Dólar cai quase 1,5% ante real e fecha semana em queda com referendo britânico
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em queda de quase 1,5 por cento frente ao real nesta sexta-feira e anulou os ganhos vistos na semana até então, com operadores apostando que a campanha pela saída da Grã-Bretanha da União Europeia (UE) pode perder fôlego, trazendo algum alívio à onda de aversão a risco que varreu os mercados globais nesta semana.
O dólar recuou 1,43 por cento, a 3,4203 reais na venda e, com isso, encerrou a semana com queda de 0,31 por cento. Até a véspera, a moeda norte-americana acumulava alta de 1,14 por cento, pressionada por preocupações com o referendo britânico.
O dólar futuro recuava cerca de 1,35 por cento no final da tarde.
"O mercado reverteu na sexta-feira boa parte do pessimismo com o referendo que marcou a semana. O Brasil reagiu bastante porque está sensibilizado, com volume menor", disse o operador da corretora B&T Marcos Trabbold.
As campanhas a favor de ambos os lados no referendo britânico foram suspensas na véspera após o assassinato da parlamentar Jo Cox, que defendia a permanência.
Pesquisas recentes vinham mostrando crescente opção pelo voto pela saída, alimentando preocupações com possíveis impactos sobre a economia e os mercados financeiros globais.
Mas cotações da casa de apostas Betfair mostraram que a probabilidade implícita de vitória da permanência britânica na UE subiu para 67 por cento nesta sexta-feira. No dia anterior, a chance chegou a cair a 60 por cento, para então se recuperar para cerca de 65 por cento no fim do dia.
O alívio era sentido em outras moedas. O dólar recuava 0,6 por cento em relação ao peso mexicano no final da tarde, após subir cerca de 1,6 por cento na semana até a véspera.
No cenário local, investidores evitaram fazer grande negócios em meio ao cenário político incerto, limitando a liquidez e deixando as cotações mais sensíveis.
Delações premiadas citando figuras importantes do governo de Michel Temer, incluindo o próprio presidente interino, têm gerado apreensão sobre governança e a credibilidade do país.
Na quinta-feira, Henrique Eduardo Alves pediu demissão de seu cargo de ministro do Turismo depois de ser citado em delação premiada do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, na terceira baixa de ministros em pouco mais de um mês de governo Temer.
"Não dá para ficar 100 por cento otimista porque tem o cenário político, que é muito incerto", resumiu o superintendente de derivativos da corretora de um banco nacional.