Índice CEAGESP cai -1,00% em outubro
O índice de preços CEAGESP caiu -1,00% ante uma alta de +4,06% no mês anterior. No mesmo período do ano passado, o índice havia apresentado alta de +4,83% e, com o resultado obtido, encerrou o período apresentando um acumulado de -3,43% no ano e -3,39% em 12 meses.
O resultado de outubro refletiu um cenário marcado pela transição climática e mercadológica para o setor de hortifrutigranjeiros. O período foi marcado pelo retorno gradual das chuvas nas principais regiões produtoras do Centro-Sul. Calor e chuva foram os principais fatores climáticos indutores na alta do volume de oferta de determinados produtos no Entreposto Terminal São Paulo (ETSP). Neste contexto, o destaque ficou com o setor de Legumes, que registrou a maior redução de preço (-11,57%) entre todos os setores analisados. O aumento momentâneo na oferta de pimentões amarelo (+10,2%), vermelho (+10,6%), berinjela (+6,4%) e abobrinha italiana (+20,4%) contribuiu para o arrefecimento de preços no setor.
Análise Setorial
O setor de FRUTAS caiu -0,49% ante uma alta de +9,67% no mês anterior. No mesmo período do ano passado, o setor havia apresentado alta de +6,70% e, com o resultado obtido, encerrou o mês com um acumulado de -3,27% no ano e de -3,35% em 12 meses. Dos 48 itens cotados nesta cesta de produtos, 42% apresentaram queda de preço.
As principais quedas ocorreram nos preços de MAMÃO “PAPAIA” HAVAÍ (-28,15%), ACEROLA (-26,82%), MARACUJÁ AZEDO (-24,14%), GRAVIOLA (-18,80%) e MANGA TOMMY ATKINS (-17,86%). As principais altas ocorreram nos preços de CARAMBOLA (+49,85%), MARACUJÁ DOCE (+30,15%), LARANJA LIMA (+17,88%), LIMÃO SICILIANO (+17,20%) e UVA BENITAKA (+16,58%).
O setor de Frutas fechou o mês de outubro com uma leve deflação de 0,49%. O aumento no volume mensal de oferta de mamão Havaí (+15,8%), maracujá azedo (+14,7%) e manga Tommy Atkins (+40,7%) assegurou a redução de preços verificada no setor. As chuvas irregulares e o calor intenso nas principais regiões produtoras do Nordeste aceleraram a maturação dos produtos, favorecendo o aumento no volume de oferta. Vale destacar que, além da oferta elevada, a manga Tommy Atkins apresentou boa qualidade (frutos maiores) no ETSP, encerrando o período ao preço médio de R$ 3,65/kg. Por sua vez, o mamão Havaí foi cotado a R$ 3,20/kg, enquanto o maracujá azedo fechou a R$ 6,38/kg.
Por outro lado, a chegada de dias mais quentes na primavera estimula o consumo de sucos e frutas in natura, ampliando a demanda por laranjas doces. No cinturão citrícola de São Paulo, outubro marca o final da colheita da safra principal de laranja pera (2024/2025), principal variedade do mercado. Com essa variedade ficando mais escassa, a demanda migra para as variedades disponíveis, como a laranja lima. Ficando a demanda mais aquecida pelo calor e a migração do consumo, nem mesmo o aumento no volume de oferta da laranja lima (+8,3%) foi suficiente para conter a elevação de preços e ela encerrou o período cotada a R$ 4,00/kg.
O setor de LEGUMES caiu -11,57% ante uma queda de -11,22% no mês anterior. No mesmo período do ano passado, o setor havia apresentado alta de +5,16% e, com o resultado obtido, encerrou o mês com um acumulado de +5,97% no ano e de +0,82% em 12 meses. Dos 32 itens cotados nesta cesta de produtos, 72% apresentaram queda de preço.
As principais quedas ocorreram nos preços de PIMENTÃO AMARELO (-43,78%), PIMENTA CAMBUCI (-42,41%), BERINJELA (-39,20%), ABOBRINHA ITALIANA (-35,36%) e PIMENTÃO VERMELHO (-33,88%). As principais altas ocorreram nos preços de INHAME (+24,60%), QUIABO (+21,94%), BATATA-DOCE ROSADA (+21,26%), ABÓBORA SECA (+16,52%) e TOMATE CARMEM (+9,68%).
Destaque do período, a oferta de hortaliças do setor de legumes acabou sendo beneficiada pelo calor e pelo retorno gradual das chuvas nas principais regiões produtoras de São Paulo e do sul de Minas. A ausência de eventos climáticos severos e a quantidade ideal de sol permitiram uma alta fixação dos frutos no período da florada. A chegada do calor no início de outubro acelerou a maturação dos produtos no campo. O retorno das chuvas na segunda quinzena do mês foi responsável por abrir uma “janela” para a colheita dos legumes, principalmente dos pimentões coloridos, berinjela e abobrinha.
A produção de pimentões coloridos exige mais tempo de sol e o clima favorável permitiu que os produtores mantivessem os frutos por mais tempo no pé para ganharem a coloração. Apesar de esses produtos serem majoritariamente em cultivo protegido (estufas), a chegada da chuva forçou sua colheita antecipada, já que a alta umidade e o calor favorecem o aparecimento de pragas e doenças. Com isso, a oferta dos pimentões coloridos aumentou, favorecendo as reduções de preço. No ETSP, o pimentão amarelo encerrou o período comercializado a R$ 7,39/kg, enquanto o pimentão vermelho fechou a R$ 7,71/kg.
O clima ideal maximizou a colheita tanto de abobrinha quanto de berinjela, que são culturas de alta produtividade e colheita constante, sendo realizada quase diariamente. Com a chegada da chuva, o produtor colheu em excesso para evitar perdas na produção. Como não podem ser armazenadas por muito tempo, o volume ofertado precisou ser comercializado a preços menores. No ETSP, a berinjela encerrou o período cotada a R$ 2,33/kg e a abobrinha italiana fechou a R$ 1,61/kg.
O setor de VERDURAS subiu +2,08% ante uma queda de -7,86% no mês anterior. No mesmo período do ano passado, o setor havia apresentado alta de +2,64% e, com o resultado obtido, encerrou o mês com um acumulado de -11,77% no ano e de +9,67% em 12 meses. Dos 39 itens cotados nesta cesta de produtos, 49% apresentaram alta de preço.
As principais altas ocorreram nos preços de RÚCULA HIDROPÔNICA (+31,88%), ACELGA (+28,39%), NABO (+24,30%), RABANETE (+18,23%) e COUVE MANTEIGA (+16,98%). As principais quedas ocorreram nos preços de ALMEIRÃO (-11,51%), COENTRO (-10,47%), MANJERICÃO (-7,40%), ALFACE CRESPA (-6,54%) e SALSÃO VERDE/BRANCO (-5,37%).
Diferente dos legumes (que na verdade são frutos), as verduras (hortaliças folhosas) são extremamente frágeis perante as condições climáticas. O calor, a chuva e os ventos fortes ocorridos no período prejudicaram a qualidade das hortaliças folhosas, o que acabou pressionando as cotações.
A rúcula hidropônica é um exemplo disso e, apesar de uma alta de +5,8% em seu volume de oferta, encerrou o período cotada a R$ 31,70/engradado, tendo a restrição na qualidade do produto sido decisiva para a alta de preços verificada no período. Apesar de seu cultivo ser realizado em estufas, o aumento na umidade relativa do ar provocada pelas chuvas e o calor no ambiente de produção criam um “efeito sauna”, propício à proliferação de doenças. Para evitar perdas na produção, os produtores optam por antecipar a colheita, refletindo na alta do volume de oferta.
O mesmo fenômeno de restrição na qualidade afetou outros cultivos. A acelga encerrou o período cotada a R$ 27,32/engradado e a couve manteiga fechou em R$ 25,06/engradado.
O nabo e o rabanete são hortaliças do tipo raiz de ciclo curto de comercialização e os preços abaixo da média nos meses de agosto e setembro fizeram com que os produtores plantassem menos, o que culminou na redução de oferta e aumentou os preços. Dessa forma, o nabo encerrou o período ao preço médio de R$ 12,98/maço e o rabanete, a R$ 2,81/maço.
O setor de DIVERSOS subiu +1,17% ante uma queda de -4,52% no mês anterior. No mesmo período do ano passado, o setor havia apresentado queda de -4,30% e, com o resultado obtido, encerrou o mês com um acumulado de -16,74% no ano e de -22,16% em 12 meses. Dos 11 itens cotados nesta cesta de produtos, 45% apresentaram alta de preço.
As principais altas ocorreram nos preços de BATATA LAVADA (+26,59%), CEBOLA NACIONAL (+18,17%), BATATA ESCOVADA (+2,84%), OVOS BRANCOS (+2,00%) e OVOS VERMELHOS (+0,53%). As principais quedas ocorreram nos preços de COCO SECO (-10,35%), ALHO NACIONAL (-10,10%), AMENDOIM SEM PELE (-9,12%), BATATA ASTERIX (-9,03%) e AMENDOIM COM PELE (-6,00%).
Outubro marcou o fim da safra de inverno. As chuvas desse mês prejudicaram a colheita e a qualidade das batatas. O volume mensal de oferta da batata escovada (-38,3%) caiu drasticamente, o que acabou deslocando a demanda para a batata lavada, que apesar da alta no volume de oferta (+3,1%) teve seu preço elevado no mercado atacadista. A lavagem da batata para atender ao aumento da demanda pelo produto adicionou custos à produção (água, mão de obra, maquinário e perda do produto no processo). Nesse contexto, a batata escovada encerrou o período cotada a R$ 2,32/kg, enquanto a variedade lavada encerrou a R$ 2,13/kg.Além disso, parte dessa alta reflete uma recuperação de preços do setor, que vinha operando com valores abaixo da média há alguns meses.
A entressafra entre a safra de inverno e a safra de verão impulsionou os preços da cebola nacional no mercado atacadista e o leve aumento no volume de oferta do produto (+3,4%) simboliza esse período de transição. O preço subiu no ETSP porque o mercado começa a precificar a escassez do bulbo, que ocorrerá entre os meses de novembro e dezembro. Assim, o item encerrou o período cotado a R$ 1,66/kg. Vale ressaltar que, assim como ocorreu com a batata, parte desse movimento de alta se deve a uma correção após um longo período de preços deprimidos no setor.
O setor de PESCADOS subiu +5,70% ante uma alta de +0,55% no mês anterior. No mesmo período do ano passado, o setor havia apresentado alta de +0,31% e, com o resultado obtido, encerrou o mês com um acumulado de -1,16% no ano e de +2,01% em 12 meses. Dos 28 itens cotados nesta cesta de produtos, 50% apresentaram alta de preço.
As principais altas ocorreram nos preços de ATUM (+22,77%), CAVALINHA (+20,04%), ROBALO (+13,57%), ABRÓTEA (+11,61%) e TAINHA (+9,65%). As principais quedas ocorreram nos preços de ESPADA (-16,00%), SARDINHA LAGES (-13,50%), CURIMBA (-9,37%), CORVINA ÁGUA SALGADA (-6,38%) e CAÇÃO AZUL (-3,30%).
O setor de Pescados registrou uma alta significativa no mês de outubro. O movimento foi impulsionado por um cenário de mercado dividido: de um lado, uma forte contração na oferta de peixes nobres e, do outro, um aumento de demanda que pressionou os preços de espécies mesmo com maior volume de entrada.
A redução na oferta do robalo (-8,1%), peixe de alto valor comercial, está ligada a fatores sazonais e climáticos. A oferta reduzida, combinada com a demanda por restaurantes de gastronomia mais sofisticada, manteve os preços em alta. No ETSP, o item encerrou o período cotado a R$ 60,06/kg.
Commodity internacional, o atum tem seu preço fortemente influenciado pelos custos de captura (combustível das frotas de longo curso) e pelo câmbio. Contudo, no mercado doméstico, o aumento de +9,0% na oferta não foi suficiente para atender à demanda. Dessa forma, o produto encerrou o período cotado a R$ 36,50/kg no mercado atacadista.
A queda abrupta no volume mensal de oferta da abrótea (-87,7%) foi o principal fator da alta de preços. Sendo peixe de águas mais frias e profundas, as condições climáticas de outubro, conforme apresentadas pelos principais institutos de meteorologia, apontaram para um mês com maior incidência de frentes frias e “maresias” (mar agitado) no litoral sul do país. Estas adversidades climáticas impactaram diretamente a pesca artesanal e as frotas de pequeno porte, cruciais para a captura desta espécie, que encerrou o período cotada a R$ 12,66/kg no ETSP.