Hortifruticultores preocupados com retração da demanda em meio à isolamento por Covid-19

Publicado em 25/03/2020 15:25
Segundo fruticultor e permissionário da Ceagesp, situação pode fazer com que produtores 'quebrem', já que perderão a safra e não terão como pagar financiamentos.

Os decretos de restrição de funcionamento de estabelecimentos, circulação de pessoas, estão afetando também o setor de hortifruticultura. De acordo com o fruticultor Henrique Losqui, que também é permissionário na Ceagesp em São Paulo, há colegas parando de colher porque não tem venda para os produtos.

O período de quarentena em todo o estado de são Paulo, decretado pelo governador João Dória Júnior, começou oficialmente nesta quarta-feira (25), mas serviços de abastecimento seguem funcionando, pois são considerados essenciais.

Segundo comunicado do Ceagesp, até esta quarta-feira estavam suspensas a Feira de Flores, Pescado e cancelada a Santa Feira do Peixe. 

Em análise feita pelo setor de Hortifruti do Cepea/Esalq, agentes acreditam que o maior abastecimento de estoques de distribuidores e redes varejistas ocorreu na semana passada –, quando as medidas de contenção do coronavírus passaram a ganhar força no Brasil. 

>> Crise do Covid-19 na Europa, principal importador de frutas brasileiras, preocupa setor produtivo

Entretanto, de acordo com Losqui, o fechamento de escolas, restaurantes, lanchonetes e outros estabelecimentos que adquiriam hortifrutis fecharam ou trabalham em esquema de delivery, com escala reduzida, diminuindo drasticamente a demanda.

"No Ceagesp a coisa está feia, tenho vizinho lá que não fez nenhum pedido de fruta porque não está vendendo. Quem está com fruta em safra agora, como caqui, pitaia, não sabe se colhe ou se deixa estragar no pé", disse. 

Segundo Losqui, há o risco de os produtores destes alimentos perecíveis terem que mandar funcionários embora, perderem a produção e não terem como pagar financiamentos feitos para a safra. "O Jair Bolsonaro fez o pronunciamento, mas as pessoas ´parecem não entender. Que se isole os grupos de risco, mas quem não afz parte, que siga a vida normal".

"Produtor que está com fruta para vender, só consegue mandar pra vender na Ceagesp com em consignação, porque o vendedor não sabe se vai conseguir vender o produto e também não garante o preço", disse.

Ele explica que há uma incerteza sobre o que irá acontecer, mas que de toda forma, haverá consequências, já que, quando retomado o consumo, a oferta de produtos pode estar baixa, o que elevaria preços.

"O horticultor vem ruim de caixa, e agora isso, é acabar de matar quem já está no limite trabalhando.  O governo vai ter uma situação mto séria pela frente para colocar essa parte nos trilhos". 

Por: Letícia Guimarães
Fonte: Notícias Agrícolas

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