Perdas na Argentina podem ajudar no suporte à soja em Chicago

Publicado em 29/05/2014 13:21 e atualizado em 29/05/2014 14:40

Nesta quinta-feira (29), os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago operam em campo positivo, porém, os negócios ainda exibem uma volatilidade no cenário internacional. Assim, por volta de 11h50 (horário de Brasília), o vencimento julho era cotado a US$ 15,05 por bushel, subindo 7,78 pontos. Os ganhos dos demais contratos variavam entre 3 e 6 pontos. 

Uma junção de fatores tem sido responsável por essa movimentação das cotações, principalmente entre os fundamentos de oferta e demanda referentes ao quadro apertado nos Estados Unidos. Os estoques do país são historicamente baixos e a procura pelo produto local ainda é bastante intensa. 

"O mercado testa o campo negativo, porém, com esses estoques americanos e a busca dos importadores, acaba voltando para o positivo", diz o operador da New Agro Commodities, Gean Kuhn. "Porém, hoje o mercado se mostra bastante neutro, buscando uma sustentação", completa. 

Os ligeiros movimentos de realização de lucros continuam acontecendo, porém, pontualmente, principalmente em função da ainda presente atuação dos fundos nesse mercado. As últimas semanas foram de boas altas para as cotações da oleaginosa, no entanto, logo em seguida os preços voltaram a recuar com uma correção técnica e essa garantia de lucros. 

Perdas na Argentina

Outro fator que tem influência positiva sobre os preços da soja no cenário internacional são os problemas pelos quais passa a safra da Argentina. Condições climáticas adversas têm prejudicado o avanço da colheita no país e podem resultar em perdas tanto de quantidade quanto de qualidade da produção 2013/14. 

Segundo Kuhn, os reais efeitos dessas perdas deverão ser conhecidos nos próximos dias com a chegada do novo relatório de oferta e demanda que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulga no próximo dia 11 de junho. As primeiras expectativas, entretanto, apontam para perdas entre 5 e 7%, de acordo com números de consultorias privadas, mas ainda não há informações concretas. 

A colheita está bastante atrasada e as previsões para os próximos dias são de clima frio e chuvoso, o que deve atrasar ainda mais a colheita da oleaginosa. "Ainda há um grande volume a ser colhido por lá e, com isso, já se espera uma quebra em qualidade, está saindo um produto ardido das lavouras, e em quantidade, já que os grãos avariados não pesam e o que pesam não dão qualidade", explica o operador. 

Essas perdas, portanto, poderiam ajustar ainda mais a oferta e os estoques mundiais não só de soja em grão, mas também de farelo e óleo. Essa cena, de acordo com Kuhn, é preciso estar atento à essa situação da safra argentina, pois isso terá um impacto direto sobre os preços. 

Evolução da safra 2014/15 dos EUA

O que tem limitado altas mais expressivas para a soja, principalmente nos vencimentos de mais longo prazo, é a boa evolução dos trabalhos de campo da nova safra de grãos dos Estados Unidos. 

Apesar de um atraso registrado no início da temporada, por conta de um clima muito frio e até mesmo a incidência de neve em algumas regiões, as condições climáticas atuais são muito boas, as previsões indicam a continuidade desse quadro e com isso os índices de plantio são bastante favoráveis. 

Até o último domingo (25), o USDA informou que cerca de 59% da área já estava plantada com soja e esse número ficou bem acima da média histórica para esse mesmo período, que é de 41%. 

No entanto, apesar desse bom desenvolvimento da safra norte-americano poder dar uma contida no avanço das cotações, o operador da New Agro afirma que o mercado ainda tem de três a quatro meses para observar com atenção a evolução dessas lavouras e a consolidação da colheita dos Estados Unidos, não só de soja, mas também de milho. 

Além disso, alerta também que, mesmo com a normalização dos estoques dos Estados Unidos com a chegada da nova safra, a demanda pelo produto norte-americano ainda é muito forte e já há grandes volumes de vendas para exportações já comprometidos da safra 2014/15. 

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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