Soja opera em campo negativo neste início de semana em Chicago

Publicado em 25/08/2014 07:34

A semana começa com o mercado internacional da soja recuando na manhã desta segunda-feira (25) na Bolsa de Chicago. Na sessão eletrônica, por volta das 7h30 (horário de Brasília), com exceção da primeira posição - setembro/14 - perdiam mais de 5 pontos. 

Segundo analistas ouvidos pela agência internacional de notícias Bloomberg, os preços da oleaginosa chegaram aos menores patamares desde 2010, extendo o movimento negativo para uma segunda semana de perdas ainda frente às expectativas de uma grande safra vinda dos Estados Unidos.

No entanto, ainda hoje será divulgado o boletim de embarques semanais dos EUA pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) e os números, mostrando a força da demanda, poderiam dar alguma nova direção aos preços. O boletim deverá ser reportado entre 10h e 11h (Brasília). 

Paralelamente, depois do fechamento do pregão, às 17h, o USDA traz um novo relatório de acompanhamento de safras, indicando as condições das lavouras. Até o último domingo, mais de 70% das plantações de soja se mostravam em boas ou excelentes condições, o que ainda refletia as ótimas condições de clima que vinham sendo observadas em importantes regiões produtoras dos EUA. 

Veja como fechou o mercado na última sexta-feira:

Soja: Prêmios aquecem mercado interno nos EUA e no Brasil

A semana terminou com preços em alta para a soja na Bolsa de Chicago e o vencimento setembro/14, referência para o mercado à vista, subindo quase 30 pontos nesta sexta-feira (22), fechando o dia a US$ 11,66 por bushel. Na semana, a posição acumulou uma alta de 4,53%. Bons ganhos foram registrados também para o farelo na sessão desta sexta na CBOT. 

A forte alta refletiu, durante quase todos os pregões, a ajustada relação de oferta e demanda da safra velha norte-americana e o consumo muito aquecido fez os prêmios dispararem no mercado interno dos EUA não só para a soja em grão, mas também para o farelo. 

Segundo explicou o analista de mercado Vinícius Ito, da Jefferies Corretora, de Nova York, os compradores já oferecem mais de US$ 3,00 a mais pelo bushel para garantir seu produto. "Com a escassez de oferta e os produtores segurando um pouco mais suas vendas, tem havido uma grande disputa entre as processadoras locais e o mercado de exportação e estão pagando prêmios recordes. Então, essa condição apertada de ofertas com uma procura muito grande que está levando o mercado a precificar essas altas no curto prazo, com o setembro completamente descolado dos outros vencimentos", diz. 

Ainda segundo o analista, mesmo com os estoques baixos nos Estados Unidos, tanto as exportações da safra velha como o processamento de soja no país continuam aquecidos e, nem mesmo as importações de produto do Brasil, como vinha sendo previsto, aconteceram no volume que era esperado. 
"O normal deveria ser a perspectiva de menores estoques elevando os preços e racionando a utilização, mas o que aconteceu na verdade foi que o preço da soja caiu em Chicago, a demanda se manteve e não declinou, como geralmente acontece nesse momento, então, faltou soja", explica Ito.

No Brasil, os preços tiveram uma semana de estabilidade, mas registraram algumas ligeiras altas. O vencimento setembro registrou uma valorização de 3,97% em reais por saca - para R$ 71,03 - haja vistas que, se observado o ganho que o contrato setembro em Chicago mais o prêmio no porto de Paranaguá, a alta foi de 4,53% - para US$ 14,16/bushel. Na semana, a alta do prêmio para setembro foi de 3,85%, e do dólar, de 1%. 

E é esse quadro de bons prêmios e a moeda norte-americana valorizada que tem feito com que o mercado interno no Brasil esteja descolado do mercado futuro americano. Em Paranaguá, a semana terminou com a soja valendo R$ 67,00/saca e em Rio Grande R$ 69,80, com ganho de 1,16% em relação à última quinta-feira (21) e de 3,25% na semana. 

Nova safra dos EUA

Apesar desse quadro promissor para os preços da soja no curto prazo, tanto nos EUA quanto no Brasil, no longo prazo, segundo analistas, o espaço para novas altas é limitado. 

As lavouras de soja e milho em bom desenvolvimento podem ser vistas por quilômetros em propriedades no Meio-Oeste dos Estados Unidos, principal região produtora de grãos do país. De Ohio a Nebraska, centenas de campos inspecionados nesta semana pelos pesquisadores do Crop Tour Pro Farmem mostraram que a safra de milho nos Estados Unidos, maior produtor mundial do cereal, deverá ser ao menos 1% maior do que a última estimativa do governo norte-americano, e para a soja o incremento pode bater em 1,2%. 

Os futuros do milho, por exemplo, já recuaram, desde o início de maio, cerca de 21% e os da soja, 30%. No mesmo período, o Índice de Commodities da Bloomberg já apresenta uma baixa de 6,1%.  

Por hora, há pouquíssimos riscos climáticos para a nova produção dos Estados Unidos e a maior parte dos produtores aguarda boas e grandes safras. O que causa alguma preocupação nesse momento é a possibilidade de algumas geadas precoces poderem atingir aquelas lavouras que foram plantadas mais tarde e ainda têm semanas até a colheita. 

De outro lado, mais chuvas são esperadas para o final de semana nas áreas noroeste e leste do Meio-Oeste, aumentando os níveis de umidade no solo e contribuindo para a finalização dos estágios de desenvolvimento da soja, segundo informações do instituto de meteorologia MDA Weather Services.

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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