Mercado de reposição mantém firmeza apesar do clima adverso e dos ajustes nas cotações
O mercado de reposição bovina segue apresentando sinais de firmeza, mesmo diante de ajustes pontuais nas cotações e de um cenário climático ainda adverso em várias regiões do país. O bezerro registra alta moderada e é cotado, em média, a R$ 2.924,92 por cabeça, avanço de 0,25% na semana.
Apesar do movimento tímido, o preço está 36% acima da média de 2024, evidenciando o momento de escassez de oferta e de valorização genética. Segundo informações da Agro Aliá, a reposição segue firme, mas com margens pressionadas pela estreita diferença entre o valor do bezerro e o do boi gordo, o que exige cautela nas decisões de compra e venda.
De acordo com a Scot Consultoria, o mercado enfrentou resistência para manter os preços da semana anterior no Tocantins. “A ausência de chuvas e o déficit de umidade no solo limitaram o desenvolvimento das pastagens, levando recriadores e confinadores a adiarem novas aquisições”, informou a Scot Consultoria.
Como reflexo, sete das oito categorias de bovinos anelorados monitoradas pela Scot Consultoria tiveram queda nas cotações. As reduções mais expressivas foram observadas no boi magro, com recuo de 4%, seguido pelo garrote, que caiu 3,9%. O bezerro de ano e o bezerro de desmama apresentaram baixas de 0,9% e 0,3%, respectivamente. Entre as fêmeas, apenas a vaca boiadeira teve alta, de 4,3%, enquanto bezerra de ano, bezerra de desmama e novilha recuaram 5,6%, 5,5% e 4,8%.
Mesmo com as quedas semanais, as médias de outubro ainda superam as de setembro para a maioria das categorias, o que mostra um mercado de reposição sustentado pela menor oferta de animais magros e pela demanda consistente. Por outro lado, o preço médio do boi gordo caiu 1,1% no período, o que piorou a relação de troca para recriadores e invernistas.
Na comparação mensal, o poder de compra do pecuarista ficou 4,6% mais desfavorável para o bezerro de desmama, 4,3% para o bezerro de ano, 3,8% para o boi magro e 2,5% para o garrote. Hoje, com a venda de um boi gordo de 19 arrobas, é possível adquirir 1,28 boi magro, 1,56 garrote, 1,77 bezerro de ano ou 2,09 bezerros de desmama.
Outro dado que chama atenção é o ágio entre a arroba do bezerro de desmama e a do boi gordo, que chegou a 39,6% na parcial de outubro, sendo o maior desde novembro de 2022 e o mais elevado entre as praças da região Norte. Para a próxima semana, mesmo que ocorram novos ajustes, não se espera queda intensa, já que a oferta de animais magros segue restrita e a procura firme.
Em São Paulo, o mercado também apresentou resistência. Os vendedores mantiveram pedidos firmes, enquanto os compradores mostraram cautela. Na comparação semanal, o bezerro de ano, o garrote e o boi magro tiveram quedas de 0,6%, 0,3% e 0,9%, respectivamente. “A redução reflete o alto custo da reposição em relação ao boi gordo, o que comprime margens e adia negociações. As condições das pastagens ainda são limitadas, e muitos recriadores preferem esperar melhora no clima antes de retomar as compras”, reportou a Scot Consultoria.
Apesar desse cenário, o bezerro de desmama subiu 1,2% na semana, impulsionado por uma procura maior e pela escassez de lotes de qualidade. Já o boi magro continua sendo o segmento mais disputado do mercado, com oferta escassa e demanda aquecida. Machos de cruzamento industrial também têm sido muito valorizados, refletindo o interesse crescente por animais de melhor desempenho.
O ágio entre o bezerro de desmama e o boi gordo chegou a 32,5% em outubro, contra 30% em setembro, mostrando que o custo da reposição segue elevado e pode influenciar a liquidez das negociações nas próximas semanas.
Entre as fêmeas aneloradas em São Paulo, todas as categorias apresentaram alta. A bezerra de desmama subiu 4%, a bezerra de ano 2,1%, a vaca boiadeira 1,1% e a novilha 0,9%. A procura por vacas boiadeiras cresceu devido à escassez de bois magros para terminação em confinamento, embora as pedidas mais altas, entre R$ 100,00 e R$ 500,00 acima das referências, ainda encontram resistência entre os compradores.
Em Mato Grosso do Sul, a relação de troca ficou favorável apenas para o garrote, com melhora de 1,3% no poder de compra. Para as demais categorias, o cenário foi de perda de capacidade aquisitiva, com quedas de até 3,7% na comparação mensal. A cotação do bezerro de desmama subiu 3,2% e a do boi magro 2,9%, enquanto o boi gordo recuou 0,8%.
O Indicador do Bezerro CEPEA/ESALQ fechou a R$ 2.917,64, estável na parcial de outubro, confirmando a firmeza do mercado mesmo com os animais mais leves devido à seca.
Uma análise histórica do Cepea mostra que, desde o ano 2000, o ágio médio do bezerro sobre o boi gordo é de 22,3%. Atualmente, o indicador está em 36,3%, reforçando a percepção de que o ciclo pecuário pode estar em uma fase de transição.
“O aumento do ágio e a valorização dos bezerros indicam uma oferta restrita e uma demanda seletiva, especialmente por genética superior. Ainda que o custo de reposição siga elevado e limite margens, o cenário de longo prazo aponta para um mercado firme, sustentado por fundamentos de oferta escassa e valorização da cria”, reportou o Cepea.