Tarifas de Trump: impactos sobre o milho brasileiro ainda são indiretos

Publicado em 10/07/2025 10:18
Alta do dólar e possível retração no consumo de ração animal levantam alertas no setor, mesmo sem exportações diretas aos EUA

As novas tarifas anunciadas por Donald Trump contra as exportações brasileiras para os Estados Unidos provocaram reação imediata no câmbio e acenderam o alerta entre analistas do agronegócio. No setor de milho, os efeitos ainda são avaliados como indiretos, mas com potenciais desdobramentos caso o embate comercial se intensifique.

Segundo Enilson Nogueira, analista da Céleres Consultoria, o principal reflexo até agora está no câmbio, com o dólar reagindo à incerteza política e comercial entre os países. “Ontem, o dólar subiu 1%. Esse movimento tende a ser um ponto de suporte, mesmo que pontual, para as cotações internas do milho”, explica.

Outro possível impacto está na cadeia da carne bovina, que utiliza o milho como base na formulação de ração animal. “Os EUA consomem de 5% a 10% da carne bovina exportada pelo Brasil. Com o aumento de tarifas, há chance de retração nessa demanda, o que pode reduzir o consumo de milho internamente”, avalia o analista.

Para Roberto Carlos Rafael, da Germinar Corretora, o cenário ainda é marcado por muita incerteza, e a volatilidade no câmbio deve seguir como principal termômetro. “Esse movimento todo gerou uma euforia misturada com pânico, e isso traz uma volatilidade muito grande. Não sabemos até que ponto o dólar pode subir. Se isso se prolongar, culturas como café, laranja e carnes serão penalizadas.”

No caso do milho especificamente, ele pondera que o Brasil não exporta volumes significativos aos EUA, o que isenta o cereal das tarifas de forma direta. Ainda assim, o analista reforça que queda na demanda por carne bovina pode provocar ajustes no consumo de milho.

Por ora, Rafael lembra que o principal fator de pressão nos preços continua sendo a safra volumosa que vem sendo colhida. “O produtor precisa focar em exportar. O mercado interno, por si só, não vai absorver tudo. E ainda temos uma safra americana indo bem, o que também pode pesar nos preços lá na frente.”

Por: Guilherme Dorigatti
Fonte: Notícias Agrícolas

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