Crise na venda de frutas

A exportação de frutas do vale do São Francisco começa a sentir os efeitos da crise econômica mundial. Sem comprador, muitas fazendas estão paralisando as atividades.

A trabalhadora Cleonice de Oliveira arruma a sacola para voltar para casa. É uma despedida forçada depois de se dedicar 15 anos ao trabalho na fazenda. “Não gosto de pensar. Eu já chorei muito”, disse.

Na empresa de exportação de uva em Curaçá, no norte da Bahia, todos os 260 funcionários cumprem o aviso prévio. O local onde as frutas eram tratadas está desativado. Lá trabalhavam 60 pessoas.

Esses são os efeitos da crise financeira mundial no Vale do São Francisco. A empresa ainda não calculou o prejuízo. Nos parreiras há dezenas de cachos de uva espalhados pelo chão.

“Como vamos entrar num processo de parada e para não prejudicar a planta resolvemos derrubar os cachos para não prejudicar os parreirais no futuro. Esses cachos, que daqui a 60 dias estariam na mesa do consumidor, estão indo para o chão”, falou Iranilson Cunha, gerente de campo da fazenda.

Nos últimos três meses dez mil pessoas perderam o emprego nas fazendas do Vale do São Francisco. Segundo informações da Câmara de Fruticultura, outras 50 mil foram dispensadas dos trabalhos temporários nesse período de entressafra.

Em outra fazenda de exportação de uva sem semente os trabalhadores não devem ser dispensados. Mas pela primeira vez em 20 anos a produção do primeiro semestre foi suspensa.

“Resolvemos nessa primeira safra podar só para a formação. A gente não vai produzir na primeira safra. A gente vai tentar reduzir custo de mão-de-obra, reduzir contratação e reduzir custo de insumos”, falou a empresária Ana Paula Medeiros.

Para o economista José Paulo Fagundes, a crise no vale se agravou por causa do aumento da produção de frutas nos últimos anos na região. “Nós temos uma quantidade, um volume de frutas no vale sendo colocado no mercado que hoje não encontra comprador”, disse.

Fonte: Globo Rural