Dólar cai pela 9ª sessão consecutiva em dia de ganhos para ativos brasileiros

Publicado em 30/01/2025 17:10 e atualizado em 30/01/2025 17:55

SÃO PAULO (Reuters) - Após chegar a subir mais de 1% no início do dia, o dólar perdeu força e fechou em baixa nesta quinta-feira, pela nona sessão consecutiva, em um dia positivo para os ativos brasileiros em geral após a decisão sobre juros do Banco Central na véspera.

O recuo da moeda norte-americana ante outras divisas no exterior também justificou a perda de força das cotações no Brasil ao longo da sessão.

O dólar à vista fechou em baixa de 0,26%, aos 5,8532 reais, a menor cotação desde 26 de novembro do ano passado, quando encerrou em 5,8096 reais. Apesar do movimento contido em algumas sessões, desde 17 de janeiro o dólar não fecha um dia em alta.

Em janeiro a divisa acumula queda de 5,27%.

Às 17h29 na B3 o dólar para fevereiro -- atualmente o mais líquido -- subia 0,02%, aos 5,8565 reais.

Na noite de quarta-feira o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a Selic em 100 pontos-base, para 13,25%, como era largamente precificado, e manteve no comunicado a previsão de nova alta na mesma magnitude em março, sem se comprometer para a reunião seguinte, em maio.

O fato de o BC não indicar outra alta de 100 pontos-base em maio levou parte do mercado a avaliar que o comunicado foi dovish (brando) em relação ao controle da inflação, o que disparou a redução de prêmios na curva de DIs (Depósitos Interfinanceiros) nesta quinta-feira.

No mercado de câmbio, a cotação do dólar ganhou impulso no início da sessão, com a avaliação de que uma Selic não tão elevada torna o Brasil não tão atrativo a investimentos estrangeiros. O fato de o Federal Reserve ter decidido, também na véspera, manter os juros dos Estados Unidos estáveis, sem indicar um horizonte para cortes adicionais na taxa, era outro fator a pesar contra o real. Às 9h15, pouco depois da abertura, o dólar à vista atingiu a máxima de 5,9339 reais (+1,12%).

Depois deste pico, no entanto, o dólar foi gradativamente perdendo força ante o real, em sintonia com a baixa forte das taxas dos DIs e com a disparada de quase 3% do Ibovespa, em um dia positivo para os ativos brasileiros de modo geral.

O recuo dos rendimentos dos Treasuries no exterior, após o Banco Central Europeu (BCE) cortar juros, e a queda do dólar ante boa parte das demais divisas também impactavam as cotações no Brasil.

Para completar o quadro, agentes do mercado receberam de forma positiva as declarações do presidente Luiz Inácio Lula a jornalistas, em Brasília. Lula disse que o titular da Fazenda, Fernando Haddad, é um “ministro extraordinário”, rebatendo críticas feitas na véspera ao ministro pelo presidente do PSD, Gilberto Kassab.

Lula afirmou ainda que a decisão de reajustar o diesel é da Petrobras e que a estatal não precisa avisá-lo sobre isso. Em outro momento, mantendo-se dentro da “cartilha” do mercado, Lula disse que tem consciência de que o novo presidente do BC, Gabriel Galípolo, não pode dar um “cavalo de pau” nos juros.

Neste cenário, o dólar à vista perdeu força até a cotação mínima de 5,8519 reais (-0,28%), registrada às 16h57, pouco antes do fechamento.

Na sexta-feira, último dia útil do mês, a volatilidade tende a se ampliar no período da manhã. Isso porque ocorrerá a formação da Ptax de fim de mês.

Calculada pelo BC com base nas cotações do mercado à vista, a Ptax serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, agentes financeiros tentam direcioná-la a níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas (no sentido de alta das cotações) ou vendidas em dólar (no sentido de baixa).

Como a moeda norte-americana recuou mais de 5% em janeiro até o momento, os vendidos estão em vantagem na disputa pela Ptax.

Na manhã desta quinta-feira o Banco Central vendeu, em sua operação diária, 15.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 5 de março de 2025.

Às 17h25, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,12%, a 107,770.

(Por Fabrício de Castro)

Fonte: Reuters

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