Dólar salta 1,2% e fecha perto de R$5,40, nos picos desde janeiro, com temor global de recessão

Publicado em 05/07/2022 17:23 e atualizado em 05/07/2022 18:03

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar deu um salto nesta terça-feira e fechou no maior patamar em mais de cinco meses, chegando a operar acima de 5,40 reais, catapultado pela busca por segurança que ditou alta generalizada da moeda no exterior em meio à intensificação de temores de recessão global.

Lá fora, um índice de dólar disparou a novas máximas em 20 anos, com o euro mergulhando a um piso desde 2002 e aproximando-se da paridade frente ao rival norte-americano. As preocupações foram exacerbadas pelo aumento dos preços do gás natural e por dados que nesta terça-feira mostraram forte desaceleração no crescimento da atividade econômica no setor privado do bloco monetário em junho.

Na máxima do dia, o dólar spot foi a 5,405 reais, alta de 1,50% no dia, retomando o nível de 5,40 reais tocado pela última vez em 31 de janeiro.

No fechamento, a cotação subiu 1,21%, a 5,3892 reais na venda, maior valor desde 28 de janeiro (5,3915 reais). A moeda emendou a quarta alta consecutiva, período em que somou ganhos de 3,82%. A série positiva é a mais longa desde a sequência de sete pregões seguidos de valorização encerrada em 14 de junho.

O dólar à vista --que no ano chegou a acumular queda de 17,33% quando terminou em 4,6075 reais no dia 4 de abril-- agora reduziu a baixa no período para 3,31%. O real, depois de meses no posto de divisa com melhor desempenho em 2022, desceu para a terceira posição.

Mesmo assim, a moeda brasileira figura na curta lista das que apreciam contra o dólar em 2022, composta ainda por rublo russo e sol peruano. Todos os demais 30 pares relevantes do dólar perdem terreno.

E o cenário de curto prazo para o dólar segue na direção de alta, segundo Nicole Kretzmann, economista-chefe da Upon Global Capital, que lembrou as divulgações da ata da última reunião de política monetária do banco central norte-americano (na quarta-feira) e do relatório mensal de empregos nos Estados Unidos fora do setor agrícola ("payroll", na sexta).

"Porém, ainda que a ata venha mais 'dovish' (com menor indicação de alta forte dos juros) ou o 'payroll' decepcione, a narrativa predominante será de menor crescimento global, o que cria essa dinâmica de 'flight to safety' (busca por segurança) para o dólar, favorecendo a moeda norte-americana em relação às dos outros países", disse.

Além das preocupações externas, temas idiossincráticos devem manter a taxa de câmbio sob atenção. "A elevação do risco fiscal... segue nos deixando menos construtivos para o real no curto prazo, que ainda deve seguir negociando consistentemente acima de 5,00 por dólar nos próximos meses", disse o BTG Pactual em cenário de câmbio para julho.

(Edição de André Romani)

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Trabalhadores da Petrobras anunciam greve nacional a partir de segunda-feira
Wall St tem pouca variação antes de decisão do Fed; crescem dúvidas sobre cortes em 2026
Exportações brasileiras aos EUA recuam pelo 4º mês consecutivo, aponta Monitor da Amcham
Ibovespa titubeia com política monetária em foco sem tirar Brasília do radar; Ambev pesa
IPCA fica abaixo do teto da meta em novembro pela 1ª vez em mais de um ano
Dólar se reaproxima da estabilidade com mercado de olho em Brasília e nas decisões sobre juros