Café: Silas Brasileiro sugere venda dos estoques para regular mercado

Publicado em 11/04/2014 17:05 e atualizado em 04/03/2020 04:04

Representantes do setor produtivo de café sugeriram nesta semana a integrantes dos ministérios da Fazenda e Agricultura que o Brasil venda os estoques governamentais do produto que atualmente somam cerca de 1,6 milhão de sacas.

Eventuais vendas poderiam evitar grande volatilidade de preços em um ano em que o Brasil, o maior produtor e exportador global de café, sofre uma das maiores perdas de produção por conta da severa seca do início do ano.

"Em contato com os ministérios da Fazenda e da Agricultura, seguindo orientação das lideranças do setor produtivo, sugerimos que os governantes façam uso dos estoques públicos como reguladores de preço, evitando grandes volatilidades e, consequentemente, perdas acentuadas a produtores, exportadores e industriais", disse o presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro, em nota.

Leia a notícia na íntegra no site da Reuters.

Segundo o diretor da Sincal, Armando Matielli, a proposta é extremamente prejudicial ao setor produtivo. "É um absurdo colocar os estoques à venda na pré-safra, provocando possivelmente uma quebra nos preços. A política preconizada pela CNC sempre é maléfica aos cafeicultores, em detrimento do benefício de grandes cooperativas e multinacionais... Nós. como cafeicultores, e eu como sindicalista, repudiamos as atitudes imprudentes e irresponsáveis desse político".

Matielli diz ainda que o setor produtivo deve se mobilizar publicamente contra a proposta. "A atitude dos cafeicultores será solicitar o afastamento deste político da presidência da CNC, que nunca teve competência de fazer um plano estratégico eficiente em defesa dos cafeicultores". 

Carlos Paulino, presidente da Cooxupé (Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé Ltda) afirma que a atitude é inoportuna no momento. "Acho a medida inevitável, mas inoportuna, como o café vai faltar e subir de preço até o fim do ano, a liberação dos estoques deveria ser deixada para depois, mas entendo ser uma medida necessária para preservar o nosso nicho de consumo mais importante que são os brasileiros. Como, inevitalvemente os preços vão subior ainda mais, nossos consumidores não podem ser penalizado". 

Paulino diz ainda que "as vendas dos nossos estoques causará pouco efeito no mercado... É muito pouco café no estoques, 1,6 milhões de sacas. Se vendermos 200 mil sacas em 8 meses, pouco afetará, pois consumidos 4,2 milhões de sacas por mês. Portanto, nao é esta operação que vai derrubar o mercado. O que não podemos é deixar faltar café para nossos consumidores. Mas entendo que se a medida for atdotada agora, num momento em que o mercado trava quebra de braço com a produção, considero esta iniciativa inoportuna".  

O presidente do Sindicato Rural de Boa Esperança, Manuel Joaquim, também vê a atitude de Silas Brasileiro com desconfiança. "Agora que nós estamos no começo de uma safra menor, prejudicada pela seca, em que podemos compensar um pouco das perdas com preços um pouco mais altos, não faz sentido uma medida para derrubar os preços! Agora que estamos conseguindo recuperar os prejuízos, vão matar o produtor?" Manuel afirma ainda que a atitude tiraria o ganho do produtor para dá-lo à indústria. 

Sobre a afirmação de que a medida teria sido "sugerida pelo setor produtivo", Manuel  questiona: "Quem nos representa no setor produtivo?... Acho que ninguém do setor iria aprovar uma medida para prejudicar o produtor".   

O cafeicultor Thyers Adami Junior, de Santa Rita do Sapucaí-MG, também se posicionou em favor do setor. "...Acho que o IBGE achou um aliado: Sr. Silas Brasileiro. Como pode um homem deste sugerir ao governo pra vender os estoques de café na boca da safra? Estamos praticamente a um mês para iniciar a colheita. Ele é contra ou a favor da cafeicultura?". 
 

Café: Contratos perdem mais de 400 pontos em NY com realização de lucros

Depois de seis sessões consecutivas de alta, o café arábica fechou em queda na Bolsa de Nova Iorque (Ice Futures US) nesta sexta-feira (11). Em mais uma sessão volátil, os contratos para entrega mais próxima tiveram queda acima dos  470 pontos, mas não perderam o patamar dos US$ 2,00 libra-peso.

O  vencimento maio fechou em 202,20 centavos de dólar por libra-peso e queda de 490 pontos. A máxima do dia para o contrato foi de 208,65 cents e a mínima de 199,8 cents, uma diferença de 880 pontos. Os contratos para entrega em julho fecharam em 203,55 cents / libra-peso e para dezembro em 208,10 cents / libra-peso, com queda de 485 e 470 pontos, respectivamente. 

Além das incertezas sobre o tamanho da safra brasileira, cujas previsões de quebra estão se intensificando, o analista Eduardo Carvalhaes explica que os movimentos de compra e venda de contratos estão se intensificando e investidores fazem realização de lucros, após as fortes altas. 

Apesar da queda pontual, o analista afirma que a semana teve saldo positivo, com 1620 pontos de alta.  

A agência de notícia Reuters informou hoje que as previsões de chuvas no Brasil influenciaram a queda nos preços. Carvalhaes explica que se as chuvas previstas chegarem e forem muito fortes, elas só trarão prejuízo para esta safra, mas poderão ter algum efeito benéfico para a formação da safra 2015. 

Fernanda Bellei

 

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Fonte: Reuters

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