Brasil registra 623 novas mortes por Covid-19 e se aproxima dos 30 mil óbitos

Publicado em 02/06/2020 00:02

SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil registrou nesta segunda-feira 12.247 novos casos e 623 novas mortes em decorrência do coronavírus, o que eleva as contagens totais no país para 526.447 infecções e 29.937 óbitos, informou o Ministério da Saúde.

Os números são inferiores aos recordes da última semana, quando o Brasil chegou a ultrapassar as marcas diárias de 30 mil casos e mil óbitos, mas os registros das segundas-feiras costumam ser menores por causa do represamento de testes nos finais de semana.

O Brasil é o segundo país com maior número de casos de coronavírus no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, que possuem 1,8 milhão de infecções, segundo contagem da Reuters.

Em relação às mortes, o Brasil ocupa o quarto lugar no ranking global, abaixo somente de EUA, Reino Unido e Itália.

Enquanto países da Europa veem comércios e escolas reabrirem e ensaiam uma gradual volta à normalidade, o Brasil torna-se novo epicentro da pandemia no mundo. O Brasil soma 29.937 mortes e só está atrás dos Estados Unidos, Reino Unido e Itália no total de vidas perdidas para a doença.

Brasil está entre os países que não chegaram ao pico da Covid, diz OMS

O diretor do programa de emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan, afirmou que o pico do coronavírus no continente ainda não foi atingido. Ryan destacou que países das Américas, como Brasil, Peru, Chile e México, estão entre os que mais registram novos casos da doença em 24 horas. Além disso, afirmou que o país está entre aqueles que não chegaram ao pico da transmissão.

"Não acredito que tenhamos atingido o pico, e não posso prever quando ocorrerá, mas precisamos mostrar solidariedade aos países das Américas Central e do Sul, da mesma forma que fizemos com países de outras regiões. Estamos juntos e ninguém fica para trás. Se olharmos os diferentes hemisférios, cinco dos dez países com maior número de casos nas últimas 24h estão nas Américas: Brasil, EUA, Peru, Chile e México. É uma área bastante ampla. E os países com maior aumento são Brasil, Colômbia, Peru, México, Haiti e Argentina", disse.

A divulgação diária dos números da Covid-19 no Brasil pelo Ministério da Saúde não indica que as infecções e óbitos tenham necessariamente ocorrido nas últimas 24 horas, mas sim que os registros foram inseridos no sistema no período.

De acordo com os número da pasta, São Paulo continua sendo o Estado mais afetado pela doença no Brasil, com 111.296 casos e 7.667 mortes.

O Rio de Janeiro vem na sequência, com 54.530 infecções e 5.462 óbitos. A prefeitura da capital fluminense anunciou nesta segunda-feira um plano de reabertura gradual com seis fases, que entrará em vigor na terça-feira, embora o Estado tenha prorrogado as medidas de isolamento social até o final desta semana.

O Ceará aparece em terceiro no ranking por Estados, contando com 50.504 casos e 3.188, enquanto o Amazonas soma 41.774 infecções e 2.071 óbitos.

Ainda de acordo com o ministério, 211.080 pacientes se recuperaram da Covid-19 no Brasil, enquanto 285.430 estão em acompanhamento.

Veja um gráfico de casos pelo mundo: https://graphics.reuters.com/CHINA-HEALTH-MAP/0100B59S43G/index.html

Cientistas buscam locais críticos da pandemia em corrida para testar vacinas

LONDRES/CHICAGO (Reuters) - A primeira onda da pandemia de Covid-19 pode estar passando na maior parte do mundo. Mas para os desenvolvedores da vacina, isso pode ser um problema. 

Cientistas na Europa e nos Estados Unidos dizem que o sucesso relativo das medidas rígidas de distanciamento social e de quarentenas em algumas áreas e países significa que as taxas de transmissão do vírus podem estar em níveis tão baixos que não há doenças circulando o bastante para testar verdadeiramente o potencial das vacinas. 

Eles podem precisar olhar para fora de seus continentes, para pontos críticos da pandemia atualmente na África e na América Latina, para conseguir resultados convincentes. 

"Ironicamente, se tivermos sucesso utilizando medidas de saúde pública para acabar com os pontos críticos de infecção viral, será mais difícil testar a vacina", disse Francis Collins, diretor do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos. 

Uma vacina é vista como essencial para encerrar a pandemia que já matou mais de 370 mil pessoas e infectou mais de 6 milhões até agora, e líderes mundiais encaram a inoculação como a única maneira real de retomar suas economias paralisadas. 

Mas a condução de testes clínicos em grande escala para vacinas potenciais contra uma doença completamente nova em velocidade é complexa, dizem os cientistas. Mostrar a eficácia nesses testes durante uma pandemia flutuante acrescenta dificuldades a mais -- e fazê-lo enquanto as epidemias estão perdendo força torna tudo ainda mais complicado. 

"Para este trabalho, as pessoas precisam ter um risco de infecção na comunidade. Se o vírus foi temporariamente extinto, então o exercício é inútil", disse Ayfer Ali, especialista em reaproveitamento de medicamentos na Warwick Business School, no Reino Unido. 

"A solução é ir para áreas onde a infecção está sendo propagada amplamente na comunidade -- países como o Brasil e o México nesse momento". 

Testes de vacinas funcionam com uma divisão randômica entre pessoas entre um grupo de tratamento e um grupo de controle, com o grupo de tratamento recebendo a vacina teste experimental e o grupo de controle recebendo um placebo. 

Todos os participantes voltam para a comunidade onde a doença circula, e as taxas subsequentes de infecção são comparadas. A esperança é que as infecções entre o grupo de controle sejam maiores, mostrando que a vacina está protegendo o outro grupo. 

 

DE OLHO NO BRASIL

Com as epidemias de Covid-19 no Reino Unido, na Europa continental e nos Estados Unidos caindo do pico e as taxas de transmissão do coronavírus em queda nesses lugares, uma importante tarefa para os cientistas é caçar surtos flutuantes da doença e buscar voluntários em seções de populações ou em países onde a doença ainda está abundante. 

Entre as primeiras vacinas da Covid-19 a avançar para a fase intermediária de teses, ou fase 2, está uma da empresa de biotecnologia norte-americana Moderna. Outra está sendo desenvolvida por cientistas na Universidade de Oxford, com apoio da AstraZeneca. 

Em julho, os EUA planejam iniciar testes em grane escala com 20 a 30 mil voluntários por vacina. Ressaltando o nível de preocupação na indústria, o diretor-executivo da AstraZeneca, Pascal Soriot, e seus pesquisadores estavam até contemplando a condução dos chamados testes "desafio" -- onde participantes receberiam a vacina experimental e então seriam deliberadamente infectados com a Covid-19 para testar o funcionamento. Tais testes são raros, altamente arriscados e difíceis de serem aprovados eticamente. 

Como opções mais rápidas e práticas, a Soriot e outras companhias estão olhando para o Brasil e para outros países na América do Sul, assim como algumas partes da África, onde os surtos de Covid-19 ainda estão crescendo rumo ao pico, como territórios propícios para os testes de medicamentos e vacinas. 

O Ministério da Saúde do Brasil disse que está conversando com vários desenvolvedores de vacinas, incluindo a Moderna e a Universidade de Oxford, sobre a participação em ensaios clínicos. O ministério disse que o objetivo era fornecer acesso a uma vacina para os brasileiros "no menor tempo possível".

Fonte: Reuters

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