Consumo de carne bovina inicia outubro em recuperação, com alta nas carcaças, avanço da arroba e maior competitividade frente ao frango

Publicado em 15/10/2025 09:58
Movimento mais firme no varejo e melhora gradual na procura sustentam as cotações no atacado, com destaque para a valorização das carcaças e avanço da competitividade da carne bovina frente ao frango.

Após semanas em ritmo moroso, a demanda por carne bovina começou a dar sinais de recuperação. Mesmo antes do quinto dia útil de outubro, o mercado registrou maior movimentação nas vendas, com destaque para o fim de semana, segundo informações da Scot Consultoria. Apesar do aquecimento na procura, os preços seguiram praticamente estáveis, com apenas ajustes moderados em relação às semanas anteriores. 

No mercado atacadista paulista de carne com osso, todas as carcaças casadas registraram alta. A carcaça casada do boi capão subiu 2%, negociada a R$ 20,50/kg, enquanto a do boi inteiro avançou 2,6%, cotada em R$ 19,50/kg. Entre as fêmeas, a carcaça da vaca valorizou 1,9%, chegando a R$ 18,85/kg, e a da novilha aumentou 1,8%, a R$ 19,35/kg.

No mercado de carne sem osso, a média geral dos preços permaneceu estável, com movimentos opostos entre os cortes do dianteiro e do traseiro. Os cortes do dianteiro apresentaram leve alta de 0,2%, impulsionada pelo avanço de 2,6% no preço do cupim. Já o traseiro registrou recuo de 0,1%, com destaque negativo para o coxão duro, que caiu 1,9%. No varejo, os preços mostraram comportamentos distintos entre os estados. 

Paraná e Rio de Janeiro tiveram alta, São Paulo apresentou queda e Minas Gerais manteve estabilidade. No Paraná, a cotação média subiu 0,2%, com destaque negativo para a alcatra com maminha, que recuou 2,3%. No Rio de Janeiro, a média avançou 0,1%, impulsionada pelo acém, que subiu 2,7%. Em São Paulo, o preço médio caiu 0,3%, mesmo com a alta de 3,3% na alcatra com maminha. Em Minas Gerais, a média ficou estável, mas o filé mignon com cordão apresentou queda de 3,5%.

As carnes continuam influenciando o resultado da inflação, já que representam parcela significativa dos gastos com alimentação das famílias. Em setembro, as principais quedas foram observadas no frango congelado (1,45%), na carne bovina corte traseiro (0,86%) e dianteiro (0,39%). O único aumento ocorreu no pernil (0,76%). Os ovos também tiveram retração de 1,66%, a maior variação negativa do grupo. 

No curto prazo, prevalece o movimento de queda, mas em 12 meses todas as proteínas ainda acumulam altas expressivas: carne bovina corte traseiro (21,47%) e dianteiro (29,15%); frango congelado (9,90%); pernil (16,07%) e ovos (9,08%). No acumulado de janeiro a agosto, o cenário se inverte, com recuos de 3% para o corte traseiro bovino e de 1,18% para o pernil.

Segundo o vice-presidente da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), Marcio Milan, os preços das carnes vêm recuando nos últimos meses, mas ainda permanecem em patamar elevado. Ele explica que o cenário é resultado da estiagem e dos incêndios que afetaram as pastagens em 2024, aumentando os custos de produção. A valorização do dólar também incentivou as exportações, tradicionalmente mais intensas no segundo semestre, enquanto o aumento da renda interna ajudou a sustentar a demanda.

No mercado físico, o boi gordo manteve ritmo firme, sustentado pelo maior movimento no varejo. A Agrifatto reportou que a média nacional foi de R$ 298,82 por arroba, avanço diário de 0,06%, com escalas de abate estabilizadas em oito dias úteis. Em São Paulo, a arroba subiu 0,26%, chegando a R$ 309,77.

“O bom desempenho do físico reflete o fortalecimento do atacado, que segue em alta na segunda semana de outubro”, destacou a Agrifatto. A carcaça casada do boi subiu 1,2% frente à semana anterior, cotada a R$ 20,70/kg, com destaque para a ponta de agulha, que valorizou 3,09%, negociada a R$ 17,34/kg. O traseiro subiu 0,41% e o dianteiro 1,91%, confirmando a melhora gradual na demanda interna.

Na análise do Cepea, a carne no atacado da Grande São Paulo também se manteve firme, com valorização nos cortes com osso. A carcaça casada de boi fechou a R$ 21,59/kg à vista, o que equivale a uma arroba de R$ 323,85. A instituição também destaca a melhora na competitividade da carne bovina frente à carne de frango. 

Gráfico Cepea - kg de frango para adquirir kg de dianteiro bovino

A relação de troca entre o dianteiro bovino e o frango inteiro atingiu 2,27 kg na média parcial de outubro, o menor patamar dos últimos cinco meses. Isso significa que são necessários 2,27 quilos de frango inteiro para comprar um quilo do dianteiro bovino, resultado 8,7% menor que em setembro e 4% inferior ao registrado em outubro do ano passado.

Atualmente, o dianteiro bovino está cotado a R$ 18,47/kg e o frango inteiro a R$ 8,15/kg, ambos à vista, indicando maior competitividade para a carne bovina no mercado doméstico.

Por: Andressa Simão | instagram @apautadodia
Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Paixão e Reposição: O Retrato da Pecuária no Norte e Nordeste, Segundo Pesquisa da Comitiva HN AGRO
Exportações de carne bovina disparam em novembro, com alta de 39,6% no volume e salto de 57,9% no faturamento
Scot Consultoria: Estabilidade em São Paulo
Indústrias testam preços menores para a arroba, enquanto pecuaristas seguram vendas à espera de preços melhores
Pecuária sustentável: tecnologia brasileira promete até 7 cabeças/ha sem desmatamento
Alta do dianteiro reduz competitividade da carne bovina frente ao frango e à suína