Trump intensifica conflito com a China e acusa país de causar prejuízos bilionários à economia dos EUA

Publicado em 29/05/2020 16:21 e atualizado em 29/05/2020 17:38

O presidente americano Donald Trump se pronunciou no final da tarde desta sexta-feira (29) e voltou a intensificar seu conflito com a China, fazendo duras acusações à nação asiática, motivadas, principalmente pelo coronavírus. Trump acusou a nação asiática de causar prejuízos bilionários à economia dos EUA, além de afirmar ainda que os chineses possuem espiões em fábricas norte-americanas para roubar sua tecnologia. 

Em seu discurso, o presidente americano disse ainda que ordenaria a reguladores financeiros que examinassem empresas da China listadas nas bolsas de valores dos EUA para que os investimentos sejam limitados. Mais do que isso, Trump afirmou que pedirá que seja negada a entrada de chineses nos EUA que sejam considerados uma ameaça à segurança do país. 

"Nossas ações serão fortes, nossas ações serão significativas", disse Trump durante sua coletiva, sem responder perguntas da imprensa. "O padrão de má conduta da China é bem conhecido", completou. 

O presidente seguiu dizendo ainda "que o governo chinês continuamente violou suas promessas para nós". Esses fatos simples não podem ser esquecidos ou deixados de lado. O mundo agora está sofrendo como resultado da má conduta do governo chinês", referindo-se ao Covid-19.

Para o diretor da ARC Mercosul, Matheus Pereira, as declarações distanciam ainda mais as relações entre China e Estados Unidos, em um cenário onde a consultoria já não acreditava na possibilidade de uma reconciliação total entre Donald Trump e Xi Jinping. 

"Trump busca apoio eleitoral e vai usar a situação desta revolta popular com a China, pela culpa do COVID-19, e atacar os asiáticos. Tudo isso deixa o acordo comercial ainda mais distante", diz. 

Os efeitos da fala de Donald Trump aos mercados serão conhecidos somente na segunda-feira (1), uma vez que o pronunciamento foi feito após os fechamentos desta sexta-feira. Todavia, já é sabido que esse distanciamento ainda maior entre China e EUA deverá continuar favorecendo o agronegócio brasileiro. 

Como explica Carlos Cogo, diretor da Cogo Inteligência em Agronegócio, com a pouca disponibilidade de soja no Brasil, um dos setores mais beneficiados poderia ser o de proteínas animais. A China já vem importando bastante das três carnes, inclusive do Brasil. E o mercado brasileiro tem espaço para ampliar suas vendas externas diante de um consumo interno menor neste momento. 

HONG KONG

As relações entre China e Hong Kong também tem sido combustível para um desalinho entre chineses e americanos e o momento foi uma constante nas declarações de Trump. Dessa forma, o presidente americano afirma que os planos da nação asiática para reduzir a autonomia de Hong Kong e que podem prjudicar ainda mais suas relações com os americanos. 

Assim, afirmou que os EUA já darão início a um processo para retirar todo o tratamento especial que é concedido a Hong Kong. O Secretário de Estado norte-americano Mike Pompeo já havia se colocado sobre o assunto e dito que, de fato, o território já não merece mais esse tratamento sob a lei dos EUA. 

OMS

Trump  anunciou que rompeu com a Organização Mundial da Saúde, mesmo em meio à pandemia do novo coronavírus. O presidente culpou o comportamento da OMS frente ao ocorrido na China pelo desligamento. Além disso, disse que o país asiático tem "total controle" da organização. 

Com contribuição da ARC Mercosul e da Bloomberg. 

Na Reuters

Trump diz que EUA vão iniciar processo para retirar privilégios de Hong Kong

WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta sexta-feira que determinou a seu governo que inicie o processo para eliminar o tratamento especial concedido a Hong Kong em resposta aos planos da China de impor uma nova legislação de segurança para o território.

Trump fez o anúncio em uma entrevista coletiva na Casa Branca, dizendo que a China havia quebrado sua palavra sobre a autonomia de Hong Kong. Ele disse que a ação chinesa contra Hong Kong era uma tragédia para o povo de Hong Kong, a China e o mundo.

A medida anunciada por Trump ocorre depois que a China avançou com os planos de impor uma nova legislação de segurança nacional, e após o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, afirmar que o território não merece mais o tratamento especial sob a lei dos EUA que permitia que permanecesse como um centro financeiro global.

(Reportagem de Steve Holland, Jeff Mason e David Brunnstrom)

Primeiro-ministro do Reino Unido e Trump criticam plano da China para Hong Kong

LONDRES (Reuters) - O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disseram nesta sexta-feira que o plano da China de impor uma legislação de segurança nacional em Hong Kong iria minar a autonomia do território.

O Parlamento chinês aprovou uma decisão de avançar com a legislação de segurança nacional de Hong Kong, a qual ativistas da democracia, diplomatas e alguns empresários do mundo temem comprometer seu status semi-autônomo e seu papel como um centro financeiro global.

"Os líderes disseram que o plano da China de impor uma legislação de segurança nacional em Hong Kong contraria suas obrigações sob a Declaração Conjunta Sino-Britânica e minaria a autonomia de Hong Kong e a estrutura de 'um país, dois sistemas", disse um comunicado divulgado pelo gabinete de Johnson após uma chamada entre os líderes.

Reino Unido, Estados Unidos, Austrália, Canadá e União Europeia já criticaram a decisão.

Johnson e Trump também discutiram a importância de os líderes do G7 (Grupo dos Sete) encontrarem-se pessoalmente, caso possível, com a próxima cúpula do grupo das principais economias desenvolvidas prevista para ocorrer nos EUA.

Os dois líderes também discutiram a segurança das telecomunicações, afirmou o comunicado, que não forneceu, no entanto, mais detalhes sobre o que foi dito em torno do assunto.

O Reino Unido e os Estados Unidos estão em desacordo à decisão de Londres de permitir que a empresa chinesa de telecomunicações Huawei desempenhe um papel na implementação da rede 5G do Reino Unido.

(Por William James)

Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte: Notícias Agrícolas

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