Café: Bolsa de Nova York testa recuperação nesta 4ª feira, mas volta a cair e fecha no patamar mais baixo desde agosto

Publicado em 07/12/2016 17:00

Após testarem recuperação técnica durante o dia, os contratos futuros do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) fecharam a sessão desta quarta-feira (7) com leve queda e mantiveram a tendência de preços registrada nos últimos dias. Durante a manhã, as cotações do grão chegaram a ter alta de mais de 200 pontos e ficaram próximas do patamar de US$ 1,45 por libra-peso, mas voltaram a cair e encerraram a sessão com baixa próxima de 30 pontos e no patamar mais baixo desde agosto.

O contrato março/17 fechou a sessão de hoje cotado a 141,70 cents/lb com 30 pontos de queda, o maio/17 registrou 144,05 cents/lb com 25 pontos de desvalorização. Já o vencimento julho/17 anotou 146,20 cents/lb com 25 pontos de baixa e o setembro/17, mais distante, terminou o dia a 148,25 cents/lb com 20 pontos de recuo. Essa é a terceira queda consecutiva na semana.

Nas últimas sessões, as cotações externas do café arábica têm recuado bastante. Na semana passada, por exemplo, a queda acumulada foi de mais de 7% com os operadores repercutindo a redução nos temores com desabastecimento pelo mercado diante da melhora climática no cinturão produtivo do Brasil e o câmbio. Institutos meteorológicos ressaltam chuvas acima da média para o período em diversas localidades. A semana começa com chuvas fortes no Sul do Espírito Santo e Zona da Mata de Minas Gerais. Outras áreas recebem precipitações isoladas.

Na semana passada, a corretora Marex Spectron divulgou em relatório que prevê superávit global de 300 mil sacas de 60 kg na temporada 2016/17. "Nós incluímos a liberação de estoques pelo governo brasileiro no balanço, o que deixa um superávit mínimo", disse a Marex à agência de notícias Reuters. Essa informação deu ainda mais otimismo aos operadores.

Apesar das preocupações cada vez menores dos operadores externos com a oferta de café, para o analista de mercado do Escritório Carvalhaes, Eduardo Carvalhaes, o Brasil pode enfrentar sim dificuldades na próxima safra. Dependendo da condição das chuvas, a produção será de ciclo baixo para o arábica e, para o conilon, deve ser bastante prejudicada. Os estoques do Governo Federal também devem chegar ao fim.

O dólar e os fundos também tem contribuído para as quedas no arábica no terminal externo. Nesta quarta, a moeda estrangeira recuou 0,37%, cotada a R$ 3,4041 na venda. O dólar impacta diretamente nas exportações da commodity e suas oscilações tendem a impactar diretamente os preços do grão.

Segundo informações reportadas na segunda-feira (5) pelo site internacional Agrimoney, os fundos já teriam cortado mais de 7,6 mil lotes de suas posições mais alongadas, registrando seu nível mais rápido desde o último maio. "A maior parte do movimento é técnico, mas o clima no Brasil está excelente, com boas chuvas, até mesmo nas áreas de robustas que foram, recentemente, castigadas pela seca", informou, em nota o Rabobank.

Apesar das preocupações cada vez menores dos operadores externos com a oferta de café, para o analista de mercado do Escritório Carvalhaes, Eduardo Carvalhaes, o Brasil pode enfrentar sim dificuldades na próxima safra. Dependendo da condição das chuvas, a produção será de ciclo baixo para o arábica e, para o conilon, deve ser bastante prejudicada. Os estoques do Governo Federal também devem chegar ao fim.

Em novembro, as exportações de café brasileiro somaram 3,07 milhões de sacas de 60kg, segundo reportou o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) nesta terça. Em comparação com o mesmo período de 2015, houve uma queda de 12,2%, devido à redução dos embarques de café conilon e a impactos sentidos com a greve alfandegária no Porto de Santos, que comprometeu o processamento de certificados de exportação. A receita cambial foi de US$ 547,3 milhões no período.

"A situação favorável do dólar, que resultou na receita cambial positiva, compensou o decréscimo de exportações observado nos últimos meses. Essa diminuição ocorre principalmente devido à redução de oferta do café conilon, reflexo do período de seca no estado de Espírito Santo. Justamente por isso, acreditamos que devemos fechar o ano civil em cerca de 34 milhões de sacas exportadas", afirma Nelson Carvalhaes, presidente do Cecafé.

» Brasil exporta 3,07 milhões de sacas de café em novembro, com receita cambial de US$ 547,3 milhões

Mercado interno

Diante da instabilidade nos preços externos do café, os negócios com o grão nas praças de comercialização do Brasil são isolados e os preços não indicam tendência definida. Segundo Carvalhaes, os cafeicultores não estão vendendo, dando indícios de que os negócios serão deixados para o próximo ano. O fator soma-se ainda à solavancos na economia e ameaças de importação de café, que complicam a situação dos produtores.

O café cereja descascado registrou maior valor de negociação no dia em Espírito Santo do Pinhal (SP) com negócios em R$ 630,00 a saca e alta queda de 5,00%. Foi a maior alta no dia dentre as praças de comercialização.

O tipo 4/5 anotou maior valor em Guaxupé (MG) com 574,00 a saca e queda de 1,20%. A maior variação no dia ocorreu em Poços de Caldas (MG) com alta de 2,22% e saca a R$ 553,00.

O tipo 6 duro teve maior valor de negociação no dia em Patrocínio (MG) com R$ 550,00 a saca – estável. A maior oscilação no dia para o tipo ocorreu em Poços de Caldas (MG) com avanço de 2,65% e saca a R$ 542,00.

Na terça-feira (6), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 518,86 com queda de 0,55%.

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Por: Jhonatas Simião
Fonte: Notícias Agrícolas

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