Coronavírus em SC: governo desenvolve Sistema de Informações Geográficas para tomar decisões mais precisas

Publicado em 04/05/2020 10:48

O governo do Estado reuniu um grupo de especialistas que criou um Sistema de Informações Geográficas (SIG) para apoiar a tomada de decisões durante a crise da pandemia. Na prática, trata-se de um conjunto de mapas, acessados on-line, que cruzam informações fundamentais, como a vulnerabilidade da população à Covid-19, o número de leitos e outros equipamentos hospitalares, a quantidade de vagas em cemitérios e a localização de crematórios, bem como a situação de contágio do sistema prisional pelo Estado.

A ferramenta foi criada por um grupo de trabalho criado pelo Comitê Gestor de Inteligência de Dados para o enfrentamento da Covid-19. O grupo reúne especialistas da Epagri, da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e Sustentável (SDE), do Núcleo de Inovação, Estudos Territoriais e Tecnologias Aplicadas (NIETTA), do Corpo de Bombeiros, do Ciasc, da UFSC e da Social Good Brasil. A Secretaria de Estado da Administração é a responsável pela operação do Sistema.

A primeira versão do SIG já está operacional e sendo usada pelas Secretarias da Saúde e do Desenvolvimento Econômico e Sustentável, Defesa Civil, Vigilância Sanitária e outras entidades governamentais catarinenses que demandem as informações. O acesso é restrito ao governo, já que o sistema contém dados individualizados que são legalmente sigilosos.

Luiz Fernando de Novaes Vianna, pesquisador da Epagri envolvido no projeto, explica que o Sistema está em constante atualização. Ele conta que, em breve, será lançada a segunda versão, que vai incorporar os resultados dos modelos epidemiológicos e permitir avaliar a tendência de expansão ou contenção da pandemia em Santa Catarina.

Vianna esclarece que com base no SIG é possível tomar decisões até no processo de evolução do isolamento dos catarinenses. "O detalhamento das informações geradas permite que o governo adote medidas mais precisas por regiões, municípios e até por bairros do Estado", descreve o pesquisador da Epagri.

O Sistema é dinâmico. Os dados de acompanhamento dos casos são gerados diariamente pela Secretaria de Saúde. A evolução dos sintomas entre os cidadão é coletada em tempo real através do sistema de triagem on-line (https://triagem.coronavirus.sc.gov.br/). O Ciasc é responsável por gerenciar uma base multi-institucional que também recebe dados dos hospitais, centros de saúde, cemitérios e crematórios. Esses dados são georreferenciados e podem ser visualizados sobre bases cartográficas, imagens de satélites e sobre os mapas de vulnerabilidade e rede de influência das cidades (REGIC).

Vulnerabilidade

O passo inicial para a construção do sistema foi o mapa de vulnerabilidade desenvolvido pela equipe. Para definir o índice de vulnerabilidade dos catarinenses à Covid-19, os técnicos levam em conta três medidas: faixa etária com maior probabilidade de internação e taxa mais alta de mortalidade decorrente da doença, renda da população e densidade demográfica.

Para fazer o corte da faixa etária, foi considerada a população com mais de 45 anos, que inclui tanto os que estão mais expostos à contaminação quanto os casos em que a doença é mais letal. Já no aspecto renda, foi definida como mais vulnerável a população que recebe menos de três salários mínimos, refletindo a dificuldade de adoção de ações que reduzam a exposição ao vírus, como o distanciamento social. Essa também é a faixa populacional que mais necessitará do sistema público de saúde. Por fim, a escolha da densidade demográfica para integrar o índice justifica-se pelo fato de que áreas mais densamente povoadas são mais vulneráveis à propagação de doenças contagiosas.

De acordo com Vianna, as áreas indicadas como mais vulneráveis no índice coincidem com aquelas onde foram confirmados os maiores números de casos de Covid-19 nos primeiros 40 dias da epidemia em Santa Catarina, demonstrando que o índice é um bom preditor para a tendência de avanço da doença. Os setores com índice de vulnerabilidade alto e muito alto estão localizados nos principais aglomerados urbanos do Estado, como a Grande Florianópolis, Itajaí/Balneário Camboriú, Blumenau, Joinville, Criciúma, Lages e Chapecó.

Ao incluir a variável densidade populacional, o índice de vulnerabilidade também considera o fluxo de pessoas entre essas regiões e mesmo no interior delas. Nos grandes centros e entre eles, há um maior fluxo de pessoas, mercadorias e serviços, o que tende a acelerar a velocidade de disseminação da doença. Esse trabalho de análise das conexões e redes de fluxos entre cidades está sendo coordenado pelo Núcleo de Inovação, Estudos Territoriais e Tecnologias Aplicadas (NIETTA), em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e a Fundação Oswaldo Cruz. A base do trabalho é o estudo Regiões de Influência das Cidades (REGIC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (https://www.ibge.gov.br/geociencias/cartas-e-mapas/redes-geograficas/15798-regioes-de-influencia-das-cidades.html?=&t=o-que-e)

Fonte: Epagri - SC

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Wall St salta com dados de empregos nos EUA reforçando hipótese de cortes nos juros
Dólar cai ao menor valor em quase um mês com dados fracos de emprego nos EUA
Ibovespa fecha em alta com melhora em perspectivas sobre juros nos EUA
Taxas futuras de juros têm nova queda firme no Brasil após dados de emprego nos EUA
Brasil e Japão assinam acordos em agricultura e segurança cibernética