Patinho feio? Mercado mostra que jogo virou e conilon do BR chega aos torrefadores internacionais com força e qualidade

Publicado em 06/09/2023 10:41 e atualizado em 06/09/2023 15:52
Participação limitada do Vietnã abriu espaços que estavam "esquecidos" para o Brasil e embarques devem continuar expressivos

O Brasil voltou ao jogo internacional do mercado de café conilon,  isso já é um fato consolidado e os números oficiais das exportações do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) comprovam a intensa participação no mercado.

Só em julho, os embarques dos cafés canefóras (conilon + robusta) avançaram 245,4% em comparação com o mesmo mês em 2022, com o total de 505.153 sacas. De acordo com Haroldo Bonfá, analista da Pharos Consultoria, a expectativa do mercado é o que Brasil tenha embarcado em agosto algo próximo de 700 mil sacas deste tipo de café. 

Com o mercado preocupado com a oferta do Vietnã, estimada entre 29 e 31 milhões na safra que terá início entre o final de setembro e início de outubro, as cotações na Bolsa de Londres avançaram de forma significativa. A título de comparação, o contrato referência em Londres avançou mais de 10% em comparação com as cotações em 5 de setembro de 2022. 

"O Vietnã ficou fora do mercado internacional, o que impulsionou os valores. O mercado aposta em uma safra com 29 milhões de sacas. Essa dinâmica de mercado foi essencial para o Brasil voltar ao jogo. Aquela história do "patinho feio", como era visto o conilon do Brasil, não existe mais. O conilon do Brasil chega para a indústria internacional com muita qualidade e muita força, ocupando espaços que antes não existiam", afirma o analista. 

Com os preços elevados na Bolsa, o mercado também observou uma queda substancial dos estoques certificados de conilon na ICE. Atualmente com 583 mil sacas, no último mês os estoques recuaram 266.167 sacas e no acumulado do ano a queda chega a quase 1 milhão de sacas. 

Fonte: Pharos Consultoria
Fonte: Pharos Consultoria 

"Semelhante ao que aconteceu com o arábica, durante a crise do Brasil, é mais barato para o mercado utilizar esse café certificado e por isso não existe há meses uma recuperação significativa nos volumes", afirma. 

O analista chama atenção ainda para a entrada safra brasileira, que o mercado inclusive trabalha com volumes entre 20 e 22 milhões de sacas, o que deve manter a exportação de conilon aquecida. Acrescenta ainda que com a recuperação na produção do arábica, a indústria interna poderá voltar a utilizar mais do arábica na composição do blend.

"Teremos que acompanhar como a indústria fará isso de forma sútil aqui no mercado interno. Lá fora, o torrador internacional de fato aprendeu a gostar também desse café brasileiro, sem contar os de qualidade acima da média, que também vem conquistando seu espaço", finaliza.

Pharos Consultoria 

 

Por: Virgínia Alves
Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Preços do café recuam nas bolsas internacionais e atingem mínimas de 4 meses nesta 5ª feira (18)
Região de Franca/SP registra bom pegamento da florada do café para safra 2026
Preços do café no Vietnã caem ao menor nível desde março de 2024 com aumento da oferta
Preços do café estão voláteis, e trabalhavam em campo misto nas bolsas internacionais na manhã desta 5ª feira (18)
Desvalorização do real consolida fortes quedas nos preços do café no fechamento desta 4ª feira (17)
Retorno das chuvas no Sul de Minas Gerais traz certo alívio as lavouras de café