Sebo bovino vive fase histórica com produção recorde e biodiesel absorvendo mais da metade da oferta

Publicado em 26/12/2025 13:24
Demanda aquecida pelo biocombustível, avanço do marco regulatório e vantagem ambiental consolidam o insumo como estratégico, enquanto exportações seguem limitadas.

A cadeia do sebo bovino atravessa um momento histórico no Brasil, marcada por produção recorde e demanda crescente da indústria de biodiesel, que vem absorvendo uma parcela cada vez maior do volume disponível no mercado interno. O avanço do biocombustível na matriz energética nacional tem elevado o status do insumo, transformando-o em um componente estratégico tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental.

No primeiro semestre, a produção de sebo bovino somou 806,8 mil toneladas, conforme destacou a Scot Consultoria. Para o segundo semestre, a estimativa é de 896,9 mil toneladas, o que representa um crescimento de 11,2% e configura um novo recorde. Esse aumento de oferta ocorre em um cenário de consumo aquecido. Entre janeiro e outubro, o volume de sebo bovino destinado à fabricação de biodiesel alcançou 524,4 mil m³, alta de 7,6% em relação aos 487,4 mil m³ registrados no mesmo período de 2024.

A produção nacional de biodiesel chegou a 8,1 milhões de m³ até outubro, avanço de 7,3% frente aos 7,6 milhões de m³ produzidos no mesmo intervalo do ano anterior. Dentro desse total, o sebo bovino respondeu por 6,5% da produção acumulada. Em outubro, isoladamente, a participação do insumo subiu para 9,5%, com aumento de 0,8 ponto percentual em comparação a setembro, reforçando a tendência de maior uso do sebo na composição do biocombustível.

A relação entre produção e consumo evidencia uma mudança estrutural no mercado. No primeiro semestre, 28,8% do sebo bovino produzido foi destinado ao biodiesel. No segundo semestre, considerando os dados até outubro, essa participação avançou para 39,0%. Em meses específicos, o crescimento foi ainda mais expressivo, com 36,0% em agosto, 45,4% em setembro e 50,4% em outubro, quando mais da metade da produção nacional foi absorvida pela indústria de biodiesel. Para novembro, levando em conta a sazonalidade do insumo, a estimativa aponta para uma participação de 55,6%.

Além da importância econômica, o aumento do uso do sebo bovino traz ganhos ambientais relevantes. O biodiesel produzido a partir desse insumo emite 23 vezes menos Gases de Efeito Estufa em comparação ao diesel fóssil e sete vezes menos emissões quando comparado ao biodiesel de óleo de soja. Essa vantagem ambiental reforça o papel do biocombustível no cumprimento das metas climáticas brasileiras e na estratégia de transição energética.

A perspectiva de demanda segue firme nos próximos anos. A partir de 2026, a Lei dos Combustíveis do Futuro prevê o aumento gradual da mistura obrigatória de biodiesel no diesel, passando de B15 para B16, com elevação de um ponto percentual ao ano até atingir B30 em 2030. Esse marco regulatório amplia a demanda estrutural por matérias-primas e cria espaço para uma participação ainda maior do sebo bovino na matriz de biocombustíveis.

Diante desse cenário, o mercado interno permanece aquecido, com a indústria de biodiesel absorvendo volumes crescentes da produção nacional. Com mais de 50% do sebo direcionado ao biocombustível em outubro, as exportações seguem limitadas, consolidando o sebo bovino como um insumo estratégico para a política energética, ambiental e industrial do país.

Por: Andressa Simão | Instagram @apautadodia
Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

PECUÁRIA E MERCADO - RETROSPECTIVA 2025 - DIA 26
Pecuária & Mercado - Retrospectiva 2025
Scot Consultoria: Cadê o negociante?
Sebo bovino vive fase histórica com produção recorde e biodiesel absorvendo mais da metade da oferta
O criador vai mandar: previsão aponta boi a R$ 375 em 2026 e oferta cada vez mais curta
Scot Consultoria: Cotação estável em São Paulo