Café: Abre principal florada da safra 2018/19 do Brasil, mas produção excepcional está descartada

Publicado em 10/10/2017 10:06

A principal florada da safra 2018/19 já pode ser vista em importantes regiões produtoras de café do Brasil, como o Cerrado Mineiro e municípios como Rio Paranaíba, Araguari e Monte Carmelo. (Veja fotos abaixo) Ainda não são todas as lavouras que têm essa condição, mas nos próximos dias o cenário deve ser mais uniforme, segundo relatos dos produtores. Apesar das belas imagens enviadas pelos cafeicultores ao Notícias Agrícolas e postadas em redes sociais, uma produção excepcional está descartada, segundo envolvidos do mercado.

"Nos próximos dias teremos a abertura de floradas e como boa parte dos cafezais perdeu um considerável volume de folhas com a seca e calor, as flores aparecerão melhor e darão um belo espetáculo para os fotógrafos. Apenas o espetáculo será bonito. Como os cafeeiros estão debilitados e com menos folhas que o normal, parte da florada será perdida. Os agrônomos alertam que a possibilidade de uma safra excepcional, recorde, está afastada", disse o Escritório Carvalhaes, com sede em Santos (SP). Uma das principais corretoras de café do país.

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» Café: Agrônomos alertam que a possibilidade de uma safra excepcional está afastada

A florada do café arábica, como costuma acontecer, é seguida pelas chuvas que foram registradas em boa parte do cinturão produtivo brasileiro nos últimos dias, com importantes acumulados no Sul de Minas Gerais, maior região de produção do Brasil. A primeira florada da safra 2018/19 do grão havia sido registrada nos primeiros dias de setembro, no entanto, as dúvidas quanto ao pegamento eram enormes. De fato, ela foi perdida em algumas plantações. "Tenho 99% de certeza que essa florada não vinga. O clima está muito seco para os cafezais", disse na época o produtor de café Gustavo Emídio de Bom Jesus da Penha (MG).

Analistas internacionais chegaram a apontar no início do ano que a próxima safra do Brasil poderia chegar a 60 milhões de sacas de 60 kg entre arábica e conilon, um recorde, já que será de bienalidade positiva e as condições climáticas eram benéficas na época. A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estimou a produção do país neste ano em 44,77 milhões de sacas. Apesar de tudo, a importadora americana Wolthers Douque segue otimista com o Brasil e estimou nesta semana que a safra do país deverá totalizar 59 milhões de sacas de 60 kg entre arábica e robusta.

Em informações cedidas à agência de notícias Reuters, a poda adequada de lavouras e as condições climáticas ideais são apontadas como os principais fatores dessa previsão otimista. A Wolthers Douque havia apontado a safra 2017/18 brasileira entre 48 e 49 milhões de sacas.

Veja imagens da florada e botões florais no cinturão brasileiro:

           

Para o Escritório Carvalhaes não deve ser bem isso. "Para que tenhamos uma safra 2018 razoável, necessitaremos de chuvas regulares daqui para frente, além de bons tratos nos cafezais, com fertilização e aplicação de defensivos em volumes e datas indicadas pelos técnicos. O trato correto é sempre necessário, mas este ano, com uma grande porcentagem de cafeeiros debilitados por três anos de chuvas irregulares e insuficientes, eles são de extrema importância para que a florada vingue e se transforme em frutos", disse.

Segundo previsões climáticas, os próximos dias devem ser de calor intenso e poucas chuvas nas áreas produtoras do Brasil, com instabilidades apenas no Sul do país que não devem avançar as áreas produtoras pelo menos até a próxima semana. O mercado na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) acompanha essas informações, mas o lado técnico está falando mais alto neste momento depois que as cotações chegaram a mínimas de três meses, abaixo de US$ 1,25 por libra-peso. As chances de baixa produção na próxima temporada parecem que já foram precificadas anteriormente ou estão descartadas.

"Nova Iorque fez uma reversão técnica no curto-prazo e manteve os ganhos tendo um potencial de subir um pouco mais depois de termos visto os fundos mais vendidos no relatório do CFTC. Sustentar os ganhos é que será o desafio, e muito provavelmente veremos novas vendas aparecer após o fechamento do gap que está entre 133,70 e 134,05 centavos por libra. Uma queda abaixo de 129,15 coloca em risco o teste dos níveis de 126,75 e 124,30", afirmou em relatório o analista e diretor da Comexim nos Estados Unidos, Rodrigo Costa.

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» À espera da florada o café faz correção técnica, por Rodrigo Costa

Por: Jhonatas Simião
Fonte: Notícias Agrícolas

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