Café: Bolsa de NY reage nesta 6ª, fecha semana com acumulado levemente negativo e vencimentos acima de US$ 1,30/lb

Publicado em 26/05/2017 17:45

Apesar de fecharem em alta na sessão desta sexta-feira (26), as cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) encerraram a semana com leve baixa de 0,68% no vencimento julho/17. Saindo de 132,10 cents/lb na semana passada para 131,20 cents/lb. O mercado acompanhou nos últimos dias as informações sobre a oferta na safra 2017/18, o câmbio – ainda com reflexos do cenário político – e, do lado altista, as chuvas no Brasil que atrapalharam a colheita e podem prejudicar a qualidade da produção.

No mercado interno, os negócios com café continuam isolados ainda que os preços tenham esboçado recuperação diante do câmbio. (Veja mais informações abaixo)

Nesta sexta-feira, o contrato julho/17, referência de mercado, anotou 131,20 cents/lb com valorização de 190 pontos, o setembro/17 registrou 133,55 cents/lb com 190 pontos positivos. Já o vencimento dezembro/17 encerrou o dia com 137,05 cents/lb e avanço de 185 pontos e o março/18, mais distante, subiu 185 pontos, fechando a 140,45 cents/lb. Na véspera, as cotações da variedade fecharam com alta próxima de 50 pontos.

De acordo com o analista de mercado da Origem Corretora, Anilton Machado, recompras de posições por parte dos fundos e especuladores levaram as cotações a trabalharem acima de US$ 1,30 por libra-peso nesta sexta. No entanto, durante a semana várias informações impactaram os preços, principalmente sobre a oferta.

"Ideias de melhor produção mundial são vistas uma vez já que muitos olham para a cultura com maior otimismo com a colheita próxima. Também há ideias de que a demanda permaneça fraca uma vez que a maioria das torrefadoras ainda não está comprando muito em mercados à vista no mundo", disse em relatório na véspera o analista e vice-presidente da Price Futures Group, Jack Scoville, em referência ao atual momento do mercado.

O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reportou nesta sexta em relatório uma estimativa de produção de 52,1 milhões de sacas neste ano no Brasil. O número representa uma queda de 4 milhões de sacas ante a safra anterior. O adido traz que as "floradas adequadas e condições climáticas favoráveis na maior parte das regiões produtoras provavelmente vão contribuir para boas produtividades", mesmo em ciclo de bienalidade negativa.

Essa informação tranquilizou o mercado e fez com que os preços recuassem, já que a percepção inicial dos envolvidos era bem mais pessimista que isso.

Já do lado alista, repercutiu no mercado o clima nos últimos dias que prejudicou a colheita da safra 2017/18 em áreas produtoras de café de Minas Gerais e São Paulo nos últimos dias e também a secagem dos grãos que estavam no terreiro de alguns produtores, o que coloca em xeque a qualidade da produção. As precipitações chegaram a registrar acumulados de quase 100 milímetros no fim de semana em algumas áreas.

De acordo com estimativa da consultoria Safras & Mercado, até o dia 23 de maio a colheita da safra 2017/18 do Brasil estava em 15%. Na semana passada, a colheita estava em 11%. Levando em conta a estimativa da consultoria, de produção de 51,1 milhões de sacas de 60 kg neste ano no Brasil, já foram colhidas pelos produtores 7,44 milhões de sacas.

Segundo o analista de mercado da Safras, Gil Carlos Barabach, as chuvas atrapalharam o andamento da colheita na última semana. "Além de interromperem o trabalho de retirada do café dos cafeeiros, o excesso de umidade também prejudica a secagem. Muito café acabou caindo no chão, mas ainda é cedo para dimensionar prejuízos. Talvez, o principal impacto seja mesmo na qualidade da bebida. E, assim deve começar a aparecer mais café de bebida mais fraca no mercado", afirma.

O câmbio atuou como fator baixista e altista em vários momentos da semana na Bolsa de Nova York. O dólar comercial encerrou essa sexta-feira com baixa de 0,54%, cotado a R$ 33,2654 na venda, com cautela diante do cenário político brasileiro. Na semana, a divisa acumulou alta de 0,25%. A moeda impacta diretamente nas exportações da commodity já que as transações são feitas em dólar.

Informações reportadas pela agência de notícias Reuters no início da semana davam conta que o mercado acompanhava a preocupação da indústria de café está atenta com a possibilidade de oferta apertada do grão na Colômbia, maior produtor mundial de arábica de alta qualidade, diante de uma greve no Porto de Buenaventura. As chuvas intensas já prejudicaram a colheita no país.

A Bolsa de Nova York (ICE Futures US) não funciona para o café na próxima segunda-feira (29) por conta do feriado Memorial Day.

Mercado interno

Os negócios com café seguiram isolados na semana mesmo com alguns preços mais altos sendo vistos e a produção da safra 2017/18 já no mercado em algumas praças, uma vez que a colheita atinge 15%. Segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP), a retração vendedora ainda está presente no mercado e as incertezas econômicas e políticas no Brasil também assustam os produtores.

"Quanto ao ritmo de negócios, permanece lento no mercado físico, devido à retração vendedora e também às incertezas econômicas e políticas no Brasil", disse a instituição em nota.

No fechamento semanal, o balanço foi misto nas praças de comercialização verificadas pelo Notícias Agrícolas.

O tipo cereja descascado anotou maior variação na semana em Patrocínio (MG) com queda de 1,06% (-R$ 5,00), encerrando a R$ 465,00 a saca. Guaxupé (MG) teve o maior valor de negociação no período dentre as praças com saca a R$ 505,00 e queda de 0,98% (-R$ 5,00).

No tipo 4, a maior variação na semana foi registrada em Franca (SP) com desvalorização de 4,08% (-R$ 20,00) e saca a R$ 470,00. A cidade teve maior valor de negociação no fechamento da semana junto com Varginha (MG) que teve queda de 1,05%no período (-R$5,00)

O tipo 6 duro teve maior oscilação no acumulado da semana em Franca (SP) com queda de 4,17% (-R$ 20,00) e R$ 460,00 a saca. A cidade de Araguari (MG) teve cotação mais expressiva com R$ 470,00 a saca.

Na quinta-feira (25), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 456,99  com alta de 0,86%.

» Clique e veja as cotações completas de café

Por: Jhonatas Simião
Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Café: Sem físico no Brasil, bolsas têm novos ajustes nos preços nesta 4ª feira
Café: Nova York e Londres estendem baixas no primeiro pregão de maio
Em dia de baixas generalizadas, arábica recua mais de mil pontos em Nova York
Cecafé promove evento na UE para atestar que cafés do Brasil atendem novas regras
Café acompanha dia de aversão e recua mais de mil pontos em Nova York