China retira o embargo à importação de carne de frango e ABPA já fala em crescimento das exportações para 2025
A China anunciou a retirada do embargo às importações de aves e produtos avícolas do Brasil, imposto em maio deste ano devido a um surto de gripe aviária. A decisão foi comunicada pela Administração Geral de Alfândegas da China em um aviso divulgado nesta sexta-feira (7), com efeito imediato.
Segundo o comunicado, a revogação da medida foi tomada “com base nos resultados da análise de risco”, indicando que as autoridades chinesas consideram controlada a situação sanitária no território brasileiro.
O embargo havia sido estabelecido de forma nacional, afetando todas as exportações brasileiras de carne de frango e produtos derivados, um setor em que o Brasil é o maior fornecedor mundial e tem a China como um de seus principais mercados de destino.
A suspensão da restrição representa um alívio para o setor avícola brasileiro, que vinha aguardando a normalização do comércio com o país asiático desde o registro dos primeiros casos da doença.
De acordo com o analista de mercado da Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, a decisão da China é uma excelente notícia para o setor avícola brasileiro. Ele destaca que o país asiático representa entre 40 e 50 mil toneladas mensais das exportações nacionais de carne de frango, consolidando-se como um dos principais destinos do produto brasileiro.
Segundo Iglesias, a suspensão do embargo deve permitir que o Brasil recupere seu pleno potencial de exportação, com possibilidade até de bater um novo recorde de embarques neste ano, superando levemente o volume registrado em 2024.
O analista acrescenta ainda que o momento é oportuno para o Brasil buscar uma melhora nos preços internacionais, que vinham pressionados nas últimas semanas. “O mercado global de carne de frango está trabalhando com valores baixos, e essa reabertura cria uma oportunidade para o país se reposicionar e conquistar melhores margens”, avalia.
Para a analista de mercado da Scot Consultoria, Juliana Pila, a reabertura do mercado será muito positiva para toda a cadeia produtiva. "Após os embargos ocorridos em maio, devido ao caso de gripe aviária registrado no Rio Grande do Sul, as exportações brasileiras perderam ritmo e só começaram a se recuperar em setembro e outubro", informou.
Ela ainda acrescenta que agora, com a suspensão da proibição das compras pela China — nossa principal parceira comercial em 2024 —, o ritmo das exportações deve acelerar, e é possível que o Brasil alcance, ou ao menos se aproxime, dos patamares recordes registrados no ano passado.
Para a ABPA ( Assoaciação Brasileira de Proteína Animal) , com a reabertura da China são retomadas as perspectivas de crescimento das exportações para 2025.
As exportações brasileiras de carne de frango registraram em outubro o segundo melhor resultado mensal da história do setor, de acordo a entidade. Ao todo, foram exportadas 501,3 mil toneladas de carne no mês, saldo que superou em 8,2% o volume embarcado no mesmo período do ano passado, com 463,5 mil toneladas.
Com isso, as exportações de carne de frango no ano (volume acumulado entre janeiro e outubro) chegaram a 4,378 milhões de toneladas, saldo apenas 0,1% menor em relação ao total registrado no mesmo período do ano passado, com 4,380 milhões de toneladas.
“O desempenho de outubro é o maior desde março de 2023, quando registramos o recorde mensal do setor. Com os expressivos embarques do mês, praticamente zeramos a diferença entre os volumes embarcados neste ano e no ano passado, revisando as projeções para um provável crescimento em toneladas embarcadas para os doze meses de 2025”, avalia o presidente da ABPA, Ricardo Santin.
A receita das exportações de outubro chegaram a US$ 865,4 milhões, volume 4,3% menor em relação ao décimo mês de 2024, com US$ 904,4 milhões. No ano (janeiro a outubro), o total chega a US$ 8,031 bilhões, resultado 1,8% menor em relação ao ano anterior, com US$ 8,177 bilhões.
Principal destino das exportações de carne de frango, a África do Sul importou 53,7 mil toneladas em outubro, saldo 126,9% maior em relação ao ano anterior. Em seguida estão Emirados Árabes Unidos, com 40,9 mil toneladas (+32%), Arábia Saudita, com 36,63 mil toneladas (+66,1%), Filipinas, com 34 mil toneladas (+38,2%) e Japão, com 29,7 mil toneladas (-25,5%). “A retomada da China deverá ser um novo fator a influenciar significativamente e de forma positiva o resultado na reta final deste ano para o setor”, ressalta Santin.
O Paraná segue como maior exportador de carne de frango do Brasil, com 205,1 mil toneladas (+7,9%), seguido por Santa Catarina, com 111,6 mil toneladas (+5,8%), Rio Grande do Sul, com 60,9 mil toneladas (+8,8%), São Paulo, com 32,2 mil toneladas (+12,3%) e Goiás, com 27,3 mil toneladas (+44,4%).