Brasil investiga JBS e outros frigoríficos por compra de gado de terras desmatadas

Publicado em 29/08/2025 17:02 e atualizado em 29/08/2025 17:55

Por Lisandra Paraguassu e Ana Mano

SÃO PAULO (Reuters) - O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) notificou 12 frigoríficos, incluindo dois operados pela JBS, por seu suposto envolvimento em um esquema de compra de gado de terras desmatadas ilegalmente na floresta amazônica, de acordo com um documento visto pela Reuters nesta sexta-feira.

O Ibama disse em um comunicado na quinta-feira, sem nomear nenhuma das partes, que 12 frigoríficos "estão sob investigação por aquisição de gado suspeito, triangulado com fazendas 'limpas' para disfarçar a origem ilegal".

O Ibama acrescentou que já havia multado seis frigoríficos não identificados em R$4 milhões pela "compra direta de 8.172 cabeças de gado de áreas embargadas".

A JBS afirmou que não teve acesso ao relatório de fiscalização do Ibama, o que seria "necessário para apurar os fatos mencionados na autuação", segundo empresa.

As empresas privadas Frigol e Mercurio também estão entre os 12 produtores de carne bovina implicados, segundo o documento.

A Frigol disse em um comunicado que o Ibama cometeu um erro, acrescentando que não comprou gado da fazenda que o órgão disse ter sido ilegalmente desmatada.

O presidente do conselho da Mercurio, Lincoln Bueno, disse à Reuters que uma empresa terceirizada monitora a origem dos animais que a companhia abate, acrescentando que são bloqueadas compras de propriedades com irregularidades ambientais e trabalhistas.

Como parte da investigação do Ibama, o órgão disse que apreendeu mais de 7.000 cabeças de gado que estavam em 2.100 hectares de fazendas cujo uso comercial havia sido bloqueado após o desmatamento ilegal.

"Produzir, vender ou comprar gado dessas áreas embargadas é crime ambiental e os responsáveis são autuados", diz o comunicado do Ibama.

Além de apreender o gado, o Ibama disse que multou os infratores em um total de R$49 milhões, sem especificar se eram empresas ou pessoas.

(Reportagem de Lisandra Paraguassu em Brasília e Ana Mano em São Paulo)

Fonte: Reuters

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