Dólar sobe após Trump escalar sua guerra comercial com novas tarifas

Publicado em 11/07/2025 10:03

Por Fernando Cardoso

SÃO PAULO (Reuters) -O dólar à vista subia ante o real nesta sexta-feira, a caminho de fechar a semana em alta, conforme os investidores reagiam negativamente a uma nova escalada da guerra comercial do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e também com dados da economia brasileira no radar.

Às 9h42, o dólar à vista subia 0,54%, a R$5,5717 na venda. Na semana, a moeda acumula alta de 2,7%.

Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,57%, a R$5,598 na venda.

Os movimentos do real nesta sessão tinham como pano de fundo uma maior aversão a ativos mais arriscados no exterior, o que afetava a divisa brasileira, depois que Trump fez novas ameaças tarifárias na véspera.

Em carta enviada ao primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, Trump afirmou que vai impor uma taxa de 35% sobre os produtos canadenses a partir de 1º de agosto, citando sua insatisfação com o suposto fluxo de fentanil que entra nos EUA a partir do vizinho ao norte.

O anúncio pegou os mercados de surpresa, uma vez que o governo canadense vem tendo discussões comerciais com Washington há meses, o que fornecia esperanças de que Ottawa poderia receber uma taxa menor.

Em outro sinal negativo, Trump sinalizou que a tarifa básica cobrada sobre países que não receberam taxas específicas, atualmente em 10%, pode ser elevada para 15% ou 20%.

Com os comentários de Trump, os mercados retomavam as especulações de que o prazo de 1º de agosto estipulado por Trump para o fechamento de acordos comerciais possa, na verdade, ser o início de uma guerra comercial total, o que fomentava a fuga de ativos de risco.

"A elevação das tensões, decorrente das ameaças de tarifas de Trump, resultou em um aumento da volatilidade nos mercados, abrangendo câmbio e mercados de capitais", disse Marcio Riauba, head da mesa de operações da StoneX Banco de Câmbio.

"Essa dinâmica é impulsionada pelas declarações de Trump sobre a possível aplicação de tarifas gerais de 15% a 20% sobre a maioria dos parceiros comerciais", completou.

O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,18%, a 97,763.

No Brasil, a semana já tem sido de aversão ao risco de forma geral, depois que Trump anunciou na quarta a imposição de uma taxa de 50% sobre os produtos brasileiros, vinculando a cobrança ao tratamento que o ex-presidente Jair Bolsonaro tem recebido do Supremo Tribunal Federal (STF), entre outros assuntos.

O mercado nacional aguarda novidades sobre como o governo brasileiro reagirá à ofensiva de Trump, seja com retaliações ou avançando em negociações comerciais. Na quinta-feira, o dólar à vista fechou com alta de 0,69%, a R$5,5416.

Os investidores também avaliavam novos dados econômicos no Brasil. O IBGE informou que o volume de serviços cresceu pelo quarto mês consecutivo em maio, ainda que abaixo do esperado, mostrando resiliência em meio à expectativa de desaceleração da economia.

Já o Ministério da Fazenda revisou para cima a previsão para o crescimento do país neste ano, passando a ver o Produto Interno Bruto (PIB) em 2,5%, contra previsão de 2,4% feita em maio. Para 2026, a estimativa passou de 2,5% para 2,4%.

(Edição de Pedro Fonseca e Isabel Versiani)

Fonte: Reuters

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