Em meio ao caos tarifário dos EUA, França convoca reunião do Mercosul com parceiros da UE

Publicado em 03/04/2025 17:37 e atualizado em 03/04/2025 18:17

PARIS (Reuters) - Apesar das reservas anteriores, a França realizou uma reunião com 10 países da UE para discutir um possível acordo comercial com o Mercosul, um dia após os Estados Unidos terem desencadeado uma guerra comercial global, sinalizando que pode ser uma forma de o bloco europeu compensar o impacto das tarifas dos EUA sobre suas exportações.

A reunião reuniu a França e outros países que lideraram a oposição ao acordo, que levou 20 anos para ser firmado e causou grande divisão na Europa, onde o setor agropecuário teme a concorrência desleal em produtos como carne bovina e grãos de países com regras ambientais menos rigorosas.

O gabinete do ministro para a Europa, Benjamin Haddad, disse que ele organizou uma videoconferência com outros países da UE, na qual defendeu a ideia de incluir no acordo uma cláusula de escape automática para produtos agrícolas.

"No atual contexto geopolítico, todos os participantes concordam com a importância de diversificar as parcerias comerciais", disse um porta-voz do gabinete de Haddad à Reuters.

"No entanto, eles não podem aceitar um acordo desequilibrado que não proteja seus agricultores", acrescentou o funcionário.

A cláusula, uma espécie de pausa emergencial para restringir as importações, seria acionada no caso de um aumento repentino nas importações que desestabilizaria determinados mercados da UE. "O acordo já inclui uma cláusula geral, mas ela é muito difícil de ser acionada e não teria utilidade em caso de crise", disse o funcionário.

A reunião é um sinal de que os países da UE que se opuseram ao acordo intermediado pela Comissão Europeia no ano passado estão tentando encontrar um compromisso construtivo com o Executivo da UE, em um momento em que novos mercados na América Latina poderiam oferecer uma alternativa bem-vinda aos EUA para os exportadores europeus.

A França recebeu apoio da Holanda, Áustria, Irlanda, Polônia e Hungria, entre outros, em sua oposição ao acordo com o grupo de nações sul-americanas que inclui as potências agrícolas Brasil e Argentina.

(Reportagem de Michel Rose)

Fonte: Reuters

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