ONS volta a reduzir projeção de carga de energia em abril com avanço da pandemia

Publicado em 09/04/2021 15:35

SÃO PAULO (Reuters) - O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) voltou a reduzir a projeção para a demanda por eletricidade no Brasil em abril, ao apontar expectativa de alta de 12,9% na comparação com mesmo mês ao ano passado, quando o desempenho foi fortemente impactado por quarentenas para reduzir a disseminação do coronavírus.

Embora a projeção ainda aponte para significativo aumento na comparação anual, mesmo com novas medidas restritivas que têm sido adotadas no país contra a Covid-19, foi o segundo corte consecutivo nos números pelo ONS, que chegou a projetar no final de março que a carga de energia poderia saltar 16% neste mês

O Brasil registrou na quinta-feira novo recorde de mortes pelo vírus em um único dia, com 4.249 óbitos, o que elevou o total de vítimas fatais a 345.025, segundo dados do Ministério da Saúde.

Em meio ao agravamento da situação, que tem lotado hospitais e UTIs pelo país, diversos governos anunciaram medidas para conter a pandemia, mas os índices de isolamento registrados têm sido menores que no ano passado.

Em abril de 2020, primeiro mês inteiramente sob impacto de medidas restritivas contra a Covid-19 no Brasil, a carga de energia desabou quase 12% frente a 2019.

Agora, o ONS aponta para aumentos de dois dígitos na demanda, segundo boletim nesta sexta-feira, mas com corte frente às estimativas da semana anterior em todas regiões, exceto no Norte, onde vê o maior salto percentual, de 17,5%, ante 16,2% no boletim passado.

No Sudeste/Centro-Oeste, onde se concentra o consumo, a carga deve avançar 12,3%, abaixo dos 15,9% previstos antes. No Nordeste, o ONS vê alta de 11,3%, de 12,9% anteriormente, enquanto no Sul a nova previsão é de alta de 14,1%, de 16,5% antes.

Com a menor carga, o ONS reduziu ligeiramente para 4,69 gigawatts médios a previsão de acionamento de termelétricas na próxima semana, de 4,77 gigawatts anteriormente.

O uso da geração térmica, bem mais cara que a hidrelétrica, tem sido necessário devido às chuvas fracas na região dos reservatórios.

O ONS apontou que as precipitações na área das usinas hídricas do Sudeste, que têm a maior capacidade de armazenamento, devem atingir 65% da média histórica em abril, praticamente estáveis ante a semana anterior (66%), em meio ao final da estação de chuvas.

O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) disse nesta semana que os últimos meses, de setembro a março, tiveram as piores chuvas já registradas para o período em um histórico de 91 anos.

Em meio à escassez hídrica, os custos com o acionamento além do previsto de termelétricas somaram 3,9 bilhões de reais apenas nos três primeiros meses deste ano, superando os 3,7 bilhões de reais de todo ano passado, o que tem ajudado a pressionar as contas de luz.

(Por Luciano Costa)

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Ibovespa fecha em alta e retorna aos 160 mil pontos com política e inflação no radar
Brasil vive pior crise institucional desde a democratização e 2026 ainda não deve trazer mudança profunda
Dólar tem baixa firme ante o real com cancelamento de entrevista de Bolsonaro
Taxas dos DIs fecham com baixas leves em reação positiva após Bolsonaro cancelar entrevista
STF autoriza cirurgia de Bolsonaro no dia 25 de dezembro
Ações europeias fecham em nova máxima recorde com impulso de Novo Nordisk a setor de saúde