Kátia Abreu na Agricultura (cobertura de Folha e Estadão)
FOLHA: Kátia Abreu vai para Agricultura; Armando Monteiro, para Indústria
DE BRASÍLIA
Além do núcleo da nova equipe econômica, a presidente Dilma Rousseff divulgará na próxima semana nomes para outros ministérios e empresas estatais ligados ao setor produtivo.
Ela convidou os senadores Armando Monteiro (PTB-PE) e Kátia Abreu (PMDB-TO) para ocupar, respectivamente, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e o da Agricultura.
O convite a Monteiro busca recriar pontes com o setor industrial. O senador já foi presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria) e conta com o apoio do atual comandante da instituição, Robson Braga Andrade.
Nas últimas eleições, disputou o governo de Pernambuco, perdendo a eleição para Paulo Câmara, do PSB.
A escolha de Abreu para a pasta da Agricultura é um aceno ao empresariado rural. Ela preside a CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil) e se aproximou de Dilma recentemente. Na eleição presidencial, o setor apoiou Aécio.
A opção pela peemedebista também tenta agradar o partido do vice, Michel Temer, que ocupou a pasta neste mandato de Dilma.
O convite aos dois atende a conselhos do ex-presidente Lula, que recomendou à sucessora retomar o diálogo com o setor empresarial para tentar impulsionar o crescimento da economia.
Lula e analistas de mercado citam a falta de confiança dos empresários no governo como um dos principais motivos para o ritmo fraco da economia, que deve crescer perto de zero neste ano.
Além do nome dos dois ministros, Dilma vai escalar também o grupo de comando dos bancos públicos.
O atual secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Paulo Cafarelli, deve substituir o presidente do Banco do Brasil, Alberto Bendine, enfraquecido por causa de denúncias de irregularidades --que ele nega. Cafarelli fez carreira dentro do BB.
Jorge Hereda tende a ser mantido no comando da Caixa Econômica Federal. Ele é petista e se encaixa no perfil desejado pela presidente de usar o banco para estimular a economia do país.
Dilma vai trocar ainda o comando do BNDES (Banco nacional de Desenvolvimento Econômica e Social), hoje nas mãos de Luciano Coutinho. A dúvida é se essa troca será feita imediatamente ou ficará para uma segunda etapa.
No ESTADÃO:
Presidente também atende à indústria e ao agronegócio
Kátia Abreu, da CNA, e Monteiro, ex-CNI e senador do PTB, vão para pastas da Agricultura e do Desenvolvimento
Brasília - A decisão da presidente Dilma Rousseff de indicar os senadores Armando Monteiro (PTB-PE) e Kátia Abreu (PMDB-TO) para ocupar, respectivamente, os ministérios do Desenvolvimento (MDIC) e da Agricultura tem por objetivo reaproximá-la dos dois setores. Ao mesmo tempo, Dilma busca isolar o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), dos movimentos que costura para presidir a Casa Legislativa a partir de 2015.
O convite feito por Dilma para Kátia Abreu irrita principalmente o PMDB da Câmara. Atual presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), ela vai ocupar um ministério que hoje é da "cota" dos deputados do partido, com aliados de Cunha integrando a pasta. A indicação não agradou à bancada peemedebista. Um dos integrantes disse que se a presidente fez isso, ela vai ter de dar a eles outro ministério para "compensar".
O ex-ministro Antônio Andrade (MG) teria saído da pasta em março com a promessa de Dilma de que ele indicaria um deputado para ser o titular da Agricultura em 2015, caso ele conseguisse uma boa vantagem eleitoral para a presidente em Minas. Andrade venceu a eleição mineira como vice na chapa do governador eleito Fernando Pimentel (PT) e estaria trabalhando para emplacar o deputado Mauro Lopes (PMDB-MG) no ministério.
A bancada peemedebista do Senado também não considera que ganharia mais uma pasta com a indicação de Kátia Abreu. A avaliação é de que a senadora reeleita é uma neófita na sigla - saiu do DEM e passou pelo PSD antes do PMDB - e não seria um "espaço" para a legenda. Um senador do partido definiu Katia como "um nome bom", mas que seria da cota pessoal de Dilma.
Atualmente, o PMDB tem cinco pastas: Minas e Energia, com o senador licenciado Edison Lobão; Previdência, com o também senador licenciado Garibaldi Alves Filho; Agricultura, com Neri Geller; Turismo, com Vinícius Lages; e Aviação Civil, com Moreira Franco.
No caso da escolha de Armando Monteiro, a intenção é tentar levar o PTB a apoiar uma candidatura à presidência da Câmara que será lançada pelo PT para tentar derrotar Cunha. O partido elegeu 25 deputados e terá três senadores a partir do ano que vem.
Ao Estado, Monteiro reconheceu que o partido tem seu "peso" na Congresso. Sem entrar em detalhes, ele disse que, durante a conversa que teve com Dilma ontem, discutiu também a situação política atual. Para ele, porém, uma eventual confirmação sua para o MDIC, seria uma indicação da "cota pessoal" da presidente.