Europeus vencem EUA em disputa por resoluções sobre a Ucrânia na ONU

Publicado em 24/02/2025 17:54 e atualizado em 24/02/2025 18:29

 

Por Michelle Nichols

NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - A ONU rejeitou nesta segunda-feira uma tentativa dos Estados Unidos de suavizar a posição da Assembleia Geral sobre a guerra da Rússia na Ucrânia, dando uma vitória diplomática a Kiev e seus aliados europeus, enquanto o presidente Donald Trump tenta mediar um acordo de paz. 

Com 193 membros, Assembleia Geral votou minutas de resoluções concorrentes -- um de Washington e um editado pela Ucrânia e Estados europeus -- para marcar o terceiro aniversário da invasão da Rússia à sua vizinha. 

Os Estados Unidos foram forçados a se abster da votação da sua própria resolução, após países europeus emendarem o rascunho de Washington para acrescentar linguagem que reflete o apoio de longa data da ONU a Kiev durante a guerra à soberania, independência, unidade e integridade territorial da Ucrânia. 

"Essa guerra nunca foi apenas sobre a Ucrânia. É sobre o direito fundamental de qualquer país existir, escolher seu próprio caminho e viver livre de agressões", disse a vice-ministra das Relações Exteriores da Ucrânia, Mariana Betsa, à assembleia antes da votação. 

A disputa na ONU ocorreu após Trump dar partida em uma tentativa de mediar o fim da guerra, provocando rusgas com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, e deixando aliados europeus preocupados com a possibilidade de eles e Kiev serem excluídos das negociações de paz. Autoridades russas e norte-americanas se reuniram na última terça-feira. 

A resolução elaborada pelos EUA que acabou emendada recebeu 93 votos a favor e oito contra, com 73 abstenções. A Rússia não conseguiu emendar o texto dos EUA para incluir uma referência às "causas fundamentais" do conflito. 

Antes da votação do texto norte-americano, a embaixadora interina dos EUA na ONU, Dorothy Shea, disse que as mudanças propostas pelos europeus e pelos russos buscavam "uma guerra de palavras em vez de um fim à guerra". 

Para ela, as emendas prejudicam "o que estamos tentando conseguir com essa resolução voltada para o futuro: um consenso firme dos membros deste órgão para se unirem em uma resolução que pede um fim a este conflito". 

VOTAÇÃO DO CONSELHO DE SEGURANÇA

A assembleia aprovou a resolução elaborada pela Ucrânia e pelos países europeus, com 93 votos a favor, 18 contra e 65 abstenções. Além dos Estados Unidos, outros países que votaram contra foram Rússia, Coreia do Norte e Israel. 

"Hoje nossos colegas norte-americanos viram com os próprios olhos que o caminho para a paz na Ucrânia não será fácil e que haverá muitos que tentarão assegurar que a paz não chegue durante o maior tempo possível. Mas isso não deve nos impedir", afirmou o embaixador da Rússia na ONU, Vassily Nebenzia, à assembleia. 

A minuta original dos Estados Unidos tinha três parágrafos -- lamentando as mortes do "conflito Rússia-Ucrânia", reiterando que o principal propósito da ONU é manter a paz e a segurança internacionais e resolver disputas pacificamente, além de pedir um fim rápido ao conflito e uma paz duradoura. 

Mas emendas europeias acrescentaram referências à invasão total da Ucrânia pela Rússia e a necessidade de uma paz justa, duradoura e abrangente, de acordo com a Carta da ONU, e reafirmaram o apoio da ONU à soberania, independência, unidade e integridade territorial da Ucrânia. 

(Reportagem de Michelle Nichols; reportagem adicional de Simon Lewis)

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Wall Street avança com rali em setor de tecnologia
Ibovespa fecha em leve queda descolado do exterior
Dólar tem alta firme e se aproxima de R$5,60 com remessas ao exterior
Índice europeu tem pouca variação em início de semana mais curta por feriado
Arrecadação federal soma R$226,8 bi em novembro, interrompe desaceleração e bate recorde no mês
ANP autoriza início da produção na P-78 no campo de Búzios