Ministério pede cota sem tarifa para importação de trigo de fora do Mercosul

Publicado em 25/10/2017 11:42

Por Roberto Samora e Marcelo Teixeira

SÃO PAULO (Reuters) - O Ministério da Agricultura encaminhou pedido a um órgão técnico do governo brasileiro para avaliação da possibilidade de isenção de tarifa para importação de trigo de fora do Mercosul, em meio a uma acentuada quebra de safra no país em 2017.

O pedido inclui isenção de tarifa para 750 mil toneladas de trigo produzido fora do Mercosul --importações dentro do bloco não pagam a taxa de 10 por cento--, segundo nota técnica enviada pelo ministério ao Comitê Executivo de Gestão (Gecex), que vai avaliar o caso.

Uma cota de importação sem tarifa para moinhos do Brasil, um dos maiores importadores globais de trigo, pode adicionar demanda pelo produto produzido no Hemisfério Norte, especialmente os Estados Unidos e Canadá, que normalmente complementam as importações brasileiras, dominadas pelo produto do Mercosul.

Mas uma decisão pela isenção de tarifa também poderia agradar a Rússia, um dos maiores exportadores globais de trigo, que sempre afirma que gostaria de iniciar vendas aos brasileiros. O ministro da Agricultura do Brasil, Blairo Maggi, encontrou-se com seu colega russo em Moscou no início de outubro.

"A cota é aberta a qualquer participante e não é direcionada a nenhum mercado específico. O assunto vai ser discutido por grupo técnico e depois na próxima reunião da Camex", disse o Ministério da Agricultura em nota.

O ministério não informou imediatamente a data das reuniões. Segundo informação no site da Câmara de Comércio Exterior (Camex) a próxima reunião do Gecex está prevista para 8 de novembro.

A solicitação foi feita após o Brasil registrar uma quebra de safra do cereal em razão de adversidades climáticas e redução na área plantada de quase 10 por cento na comparação com 2016.

A produção brasileira em 2017 foi estimada em 4,88 milhões de toneladas pelo governo brasileiro, redução de 27,4 por cento na comparação com 2016, quando o país obteve um recorde de 6,7 milhões de toneladas, o que desestimulou o plantio neste ano em meio a preços mais baixos.

O Brasil consome mais de 11 milhões de toneladas ao ano e deve importar 7 milhões de toneladas em 2017, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Importantes produtores como o Paraná e o Rio Grande do Sul sofreram este ano com problemas de seca, geadas e até chuvas em excesso no momento da colheita, após terem reduzido o plantio ante 2016.

(Por Roberto Samora e Marcelo Teixeira, em São Paulo; com reportagem adicional de Polina Devitt, em Moscou)

Fonte: Reuters

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