Bloomberg: Seca já afeta mais da metade da área de café no Sul de Minas Gerais

Publicado em 13/09/2017 11:19

As condições climáticas adversas, com seca considerável em algumas regiões do Brasil, já afetam mais de 50% da área de café no Sul de Minas Gerais – maior e mais importante região do cinturão produtivo do país –, de acordo com o agrônomo da Fundação Procafé, André Luiz Alvarenga Garcia. As informações são da agência de notícias Bloomberg.

Com resultado da baixa umidade e altas temperaturas na região, Garcia diz acreditar que mais da metade da área de café da região perdeu seu potencial produtivo para a safra 2018/19. A região da Mogiana, em São Paulo, que é uma importante produtora de cafés especiais também tem sido afetada pela seca. Outras regiões ainda estão suscetíveis a perdas.

O principal efeito da seca nas lavouras brasileiras é a desfolha que, segundo Marcelo Jordão Filho, engenheiro agrônomo da Procafé, é uma proteção natural das plantas pensando em diminuir a evapotranspiração. "Com essa condição, as plantas vão acabar tendo maior dificuldade para o pegamento das floradas e, consequentemente, impactos na produção do próximo ano", disse em entrevista ao Notícias Agrícolas.

"Árvores já afetadas por desfolha não se recuperam mais para a próxima safra. O potencial produtivo já foi afetado, é irreversível", disse Garcia para a Bloomberg. Para ele, se as chuvas não vierem até o fim do mês, a outra metade do Sul de Minas Gerais também entrará em déficit hídrico, o que deve renovar as perdas já existentes.

Repercussão no mercado

Analistas internacionais já acompanhavam mais atentamente essa condição das lavouras brasileiras para a safra 2018/19 e o mercado passou a assimilar essas informações com força mesmo na última sessão, quando subiu mais de 300 pontos na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) e os vencimentos mais distantes beliscaram o patamar de US$ 1,40 por libra-peso.

Mapas climáticos dos principais institutos meteorológicos brasileiros apontam que o clima deve continuar quente e seco no cinturão produtivo de café do país. Há somente chances de chuvas fracas no Norte do Espírito Santo e na Bahia, com a umidade que vem do mar.  "Precipitações abaixo do normal são esperadas na maior parte do cinturão de café nos próximos seis a dez dias", disse o MDA Information Systems em relatório diário.

"Isso não vai ajudar o café a florescer. A safra recorde que deveríamos ter no próximo ano pode não ser tão grande como pensávamos", complementou o analista de mercado e sócio-gerente da NickJen Capital, em Nova York, Nick Gentile.


Chuva acumulada 15 dias no Brasil - Fonte: Climatempo

Por: Jhonatas Simião
Fonte: Notícias Agrícolas

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