentou impedir o flagrante dado em três maconheiros, seria sintoma de uma crise? Ora, porque os petistas decidiram pegar carona no imbróglio criado por extremistas de esquerda que infernizam a vida da USP há quase três décadas. Chego lá.

O problema da USP não é tanto de autonomia jurídica, mas de autonomia intelectual: ela não dispõe dos meios institucionais para pensar e para resolver os desafios que ela própria produz em sua rotina. Como uma criança, precisa chamar o irmão mais velho na hora do aperto, tanto para fazer piquete como para afastar o piquete.
Mais truque sujo de retórica. Como fica impossível demonstrar que a USP não tem a necessária autonomia — que ele chama de “jurídica” —, então vem com a cascata da “autonomia intelectual”, seja lá o que isso signifique. Mas eu suponho o que seja: a criação de grupos informais, que se fazem ao arrepio da lei e de qualquer idéia de representação, para decidir os destinos da universidade. São os doces tribunais informais do petismo — que já funcionam em muitos casos. Em certas faculdades e departamento, é quase impossível um não-esquerdista se tornar um professor. Ele não passa pelo Santo Ofício da “autonomia intelectual”, que só é “autônoma” se for de esquerda, como Bucci.

No final de 2011, temos um remake piorado do mesmo filme de 2009. No dia 27 de outubro, policiais tentaram deter estudantes que portavam maconha. A reação dos colegas foi imediata e barulhenta. Em questão de 48 horas, o velho roteiro de crise foi posto em marcha, incluindo a previsível e indefectível invasão da Reitoria. Desta vez, porém, com um déficit de representatividade ainda mais grave. A proposta de ocupação tinha sido rejeitada pela assembleia do DCE, mas a minoria que perdeu a votação manobrou o resultado: após o encerramento da assembleia, quando muitos estudantes já tinham ido embora, reinstalou às pressas a mesma assembleia - esvaziada - e, só aí, conseguiu aprovar o que queria. A ocupação ocorreu. Ato reflexo, a opinião pública voltou-se contra o movimento estudantil, que apareceu na foto como birra de gente mimada que quer fumar maconha na santa paz.
O resumo é razoável. Mas notem a tentativa de descaracterizar o que, de fato, aconteceu. Sim, a canalha quer fumar maconha na USP sem ser importunada. Mas Bucci, a gente vê, acha que não. Isso seria só um sintoma de algo maior. Ora, PCO, LER-QI e assemelhados também acham. Tanto é assim que, logo depois da invasão do primeiro prédio, apresentaram a sua pauta: PM fora da Cidade Universitária, revisão de processos administrativos e saída do reitor. Só que eles têm a coragem de confessar sua delinqüência intelectual e política; eles têm a coragem de dizer que o caso da maconha foi um “pretexto”. Bucci tenta transformar a pauta política dos petistas num dado da natureza, caído da árvore da vida.

Na semana passada, quando 400 policiais, dois helicópteros, além de cavalos, desalojaram e indiciaram os 73 jovens que se encontravam acampados no prédio principal da USP, o quadro inverteu-se. A ação da PM efetivamente devolveu a Reitoria ao reitor, mas, inadvertidamente, devolveu o ânimo ao movimento estudantil.
Ah, que cobra criada do petismo esse rapaz! Reparem que ele lista o aparato da PM como quem descreve um aparato de guerra contra 73 pobres criaturas. Fez muito bem a Secretaria de Segurança Pública em cumprir a determinação da Justiça com aquele número de homens. Até porque não se sabiam quantos estavam acoitados na reitoria. Magno Carvalho, diretor do Sintusp, havia falado em “confronto sangrento”. Os soldados puderam garantir a segurança dos delinqüentes. Bucci se esqueceu de dizer que havia coquetéis molotov e gasolina estocados na reitoria. Também se esqueceu de listar que havia bombeiros e paramédicos para atender eventuais feridos — o que não houve, felizmente. Desde a primeira agressão à polícia, só soldados se machucaram.

Não, rapaz! “A reitoria não foi devolvida ao reitor”! Foi devolvida à USP, ao estado de direito, à população de São Paulo.

Ânimo ao movimento estudantil? Qual?

As assembleias lotaram, várias faculdades entraram em greve e, dessa vez, os mesmos estudantes que reprovavam a invasão passaram a condenar com veemência a ação dos policiais.
Mentira! As assembléias não lotaram; não há faculdades em greve (uma ou outra estão sitiadas por delinqüentes), e a maioria dos estudantes continua favorável à presença da PM no campus. É impressionante que este senhor, que pretende fazer um texto neutro, omita os piquetes violentos, a intimidação a professores, o esforço dos alunos para assistir às aulas, os manifestos por escrito para que não haja greve. Está se alinhando com os violentos, mas à sua maneira: suave, com palavras de veludo.

Não porque estes se tenham excedido em maus tratos, o que não ficou provado. A revolta contra a presença dos policiais tem uma razão mais sutil: a comunidade universitária sente-se humilhada quando um excesso estudantil é removido por uma ação policial que lembra essas operações de combate a motim de presídio.
Huuummm… Seguindo o seu chefe político, Bucci está dizendo que a USP não é presídio e que presídio não é a USP. Também ele acha que polícia é coisa pra pobre. Age como criminoso quem veste capuz para tomar um prédio público. “Excesso de estudante”? Por que este professor da USP não se solidariza com seus colegas, que continuam a ser intimidados, como evidenciam relatos enviados por docentes a este blog? Este senhor está declarando um apoio da opinião pública aos delinqüentes que simplesmente inexiste.

Aliás, quando eclode um motim entre presidiários, o pessoal de direitos humanos é chamado para tentar negociar uma solução antes da entrada da tropa. Na Cidade Universitária, nem isso houve.
É mentira! Houve várias reuniões entre os invasores e a Reitoria. E simplesmente os transgressores da lei se negaram a conversar. Foi-lhes oferecida até — a meu ver, de maneira imprópria — a impunidade. Nem assim. Mas notem: quem, nesse trecho, compara universidade a presídio é Bucci.

Que a PM patrulhe o câmpus com o objetivo de proteger a vida dos que ali estudam e trabalham pode até ser, mas chamar o batalhão para resolver manifestações políticas, sem que se esgotassem outras tentativas de mediação, isso é humilhante.
Bucci está seguindo a pauta de seu partido (já falo mais a respeito) e tentando dar gás a um movimento minoritário. QUEM DETERMINOU A REINTEGRAÇÃO DE POSSE, ADEMAIS, FOI A JUSTIÇA.

É verdade que o figurino adotado pelos invasores da Reitoria colaborou para que a crise da USP assumisse um visual de presídio amotinado. Com o rosto coberto, eles se achavam fantasiados de manifestantes antiglobalização da Europa, mas estavam ainda mais parecidos com presidiários do PCC e com traficantes, o que eu mesmo tive chance de dizer aos alunos numa aula aberta que fiz na quinta passada nos jardins da ECA.
Aula aberta de quem apóia o movimento, sim. Aula aberta de quem — e eu tenho tantos “repórteres da USP” — estava lá para ensinar que a melhor tática para quebrar a espinha da universidade e do governo do Estado (que Bucci evita atacar diretamente) é outra. Notem: para ele, foi só uma questão de “figurino”.

O capuz foi um erro estético, resultante do erro ético de afrontar uma decisão de assembleia.
***Acho que é o trecho mais indecente de seu texto. E também é aquele em que ele mais se entrega. O trotskista light está dando dicas aos jovens.  “Erro estético?” Quer dizer que o “erro ético” foi só ter afrontado a decisão da assembléia? Se aqueles 300 da primeira assembléia tivessem aprovado a invasão dos dois prédios, os piquetes e as atitudes violentas, numa universidade com 89 mil alunos, tudo estaria no seu devido lugar? QUER DIZER QUE A MINORIA DA ESQUERDA DA USP É AGORA A DONA DA ÉTICA? A vida na cidade universitária é uma questão privada dessa minoria?

Do mesmo modo, os capacetes e escudos da PM foram um erro de método, este decorrente da ausência de instâncias de interlocução interna. Uma universidade que não dialoga é uma universidade que se bate, mais do que se debate. Em síntese, de 2009 a 2011, a USP não deu um passo para a frente nem um passo para trás: deu apenas um passo para baixo, afundou-se no buraco em que se encontra encravada. Para onde ir agora?
Mero exercício de retórica circense. Por que este senhor não vai perguntar o que pensa a respeito a maioria dos estudantes da USP? Neste momento, enquanto escrevo, a direção do DCE da USP trama o adiamento da eleição, prevista para os dias 22, 23 e 24.

Do ponto de vista das entidades de professores, alunos e funcionários, a palavra de ordem é a renovação completa das chapas, das bandeiras e dos métodos. As maiorias precisam entrar em cena, precisam falar. Só assim poderão desautorizar as minorias que acreditam mandar no grito. Quanto às instâncias oficiais da USP, precisam da mesma renovação, o que pode incluir até mesmo consultas à comunidade para a escolha de diretores e reitores. Aí, o diálogo poderá encontrar lugar institucional na vida acadêmica - e só o diálogo institucional pode esvaziar a violência e libertar a universidade.
Ah, finalmente ele chegou ao ponto: a eleição direta para reitor, vazada numa linguagem arrevesada. Essa é a pauta dos petistas em seus fóruns. Dizem, explicitamente, que há de se aproveitar esse momento para emplacar essa tese. Mais: o partido, a exemplo do que faz Bucci, condena os “excessos”, mas apóia a essência do movimento. E está pronto para se engajar numa grande greve no ano que vem. Os motivos da paralisação ainda precisam ser definidos, mas isso é o de menos.

Já antevejo: “Ai, como esse Reinaldo é agressivo! Bucci é tão manso!”  É? A agressão de seu texto está sobretudo naquilo que omite. Neste momento, colegas seus estão sendo intimidados por uma tropa de choque de delinqüentes. E ele não diz uma miserável palavra a respeito. Ao contrário: foi fazer proselitismo em sua “aula pública”. Mais: claramente usa em benefício de uma pauta partidária a ação estúpida dos extremistas que diz repudiar. Não sou agressivo, não! Eu sou é claro! Sim, eu visto o capacete da democracia e do estado de direito. Por isso convido Eugênio Bucci a vestir a carapuça da ilegalidade.

Por Reinaldo Azevedo


17/11/2011

 às 15:12

Mais um professor da USP declara a sua independência e a sua liberdade

Recebo este outro comentário, de um professor do Departamento de Física da USP. Volto em seguida:

Meu nome é Paulo A. Nussenzveig, sou professor do Instituto de Física da USP e tenho me manifestado, assim como diversos de meus colegas, seguidamente, contra os sindicalistas truculentos. Orgulho-me de jamais ter sido filiado ao sindicato chamado ADUSP (Associação DOS docentes da USP, um nome de fantasia para esse sindicato de professores) e aprecio o fato de não ser obrigado a fazê-lo, como ocorre com outros assalariados. Atenção: a ADUSP NÃO FALA EM MEU NOME! Que isso fique registrado em mais esse fórum.

Comento
A minoria está se tornando cada vez mais truculenta à medida que percebe que as maiorias querem se libertar de sua tirania. É parte do processo. Mas me parece que o processo de libertação está em curso.

Que a maioria silenciosa dos 5.200 professores tenha a coragem que muitos alunos estão manifestando! Parabéns, professor Nussenzveig!

Por Reinaldo Azevedo

17/11/2011

 às 15:05

Uma professora na USP que honra a autonomia da universidade

Publiquei o testemunho impressionante de uma professora do Departamento de Lingüística que foi verbal e moralmente agredida por uma militante, segundo quem as assembléias ensinam muito mais do que as aulas. A bruta tentou impedir uma profissional de exercer o seu ofício.

A professora autorizou a divulgação de seu nome: trata-se de Elaine Grolla. Eis uma mulher corajosa, que não tem medo da própria autonomia. No e-mail que ela me envia, escreve: “É um absurdo eu ter receio de ter meu nome divulgado, imagine só, porque dei aula ontem!”

Seria mesmo um absurdo, professora, mas a senhora sabe o temor de muitos de seus colegas. Não querem parecer “reacionários” diante de uma espécie de tribunal inquisitorial ou de pelotão de fuzilamento moral. Pedi a sua autorização porque sei o clima de patrulha reinante em certos nichos da FFLCH.

Elaine Grolla, ela sim, honra a autonomia universitária e o papel de um professor. Se a universidade é o lugar do pensamento destemido, por que os que divergem de uma minoria de extremistas têm de ser silenciados e submetidos a constrangimentos?

Eis aí! Na FFLCH, há gente como a professora do post abaixo, que “entrega” alunos que querem aula às milícias. E há certamente gente como Elaine Grolla, que honra a liberdade, a Constituição e o sacrifício de milhões de paulistas, que têm orgulho da USP.

Por Reinaldo Azevedo

17/11/2011

 às 12:18

Professora dedo-duro

Reinaldo, bom dia! Escuta essa. A minha filha (que estuda na USP), mais vários alunos, enviaram uma carta para os professores pedindo que eles não parassem de dar aula, e assinaram a carta. Essa carta foi enviada para você por um(a) professor(a). Minha filha contou que os “cumpanheiros” ficaram furiosos e pediram que os professores entregassem o nome de todos os alunos que haviam assinado a carta. Os alunos ficaram preocupados, pois sabem como eles são agressivos. Bom, acredite se quiser, um dos professores entregou o nome para os cumpanheiros. Falei para a minha filha que isso era tática dos comunas, que conseguem subverter a ordem das coisas. Falei que eles jamais deveriam enviar uma carta, ou fazer qualquer divulgação preocupados com seus nomes, muito pelo contrário, deveriam divulgá-los com orgulho e sem medo, afinal, falei, vivemos em uma democracia e não podemos permitir que eles nos façam pensar ao contrário.

Por Reinaldo Azevedo

Atenção, Maioria Silenciosa da USP, esquerdistas voltam a falar em dar um golpe no DCE e prorrogar mandatos, suspendendo a eleição. Reaja! É na semana que vem!

A maioria silenciosa da USP, que tem 89 mil alunos, pode dar uma resposta à minoria de extremistas que inferniza a vida da universidade. Em associação com seus congêneres entre professores e funcionários, essa gente jamais consegue parar a USP, como seria o seu desejo, mas podem impedir o funcionamento de serviços fundamentais para os estudantes, além das aulas propriamente: transporte, refeitório, limpeza, laboratórios etc. Por isso é preciso dar uma resposta a esses “revolucionários” do século 19. Esses dinossauros não podem mais “tiranossaurizar” a maior universidade do Brasil com seus delírios, com sua violência, com sua ignorância, com sua estupidez.

A eleição do DCE está aí: ocorre entre os dias 22 e 24, na semana que vem. Há uma chapa, uma só, de não-esquerdistas: a “Reação”. Chega de votar no escuro. Se você clicar aqui, vai encontrar a carta-programa do grupo. Atenção, uspianos:
- eles não são socialistas;
- eles não são de esquerda:
- eles não estão na USP para fazer a revolução;
- eles são apenas estudantes;
- eles são estudantes que estudam;
- eles entendem que DCE e Reitoria têm de atuar juntos para facilitar a vida dos estudantes e para dar suporte ao ensino e à pesquisa.
QUE GENTE ESTRANHA, NÃO?

Pois é. A idéia pegou. As esquerdas estão em pânico. Vejam o que a chapa “Reação”postou em sua página e no Facebook:
“Diretores do DCE confessaram para membros da Reação que pretendem, na assembléia de amanhã [hoje] propor o adiamento (leia-se: GOLPE) das eleições. Após perceberem que o áudio estava sendo gravado, ameaçaram 2 de nossos membros de processo.
Isso ocorre justamente quando mapeamentos feitos pelo PSOL e PSTU apontam vitória esmagadora da REAÇÃO.
A chapa Reação condena claramente esta manobra absurda e já está em contato com seus advogados para impetrar um mandado de segurança contra essa medida lamentável, desejada pela gestão do DCE.”

Denunciei a manobra
Tenho meus “repórteres” no campus — e não é a turma da Reação, que nem conheço. Denunciei essa proposta autoritária na quarta-feira da semana passada. Ela começou a circular entre extremistas de esquerda de alguns centros acadêmicos. Previ que acabaria chegando ao DCE. Parece que chegou. O pretexto para o adiamento não poderia ser mais ridículo: a USP estaria em greve.

Ocorre que ela não está! A proposta deve ser algo inusitado desde 1934, quando a USP foi fundada. Eu não sei se a Reação vai ganhar ou não. Pelo que leio na página da moçada, parece que a campanha vai bem. Não importa! A eleição tem de acontecer na data prevista. E ponto final. A USP não pertence a seus professores. A USP não pertence a seus alunos. A USP não pertence a seus funcionários. A USP é um patrimônio do povo paulissta e dos brasileiros.

Seria muito bom, sim, a meu juízo que a reação vencesse, embora vá ter de enfrentar o pão que o diabo amassou. Gosto muito de uma das propostas da turma: recorrer à tecnologia para que, na USP, finalmente, CADA ESTUDANTE VALHA UM VOTO!

E atenção! É preciso mobilizar um batalhão de fiscais. É sempre complicado disputar eleição com quem, estando no poder, não admite perder. Não faltarão sabotadores dispostos a criar caso para impugnar urnas de faculdades escolhidas a dedo, aquelas em que a extrema esquerda sabe que a repulsa a seus métodos passa da casa dos 70%.

Diga “não” ao golpe! Por eleições limpas!

A ironia final é que os valentes que falam em prorrogar mandatos e suspender o pleito dizem querer eleições diretas para… reitor!!!

Que a democracia chegue à USP!

CADA ESTUDANTE HÁ DE VALER UM VOTO!

Por Reinaldo Azevedo

17/11/2011

 às 6:17

Extremista da USP tenta, aos berros, impedir professora de trabalhar e diz que o verdadeiro saber está na assembléia, não na sala de aula

Já disse que fiz coisas no movimento estudantil de que não me orgulho tanto assim, embora os tempos fossem outros — quase sempre para o mal, por causa da ditadura; em alguns aspectos, no entanto, para o bem: éramos educados e, entre outras coisas, respeitávamos os professores.

Recebo de uma professora do Departamento de Lingüística (ainda estou na pré-reforma, mestra, em sinal de protesto!) o comentário que segue. Se ela autorizar depois, publico o seu nome. Leiam. Volto em seguida.

Reinaldo,

Tive hoje uma experiência extremamente triste. Sou professora no Departamento de Linguística da USP desde 2007 e passei pelas greves de costume, tanto de professores quanto de alunos (!), mas, hoje, a situação passou dos limites. Nunca aderi às greves, pois prezo meus alunos de graduação e não acho justo prejudicar sua formação por motivos banais. Portanto, sempre furo as greves e nunca fui desrespeitada por causa disso. No entanto, isso mudou hoje.

Quando eu me aproximava da sala para a aula das 19h30, uma mulher (não sei se aluna ou não) tirava carteiras da sala, dizendo aos alunos que não haveria aula. Interrompi, dizendo que haveria aula, sim. Foi quando vi a fúria em seu olhar. Ela, aos gritos, dizia que sou desinformada, que não sabia da deliberação da assembleia, que tinha decidido pela greve com piquete. Eu tentei dizer que era um absurdo ela concluir que, se eu não aderi, é porque sou desinformada. Existe a opção de eu não ter aderido porque penso diferente.

Ela se exaltou e me disse diversos desaforos. O mais absurdo: [segundo ela] o que eu iria ensinar hoje à noite era inútil. O verdadeiro aprendizado estava lá fora, na assembleia. Fiquei horrorizada com tamanho desrespeito pelo professor e pelo ensino. Perdi as estribeiras e a enxotei da sala, sob aplausos dos alunos querendo aula (apenas uns 10 conseguiram entrar no prédio…)

Agora veja você: ela negou, sem perceber, a própria universidade. O saber, o conhecimento científico que eu iria passar aos meus alunos, é, pra esse povo, inútil! O que essas pessoas fazem na universidade então?

Voltei
Eis aí. Se o “verdadeiro aprendizado está na assembléia”, então a universidade perde a razão de ser e vira mero pretexto para a “luta revolucionária”. Santo Deus! Ter de escrever isso em 2011!!! A truculência é espantosa! Até porque os professores não estão em greve, nem mesmo aquela paralisação que costuma ser decretada pela meia-dúzia de militantes da Adusp.

Diante de um depoimento como esse, fico pensando em professores da universidade como Eugênio Bucci — que resolveu dar uma aula pública, num sinal de apoio aos militantes — ou neste lamentável Vladimir Safatle, que endossa, com seus argumentos furados, a truculência.

É preciso que também a maioria silenciosa dos 5.200 professores da USP comece a se manifestar. Será que o Brasil lutou para se livrar de duas ditaduras instituídas num intervalo de 27 anos, que duraram, juntas, quase 30 anos, para que grupelhos de extremistas pudessem violar dispositivos fundamentais da Constituição democrática?

Aquela mulher que teve um ataque de fúria contra uma professora agrediu todos os docentes da USP e a razão de ser da universidade.

Por Reinaldo Azevedo

17/11/2011

 às 6:15

ATENÇÃO! PROJETO DE PETISTA CRIA O ESTUDANTE PROFISSIONAL, O MILITANTE QUE FICA INFERNIZANDO A VIDA DE QUEM QUER APRENDER

Mal posso acreditar no que leio. Projeto de um deputado do PT da Bahia dá, acreditem!, “estabilidade de vínculo acadêmico” a dirigentes estudantis. Isto mesmo: essa gente que fica infernizando a vida da universidade passaria a ter direitos especiais. Leiam o que informa a Agência Câmara. Volto em seguida.

*
A Câmara analisa o projeto 1814/11, do deputado Valmir Assunção (PT-BA), que proíbe faculdades e universidades de desligarem de seus cursos alunos que atuem como líderes estudantis. A medida beneficia as seguintes entidades: União Nacional dos Estudantes (UNE), uniões estaduais de estudantes, diretórios centrais de estudantes, centros e diretórios acadêmicos. O texto obriga as instituições de ensino a oferecer condições para que os dirigentes dessas entidades conciliem suas obrigações acadêmicas com as atividades das agremiações.

Provas e faltas 
Assim, ficará garantida, por exemplo, a possibilidade de provas e avaliações em dias alternativos, quando coincidirem com as datas de assembleias, congressos ou reuniões. O projeto também proíbe a atribuição de faltas em outras atividades escolares nesses casos. A aplicação de outras penalidades que provoquem o desligamento desses alunos da instituição também será proibida se for motivada por atos praticados no exercício regular do mandato.

O objetivo, segundo o autor do projeto, é oferecer garantias legais para que esses estudantes não sejam prejudicados quando assumem cargos de direção em entidades estudantis. O parlamentar lembra a importância do movimento estudantil ao longo da história do País e acredita que a medida vai contribuir para consolidar o papel político das entidades representativas de estudantes.

Tramitação 
O projeto, que tramita em caráter conclusivo, será analisado pelas comissões de Educação e Cultura; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Voltei
Valmir Assunção é só um braço do MST na Câmara. Já escrevi sobre esse parlamentar aqui. É aquele que uma vez me esculhambou num discurso e depois me mandou um carta toda cheia de salamaleques tentando “abrir um debate”. Respondi como costumo responder nesses casos. Ele estava bravo porque critiquei aquela farta distribuição de carne para invasores de um prédio na Bahia, lembram-se?

Sigamos. Nenhuma universidade pune dirigentes estudantis. Isso é mentira! O que Santana está querendo é lhes conceder privilégios. Muitos deles, hoje em dia, usam a universidade apenas como aparelho de seus respectivos partidos. Ficam lá anos a fio, sem jamais se formar. Basta lembrar que boa parte dos ex-dirigentes da UNE que Orlando Silva pendurou no ministério do Esporte não concluiu seus respectivos cursos. Santana está querendo dar estabilidade para estudantes aquele invasor da USP que ficou sete anos na universidade, foi jubilado, fez vestibular de novo e voltou para continuar a liderar invasões.

O projeto tramita em “caráter conclusivo”. Isso quer dizer que não precisa ser votado pelo Plenário (apenas pelas comissões designadas para analisá-lo), a menos que seja rejeitado por uma das comissões ou que haja recurso contra esse rito assinado por 51 deputados.

Espero que a oposição esteja atenta para, ao menos, levar a questão para plenário. E que os deputados, mesmo os da base, não se intimidem com a suposta “pressão da UNE”. Essa gente não mobiliza rigorosamente ninguém, além de não representar os estudantes brasileiros… que estudam!

Por Reinaldo Azevedo

Dono de avião em que Lupi viajou confirma que empresário pagou por aeronave

Por Leandro Colon, no Estadão:
Um dos sócios da Aerotec Táxi Aéreo, Almir José dos Santos, confirmou ontem ao Estado que o presidente da entidade Pró-Cerrado, Adair Meira, providenciou o avião King Air de sua empresa usado pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi, em viagens oficiais a cidades do Maranhão em dezembro de 2009.

“O Adair foi o meu cliente”, disse à reportagem na sede da empresa em Goiânia. Almir dos Santos, porém, recusou-se a informar se foi Meira quem pagou pelo aluguel do avião. O diretor da Aerotec impediu que a reportagem gravasse a conversa. Disse apenas que Adair foi seu cliente e não conhece ninguém do Ministério do Trabalho. Questionado se o dono da Pró-Cerrado foi o responsável pelas despesas, Almir dos Santos firmou que só se manifestaria oficialmente por escrito.

A reportagem então lhe enviou as perguntas, que não foram respondidas até o fechamento desta edição. A confirmação por parte do sócio da Aerotec de que Meira intermediou o aluguel do avião é mais um elemento que contradiz a defesa de Lupi.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

17/11/2011

 às 6:07

Mesmo após alerta, ONG ligada ao PDT teve contrato prorrogado

Na Folha:
O Ministério do Trabalho mandou prorrogar e ampliar o convênio com uma ONG ligada ao PDT que havia sido reprovado por auditoria da CGU (Controladoria-Geral da União) e que hoje é objeto de inquérito da Polícia Federal. Em 2008, dez dias depois de o relatório da CGU que apontou os indícios de desvios ficar pronto, a pasta de Carlos Lupi enviou a Santa Catarina uma equipe para checar a execução do contrato com a ONG Adrvale, que é presidida por um pedetista. Foi com base nesse parecer positivo da pasta que a ONG pôde receber os R$ 6,9 milhões conveniados. Até aquele momento, só havia sido repassado R$ 1,1 milhão (em valores atualizados). Os auditores da CGU estiveram na ONG em maio de 2008. Finalizaram o relatório em 15 de agosto daquele ano.

Apontaram que a Adrvale foi “indicada indevidamente” para receber verbas, pois não tinha experiência ou capacidade para atuar na área de capacitação de jovens. A Adrvale, segundo a CGU, inseriu “qualificação profissional” no seu estatuto apenas quatro meses antes de assinar o primeiro convênio. No dia 25 do mesmo mês, técnicos do Ministério do Trabalho foram até a ONG e afirmaram, em outro relatório, que não havia problemas.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

17/11/2011

 às 6:05

PF vê elevado risco de terrorismo na Copa

Por Flávio Ferreira e Silvio Navarro, na Folha:
A Polícia Federal trabalha com o cenário de “risco elevado” para atos de terrorismo na abertura da Copa de 2014, quando os olhos do mundo estarão voltados para a capital paulista. Essa é a avaliação do superintendente da PF em São Paulo desde maio, o delegado Roberto Troncon Filho, 49, especializado no combate ao crime organizado desde 2004. Em entrevista à Folha, o chefe do órgão em São Paulo também critica alterações no projeto de lei sobre lavagem de dinheiro e defende o uso de algemas em operações. Leia trechos da entrevista.

Folha - O que o sr. achou do projeto de lei aprovado na Câmara que altera a legislação sobre lavagem de dinheiro?
Roberto Troncon
 - A principal mudança positiva é considerar lavagem de dinheiro a ocultação de bens obtidos por meio de qualquer crime.
A atual legislação se limita a uma lista: tráfico de drogas e crimes contra a administração pública e o sistema financeiro, entre outros. O segundo avanço é a ampliação da lista de pessoas obrigadas a prestar informações ao Coaf [órgão do governo que fiscaliza operações financeiras].

Há pontos negativos?
Houve um pequeno retrocesso na Câmara. O projeto previa a requisição pela polícia e pelo Ministério Público de dados cadastrais de bancos, companhias telefônicas, etc. O outro ponto retirado foi o do uso de bens apreendidos pelos órgãos de repressão à lavagem de dinheiro.

Como a PF está se preparando para a Copa de 2014?
Nossa atuação está relacionada ao controle migratório e para isso temos um plano de aperfeiçoamento. Mais de 70% de todo o tráfego de passageiros no Brasil ocorre em São Paulo. Além disso, temos a segurança de autoridades estrangeiras. Há uma grande preocupação com atentados terroristas. Estamos com uma atividade preventiva muito forte, interação permanente com organismos policiais.

A abertura da Copa será em SP. Qual é o nível de risco em relação a ataques?
No Brasil o nível é muito baixo. Mas um evento como a Copa pode ser, sim, palco de uma agressão, não contra o povo brasileiro, mas contra uma delegação estrangeira. Nesses períodos, a visão da PF é de um risco incomum e queremos nos preparar para um cenário em que o risco seria bastante elevado.

Por Reinaldo Azevedo

16/11/2011

 às 22:39

Bashar Al Assad está por um fio na Síria; Liga Árabe lhe dá prazo de três dias para pôr fim à violência

O presidente da Síria, Bashar Al Assad, está por um fio. Enfrenta milícias fortemente armadas, é fato, mas as coisas entraram naquela dinâmica em que a sua reação é chamada sempre de massacre — e, às vezes, é mesmo —, e os ataques de seus adversários, de luta contra a opressão. Na prática, já foi abandonado pelo mundo muçulmano. Resta-lhe o apoio do Irã — numa rota de confronto com o Ocidente que só se agrava — e do Hezbollah, que domina o Sul do Líbano. Leiam o que informa a VEJA Online.

*
A Liga Árabe deu um prazo de três dias à Síria para pôr fim à repressão na revolta contra o regime, sob a ameaça de sofrer “sanções econômicas”, declarou nesta quarta-feira, em Rabat, o primeiro-ministro e chanceler do Catar, Hamad ben Jasem. Segundo ele, a Liga ainda determinou o envio de uma missão de observadores ao país para acompanhar a reação do regime de Bashar Assad.

“A Liga Árabe dá três dias ao governo sírio para deter a sangrenta repressão contra a população civil, mas se Damasco não aceitar cooperar com a Liga, serão adotadas sanções econômicas contra a Síria”, declarou Ben Jasem em entrevista coletiva, depois do encontro da organização na capital do Marrocos. O diplomata afirmou que a paciência dos países árabes se esgotou. “Não quero falar de última oportunidade para o regime sírio para que não pensem que se trata de um ultimato, mas estamos quase no fim do caminho”.

“Os observadores vão se encarregar de investigar a aplicação dos dispositivos do plano da Liga Árabe para solucionar a crise e proteger os civis”, disse o chanceler do Catar, que também é o presidente da comissão ministerial encarregada de buscar uma solução para o conflito na Síria.

Antes da reunião, Turquia e a Liga Árabe defenderam “medidas urgentes para proteger os civis” da repressão do regime sírio, mas afirmaram sua “oposição a qualquer intervenção estrangeira na Síria”. Os ministros já haviam concordado em retirar os embaixadores de Damasco, impor sanções políticas e econômicas e em conversar com grupos de oposição sobre a visão deles para uma Síria pós-Assad, durante uma reunião no Cairo. Além disso, a Liga Árabe ameaçou suspender a Síria de sua participação na entidade, o que ainda não foi concretizado.

Proposta
O plano de paz proposto pela Liga Árabe pede a proteção de civis, a retirada de tropas de cidades e aldeias onde os enfrentamentos têm ocorrido, a libertação dos que foram presos durante os protestos e o começo de negociações com a oposição.

No território sírio, militares desertores atacaram uma base da inteligência da Força Aérea nesta quarta-feira, em uma das mais ousadas ações em oito meses de conflito. Pelo menos 16 pessoas foram mortas pelas forças do governo nesta quarta-feira. Ao todo, o número de vítimas da repressão já subiu para 3.500, de acordo com a ONU.

Por Reinaldo Azevedo

16/11/2011

 às 22:29

Risco de contágio coloca em xeque atuação do BCE

Por Ana Clara Costa e Beatriz Ferrari, na VEJA Online. Volto depois:

A crise da dívida europeia já começa a respingar em campos antes considerados imunes. A taxa de retorno sobre os títulos da dívida de países como Áustria, Holanda, Finlândia e até mesmo a França disparou nos últimos dias. O prêmio de risco dos títulos franceses com vencimento em 10 anos passou de 2,5% em setembro para 3,68% nesta quarta-feira. Os números não são alarmantes, se comparados aos da Itália - cujo prêmio pago aos compradores dos títulos de 10 anos ultrapassa 7%. Contudo, a situação revela que o mercado não está disposto a confiar nem mesmo naqueles que são considerados “confiáveis”.

A pressão sobre os títulos significa que os investidores estão desconfiados e exigem um prêmio muito maior para comprar os papéis dos países europeus. Dependendo do aumento das taxas de retorno, algumas economias poderão ter dificuldades em captar e rolar suas dívidas no futuro, o que complica ainda mais o quadro de endividamento. Com esse movimento de desconfiança em cadeia, o mercado quer passar uma mensagem clara de que as taxas só deixarão de subir quando o Banco Central Europeu (BCE) resolver intervir e garantir as emissões feitas pelos países da zona do euro que estão em dificuldades. “O mercado está exigindo uma atuação mais eficaz do BCE. Ele precisa acreditar que o BCE vai impedir a piora da crise”, afirma Bob Baur, economista-chefe da Principal Global Investors, gestora de recursos sediada em Nova York.

No entanto, o BCE não prometeu, até o momento, que tomará qualquer atitude de proteção aos títulos europeus. O que a autoridade monetária fez foi comprar, na última semana, cerca de 5 bilhões de euros em emissões italianas - um volume pequeno se comparado à dívida total do país, que é de 120% do Produto Interno Bruto (PIB). “O único jeito de sair desse círculo vicioso é o BCE fazer o que o banco central americano fez nos Estados Unidos: virar credor de última instância”, afirma o economista Robert Wood, da Economist Intelligence Unit (EIU). Ser credor, nesse caso, significa comprar uma ampla parcela (ou a totalidade) dos títulos da dívida dos países em crise.

Se, por um lado, o mercado pressiona o banco para que ele se torne credor quase que universal da dívida europeia, por outro, o BCE pressiona os países endividados a aplicar reformas internas para conseguir honrar o compromisso de suas dívidas. “O BCE mostra que não vai intervir comprando títulos enquanto os países não começarem as reformas. É a forma que o banco encontrou de pressionar as economias periféricas”, afirma Baur, da Pincipal Global Investors. E, neste ponto, está o grande impasse. O mercado não acredita que os países consigam aplicar as reformas se não tiverem sua captação externa garantida pelo BCE. “O BCE hoje compra títulos de maneira muito limitada, e não a um nível que daria folga para esses países introduzirem reformas eficazes”, afirma Wood, da EIU.

Uma das principais discussões na Europa é justamente se o BCE deve ampliar seu leque de atuação para além do mero controle da inflação. Alemanha e França são contra. A versão oficial é que a autoridade já está quase ultrapassando seu limite de compra de títulos estabelecido pelas leis que regem a União Europeia. “Da forma como enxergamos os acordos na União Europeia, o BCE não pode resolver os atuais problemas”, afirmou a chanceler alemã Angela Merkel. O mercado terá uma noção maior da disposição do BCE em comprar títulos a partir desta quinta-feira, quando França e Espanha realizarem as emissões previstas, de 8,2 bilhões de euros e 4 bilhões de euros, respectativamente.

Os Estados Unidos e a Inglaterra tomaram para si os anseios do mercado e vêm falando abertamente sobre a necessidade de uma atuação mais próxima da autoridade monetária europeia. Segundo o secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, a Europa não está fazendo o suficiente para superar a crise. “Há muitas formas de o BCE atuar de maneira mais eficaz, apoiando mais a economia europeia”, afirmou Geithner ao Wall Street Journal. Segundo ele, é preciso que haja uma atuação em conjunto da autoridade monetária e dos governos dos países. Já na Inglaterra, a descrença em relação ao BCE é tão grande que o Tesouro inglês já está até mesmo traçando um plano de contingência para caso o euro não suporte a pressão da crise e comece a ruir.

Comento
Meu comentário, na verdade, é uma sugestão de leitura. Poucos políticos brasileiros têm formação intelectual e condições de debater com competência a situação européia - e, convenham, também a brasileira… Já sei que lá vem patrulha (e todos sabem a importância que dou pra isso, não?), mas sugiro: leiam o que José Serra andou escrevendo em seu blog e em artigos de jornal a respeito da crise. Hoje, em seu blog, há um Decálogo da crise européia. No dia 27 de outubro, Decifra-me ou te devoro, publicado originalmente no Estadão. No dia 11 de agosto, já tinha abordado os efeitos das turbulências na Zona do Euro na economia brasileira em O Brasil e a crise: estresse, não catástrofe. Serra tem uma outra particularidade na comparação com a esmagadora maioria dos políticos: ele realmente escreve os textos que assina.

Por Reinaldo Azevedo

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Fonte: Blog Reinaldo Azevedo

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