EUA: Pesquisa indica aumento das áreas de soja e milho na safra 2016/17; produtor arrendatário já amarga prejuízos

Publicado em 23/02/2016 15:42

O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) realiza, entre os dias 25 e 26 de fevereiro, o Agricultural Outlook Forum, um dos mais importantes eventos do ano e de lá sairão as primeiras projeções oficiais para a safra 2016/17 dos EUA. E os dados mais aguardados são os de área de plantio da nova temporada. 

A agência Bloomberg divulgou, nesta terça-feira (23), suas expectativas para os dados e aponta um ligeiro aumento tanto da área que seria cultivada com soja quanto com milho no país. A decisão dos produtores, no entanto, têm esbarrado na relação dos custos de produção com os baixos preços têm sido praticados, para ambas as culturas, no mercado internacional. 

Sobre a soja, a pesquisa estima um aumento da área plantada nos EUA em 0,7% em relação à temporada 2014/15 e passando de 33,47 milhões para 33,71 milhões de hectares. Já para o milho, o incremento esperado é de 1,80%, com a área plantada passando de 35,61 milhões para 36,26 milhões de toneladas. 

Soja - Área Plantada x Custo de Produção

Para a soja norte-americana, as expectativas são de que os custos de produção sejam menores nesta nova temporada. Segundo um estudo feito pela Universidade de Illinois, o produtor dos Estados Unidos deverá gastar US$ 13,00 a menos por hectare este ano em relação a semeadura de 2015.

Como explica o analista de mercado Marcos Araújo, da Agrinvest Commodities, boa parte dessa baixa vem em decorrência de preços menores dos fertilizantes, entre outros fatores. Além disso, sentem diferença ainda aqueles produtores que têm terras próprias ou arrendadas. 

"O custo de arrendamento de arrendamento de um hectare nos Estados Unidos é estimado em US$ 637,00, enquanto no Brasil esse valor varia de US$ 150,00 a US$ 200,00, o custo da terra é muito alto nos EUA. Assim, para o proprietário da terra, o custo de produção do bushel da soja está em US$ 6,27, enquanto para o arrendatário passa a US$ 10,57", diz o analista. 

Ainda assim, o produtor norte-americano continua vendo na soja uma das melhores opções, apesar do produtor que arrenda terras já estar contabilizando algum prejuízo, para o novo ano safra que, em alguns pontos do país, já foi iniciado. 

"O produtor pode diminuir a tecnologia empregada, tentando reduzir esses custos de produção, mas focando em aumento de produtividade para obter resultados positivos na atividade. Ainda assim, o mercado não acredita que haja grandes reduções na área de soja nos EUA nessa temporada, e esse é um dos fatores de que haja uma garantia de oferta no segundo semestre, limitando grandes rallies de alta em Chicago", explica Araújo. 

Milho - Área Plantada x Custo de Produção

O custo de produção do milho também deve apresentar uma redução neste ano e, como também mostra o estudo feito pela Universidade de Illinois. No caso do cereal, essa queda deverá ser de, aproximadamente, US$ 26,00 por acre nas lavouras de alta tecnologia. Assim, o total gasto passaria a US$ 888,00 por acre contra os US$ 914,00 do ano passado. 

Da mesma maneira como influencia na soja, o preço da terra encarece esse custo de produção para o produtor que é arrendatário, que deve ter seus gastos estimados em US$ 4,58, contra US$ 3,25 por bushel para o proprietário da terra. Assim, o produtor que planta em terras arrendadas também já sofre com prejuízos, já que em Chicago as cotações operam bem abaixo dos US$ 4,00 e nem mesmo os prêmios (os chamados basis nos EUA) compensariam.

 

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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