Soja realiza lucros na CBOT, mas fundamentos ainda são positivos

Publicado em 04/09/2013 12:49

Na sessão regular desta quarta-feira (4), os futuros dos grãos negociados na Bolsa de Chicago operam em queda, com as baixas sendo lideradas pela soja, a qual é justificada por uma junção de fatores. Por volta de 12h15 (horário de Brasília), as baixas eram de mais de 40 pontos nos principais vencimentos da oleaginosa. O vencimento novembro/13, referência para a safra norte-americana, era cotado a US$ 13,44, caindo 42,50 pontos. No milho e no trigo, as perdas variavam entre 4 e 5 pontos. 

O mercado opera hoje com uma intensa realização de lucros depois das últimas e intensas altas nos preços da soja. Os fundos de investimentos optaram por liquidar parte de suas posições diante de preços amias atrativos, realizando algumas vendas e pressionando as cotações. "A alta inspira um certo volume de vendas para quem faz operações imediatas como tomada de lucros", explica o economista da Granoeste Corretora, Camilo Motter. 

Outro fator que pesa sobre os preços é o último relatório de acompanhamento de safra divulgado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) nesta terça (3). O órgão reportou um recuo de 58 para 54% no índice das lavouras de soja em boas ou excelentes condições. Porém, as expectativas dos analistas era de que se número viria bem menor dada as condições de clima bastante desfavoráveis nas principais regiões produtoras dos Estados Unidos. Em alguns estados-chave na produção de grãos não chove há quase um mês. 

"O estágio das lavouras já está relativamente avançado, atrasado no sentido de ter sido plantado mais tarde, mas já estamos em setembro e com algumas semanas se inicia a colheita (...) temos uma nova safra chegando em poucas semanas", e isso também pressiona o mercado, uma vez que a entrada dessa nova oferta exerce, sazonal e tradicionalmente, os preços, segundo Motter. 

Para o economista, até mesmo as boas expectativas para a nova safra da América do Sul já começam a ser observadas pelo mercado e pressionam as cotações nas posições de mais longo prazo. Somente no Brasil, segundo Motter, o aumento da área de plantio da soja deve ficar entre 5 a 8%, com cerca de 29 milhões de hectares plantados. 

No entanto, apesar do forte recuo registrado hoje, os fundamentos, principalmente os climáticos, permanecem inalterados. A seca ainda castiga o Corn Belt e as lavouras perdem produtividade a cada dia. As previsões indicam que o tempo quente e seco continua nas próximas semanas em estados como Illinois, Iowa, Missouri e Nebraska. 

A firme demanda pela soja também é um fator de suporte para os preços. Os EUA já venderam cerca de 20 milhões de toneladas das 37 milhões estimadas para serem exportadas e continuam vendendo em um ritmo bastante acelerado. "A percepção da demanda é de que precisa garantir seu abastecimento já que perdas na produção podem colocar em risco esse abastecimento na ponta final", afirma o economista da Granoeste. 

Nas imagens abaixo, veja as previsões do site norte-americano AccuWeather para alguns estados do cinturão de produção nos EUA.

Lincoln, Nebraska

Jefferson City, Missouri

Des Moines, Iowa

Bloomington, Illinois

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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