Bolsonaro diz que preço dos combustíveis pode cair 10% com mudança em impostos

Publicado em 22/02/2021 10:36 e atualizado em 22/02/2021 11:59

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou a apoiadores nesta segunda-feira que é possível reduzir em 10% o preço dos combustíveis intervindo na bitributação e em mudanças no ICMS.

"Os impostos (no preço dos combustíveis) são bitributados, incidem sobre o preço na refinaria, nos postos e em cima do próprio ICMS. Se jogar só em cima disso, reduz 10% o preço dos combustíveis e vários organismos do governo não fazem nada. No fundo, ninguém fazia nada. Eu descobri tudo isso sozinho", criticou Bolsonaro em conversa com apoiadores ao deixar o Palácio da Alvorada.

O presidente quer alterar a forma de cobrança do ICMS, um imposto estadual, para que não seja mais cobrado na bomba, mas nas refinarias. O governo enviou há 10 dias um projecto de lei sobre o tema ao Congresso, mas a mudança enfrenta resistência dos governadores, já que vários Estados perderiam receita.

Com as ações da Petrobras --e de outras estatais-- desabando na bolsa de valores desde a abertura do mercado nesta segunda após, na sexta, Bolsonaro indicar o general Joaquim Silva e Luna para o comando da Petrobras no lugar de Roberto Castello Branco, o presidente voltou a afirmar que outras mudanças serão feitas e criticou a política de preços da petroleira e o mercado financeiro.

"Mudanças teremos no governo sempre que se fizer necessária, não tenho preocupação nenhuma outra a não ser atender o interesse público. Transparência e previsibilidade acima de tudo", disse o presidente, que voltou a criticar Castello Branco, a quem acusou de receber um salário alto e "sem trabalhar".

Pela idade, Castello Branco é considerado grupo de risco para a Covid-19 e, assim como a maior parte dos diretores da Petrobras, está trabalhando de casa desde o início da epidemia.

"É direito meu reconduzi-lo ou não. Ele não será reconduzido. Qual o problema? É sinal de que alguns do mercado financeiro estão muito felizes com a política que só tem um viés na Petrobras: atender os interesses próprios de alguns grupos no Brasil. Nada mais que isso", disse Bolsonaro.

"Ninguém quer perseguir servidor, muito pelo contrário, precisamos prestigiar servidores. Agora, o petróleo é nosso ou é de um pequeno grupo no Brasil?", disse Bolsonaro depois de dizer que os servidores da empresa estão trabalhando em um ritmo "diferenciado".

Bolsonaro voltou a dizer que não vai interferir na política de preços da Petrobras. Lembrou que na semana passada, a estatal reajustou em 10,2% o valor da gasolina e 15,2% do diesel nas refinarias, e o governo não reverteu o reajuste.

Em meio à crise econômica e ameaças constantes de greves de caminhoneiros, Bolsonaro tenta conter os reajustes, que já passam de 30% neste ano.

Apesar de dizer que não vai interferir, o presidente questionou mais uma vez o porquê dos reajustes e reclamou que não há transparência na Petrobras.

"Ninguém vai interferir na política de preços da Petrobras. Eu não consigo entender em um prazo de duas semanas ter uma variação do diesel de 15%. Não foi essa a variação do dólar aqui dentro nem no preço do barril lá fora. Então tem coisa aí que tem que ser explicada", disse.

O anúncio da não recondução de Castello Branco, a indicação de mais um general e ameaças vagas feitas por Bolsonaro no final de semana de que mais mudanças serão feitas nas estatais, levou a uma abertura nervosa do mercado financeiro nesta segunda.

Por volta de 11h25, as ações da Petrobras já caíam mais de 20% e a empresa havia perdido ao redor de 70 bilhões de reais em valor de mercado.

O Índice Bovespa caía 5,5%, puxado não apenas pela Petrobras, mas por quedas nas ações da Eletrobras e do Banco do Brasil.

Bolsonaro diz que política de preços da Petrobras atende interesses de alguns

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro criticou nesta segunda-feira a atual política de preços praticada pela Petrobras, afirmando que ela deixa o mercado financeiro feliz e atende o interesse de alguns no Brasil.

Em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada, Bolsonaro também criticou o atual presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmando que ele está há 11 meses "em casa sem trabalhar", pois está atuando remotamente em meio à pandemia de Covid-19. Ele também disparou críticas à política salarial dos executivos da estatal.

"É direito meu reconduzi-lo ou não. Ele não será reconduzido. Qual o problema? É sinal de que alguns do mercado financeiro estão muito felizes com a política que só tem um viés na Petrobras: atender os interesses próprios de alguns grupos no Brasil. Nada mais que isso", disse Bolsonaro, que na sexta indicou o general Joaquim Silva e Luna para substituir Castello Branco no comando da estatal.

"Ninguém vai interferir na política de preços da Petrobras. Eu não consigo entender em um prazo de duas semanas ter uma variação do diesel de 15%. Não foi essa a variação do dólar aqui dentro nem no preço do Barril lá fora. Então tem coisa aí que tem que ser explicada", acrescentou.

“Ninguém fazia nada para reduzir os preços dos combustíveis”, diz Bolsonaro

“Petróleo é de um grupo?”, indaga; “Exijo transparência de subordinado” (no Poder360)

O presidente Jair Bolsonaro na portaria do Palácio do Alvorada, na manhã desta 2ª feira, conversando com apoiadores

O presidente Jair Bolsonaro defendeu na manhã desta 2ª feira (22.fev.2021), em conversa com apoiadores, que a Petrobras tenha maior previsibilidade quanto aos reajustes de combustíveis. Pediu maior transparência quanto aos motivos que levaram os recentes aumentos nos preços cobrados pela petrolífera.

Bolsonaro disse que não entende o aumento de 15% anunciado pela companhia no preço do diesel, na semana passada. “Não foi essa a variação do dólar aqui dentro e do barril lá fora”, declarou ele na portaria do Palácio da Alvorada. “O petróleo é nosso ou de um pequeno grupo no Brasil?”, questionou.

Segundo o presidente, ninguém no governo fazia nada para reduzir os preços dos combustíveis. “Tenho que descobrir sozinho”, reclamou.

No fim de semana, o chefe do Executivo disse que órgãos de fiscalização como o Ministério de Minas e Energia, a Receita Federal e o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) deveriam fazer um melhor trabalho. Defendeu maior fiscalização por parte da Receita e do Inmetro para aferir à distância se postos de gasolina estão vendendo as quantidades certas de combustível.

“Alguns estão muito felizes com a política que só tem um viés na Petrobras, de atender interesses de alguns grupos”, afirmou.

Bolsonaro indicou o general Joaquim Silva e Luna para o comando da estatal. Ele deve substituir Roberto Castello Branco, que está no cargo desde o início do governo, em janeiro de 2019. “A gente vai mudar. Mudanças teremos no governo sempre que se fizer necessário”, disse ele.

O presidente criticou ainda a política salarial da Petrobras. Disse aos apoiadores que a chefia da estatal ganha mais de R$ 50 mil por semana e trabalha de casa, por causa do isolamento social, há 11 meses.

Assista abaixo (11min5seg):

Petrobras vê analistas cortarem recomendação para ações após Bolsonaro indicar CEO

SÃO PAULO (Reuters) - Analistas de mercado rebaixaram suas recomendações para as ações da estatal Petrobras nos últimos dias, após o presidente Jair Bolsonaro ter anunciado na sexta-feira a indicação de um novo presidente-executivo para a companhia.

Bolsonaro disse que pretende nomear o general Joaquim Silva e Luna como novo CEO da Petrobras ao final do mandato do atual chefe da estatal, Roberto Castello Branco, em 20 de março. O movimento veio na sequência de reclamações do presidente sobre o executivo devido aos preços dos combustíveis.

A XP Investimentos cortou a recomendação para os papéis da Petrobras de "neutro" para "venda" no domingo, em relatório sob o título "Não há mais como defender".

O BTG Pactual rebaixou a recomendação para "neutra", enquanto o Bradesco reduziu para "underperform". O Credit Suisse baixou a recomendação para "underperform" e reduziu pela metade o preço-alvo para os papéis, de 16 para 8 reais, citando "muitas incertezas".

O indicado para a Petrobras, Silva e Luna, falou à Reuters no fim de semana em "buscar um equilíbrio" para a política de preços da estatal, citando interesses de acionistas, mercado e do "povo", devido ao impacto dos preços sobre a cadeia produtiva.

Analistas da XP ressaltaram a sinalização negativa com o anúncio de Bolsonaro sobre mudança no comando da companhia, mesmo ainda sem saber que novidades Silva e Luna trará.

"O que importa em nossa opinião é a mensagem que está sendo transmitida ao mercado: está se tornando cada vez mais difícil do ponto de vista político para a Petrobras implementar uma política de preços em que os preços dos combustíveis variam de acordo com as variações dos preços do câmbio e do barril de petróleo (principalmente no caso do diesel, dadas as pressões da categoria dos caminhoneiros)".

Analistas do Itaú BBA colocaram a recomendação para os papéis da estatal "sob revisão", citando uma sensação de "déjà vu" e apontando que "mais uma vez, o governo interveio" nas políticas da petroleira.

Em relatório, o time do Itaú BBA lembrou que a Lei das Estatais (13.303/2016) e o estatuto da Petrobras deveriam blindar a empresa de uso político, o que sujeita a empresa a riscos de processos caso suas operações sejam tocadas em desacordo com seus interesses econômicos.

"O novo estatuto foi aprovado no final de 2017, e seu potencial descumprimento poderia elevar riscos de litígio para a companhia e seus representantes."

Eles ainda calcularam que operar com preços dos combustíveis abaixo da paridade internacional poderia gerar fortes perdas para a Petrobras em 2021. Elas seriam de 1,8 bilhão de dólares caso as cotações ficassem 5% abaixo da paridade, e de 5,4 bilhões se houver descompasso de 15%, com impacto sobre a alavancagem, que aumentaria.

Mercado age como “rebanho eletrônico”, diz Mourão sobre queda da Petrobras

“É especulação”, afirma o vice; Depois, investidor voltará correndo, no Poder360

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, disse nesta 2ª feira (22.fev.2021) que o preço das ações da Petrobras vai se recuperar porque o substituto de Roberto Castello Branco, general da reserva Luna e Silva, “é preparado”.

Os investidores financeiros estão reagindo negativamente à troca promovida pelo presidente Bolsonaro na petrolífera se desfazendo de seus investimentos na estatal.

“É especulação. O mercado é rebanho eletrônico. Sai correndo para um lado. Depois, volta correndo de novo”, disse o vice ao comentar a queda das ações na Bolsa nesta 2ª feira (22.fev).

Mourão negou que a troca no comando da Petrobras seja uma intervenção do presidente Jair Bolsonaro. Afirmou que a mudança foi uma “questão de confiança”. 

Bolsonaro indicou Luna e Silva, atual diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional e ex-ministro da Defesa do governo Michel Temer, para comandar a Petrobras. A decisão precisa do aval do Conselho de Administração da empresa, que se reúne nesta semana.

 

 

Fonte: Reuters

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