EUA: Desenvolvimento muito atrasado das lavouras já tira produtividade da soja e do milho

Publicado em 23/07/2019 10:07

A primeira reação do mercado internacional de grãos depois do último boletim semanal de acompanhamento de safras do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) parece bastante contida, porém, os números deixam claro que as condições das lavouras norte-americanas não são nada boas. As chuvas intensas durante a primavera causaram um atraso 'sem precedentes, segundo analistas internacionais, no desenvolvimento das plantas e os reflexos serão bastante severos. 

Esse atraso levará os campos a um período em que as condições climáticas nos EUA deverão ser bastante desfavoráveis e estarão em estágios determinantes para a definição do potencial produtivo. E as preocupações são igualmente grandes tanto para a soja, quanto para o milho. 

"Estamos seguindo para o final do mês julho, um período bastante importante para a safra americana (...) e, na soja, está muito atrasado o florescimento e a maior parte do florescimento vai estourar no mês de agosto, que é um período crítico para a safra americana e isso é positivo para as cotações", explica o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. 

Os dados do USDA mostraram que, até o último domingo (21), 40% das lavouras estavam na fase de florescimento, contra contra 22% da semana anterior, 76% de 2018 e 66% de média plurianual. Mais do que isso, mostraram ainda que apenas 7% delas  já estão formando vagem, número bem menor do que o do ano passado, quando eram 41%, e também abaixo dos 28% de média para as últimas cinco safras. 

"E se for confirmado todo aquele calor que se espera em agosto, como as previsões já estão apontando, pode reduzir ainda mais o potencial produtivo, pois as lavouras já estão em condições desfavoráveis", diz Brandalizze. "Quase metade das lavouras estão em condições entre regular e péssima e isso é um dos piores momentos da safra americana. 

No milho, os números também mostram o rendimento da nova safra bastante ameaçado. O departamento americano trouxe uma baixa de 1% no índice de lavouras do cereal em boas ou excelentes condições para 57%. "E só este 1% ele perde 2 milhões de toneladas de produtividade, e isso é muito", afirma o consultor. 

Assim, para Vlamir Brandalizze, a perspectiva de produção de milho nos EUA, diante do atual quadro da safra norte-americana, é de 353,5 milhões de toneladas. Afinal, o desenvolvimento das lavouras também está bastante atrasado e leva os campos à formação de grão entre setembro e outubro, quando o país pode sofrer com os impactos de geadas. 

PREVISÃO DO TEMPO

Ainda segundo o consultor, a cada semana que passa a nova safra norte-americana se compromete mais. São preocupações crescentes por parte dos produtores em todo o Corn Belt e também olho vivo sobre as previsões climáticas e as atualizações que ocorrem mais de uma vez por dia. 

De acordo com os últimos mapas do NOAA, a próxima semana deverá ser de tempo um pouco mais seco em parte das regiões produtoras, enquanto mais tempestadas podem ser registradas durante o final de semana.

De 23 a 30 de julho, estados como Wisconsin, partes de Minnesota, de Iowa e do Missouri podem receber acumulados consideráveis de chuvas, como mostra o mapa a seguir. 

No mesmo intervalo, a previsão indica temperaturas dento da média, sem causar grandes problemas, segundo mostra o mapa do portal internacional DTN The Progressive Farmer. "Não devemos ter um calor estressante para a polinização do milho nesse período", diz o meteorologista sênior do DTN, Bryce Anderson. 

Leia mais:

>> Corn Belt deve ter condições mais favoráveis de clima nos próximos dias

>> USDA: Boletim mostra apenas 7% da soja em formação de vagens, contra 41% de 2018

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Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte: Notícias Agrícolas

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