Soja sobe 5% em Chicago na semana e referência dos R$ 80 volta a aparecer nos portos do BR

Publicado em 13/01/2017 17:34

Os preços da soja na Bolsa de Chicago voltaram a subir no final desta semana, registraram um balanço positivo, e foram de encontro com uma disparada do dólar frente ao real nesta sexta-feira (13). A moeda norte-americana subiu mais de 1,4%, voltou a superar os R$ 3,20 e deu espaço para boas altas entre os valores da oleaginosa no Brasil. 

Entre as principais praças de comercialização do Brasil pesquisadas pelo Notícias Agrícolas os ganhos variaram de 0,77% a 5,36%, com as referências entre R$ 59,00 e R$ 73,00 por saca, no mercado disponível. Nos portos, os ganhos foram menos intensos, porém, o indicativo dos R$ 80,00 voltou ao cenário dos negócios. 

Em Rio Grande, o disponível acumulou uma alta de 2,80% e no mercado futuro, de 4,03%, para valores de R$ 77,10 e R$ 80,10 por saca, respectivamente. Já em Paranguá, os ganhos foram mais fortes - de 6,85% - com as cotações terminando em R$ 78,00 por saca, em ambos os casos. 

Comercialização no Brasil

Apesar do avanço dos preços nesta última semana, a comercialização da soja não evoluiu em um ritmo ainda "normal", com o mercado ainda travado. E para o consultor Carlos Cogo, da Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica, essa é, da fato, uma postura acertada dos produtores brasileiros. 

"Se o produtor não aproveitou os bons momentos do ano passado, não precisa de correria agora. Será preciso muita observação e cautela, já que ele vai enfrentar algumas dificuldades neste início de ano", orienta Cogo. "A safra ocorreu dentro do tempo previsto, foram feitas menos vendas antecipadas no ano passado, e a concentração de oferta pode pressionar o preço FOB da soja", completa. 

Para o consultor, entre os pontos que influenciaram a formação dos preços no Brasil um dos que irão exigir maior atenção deverá ser o câmbio, que segue muito volátil e, por enquanto, sem uma indicação clara do caminho que deverá seguir. "É importante que o produtor também acompanhe isso, e espere pela posse de Donald Trump no próximo dia 20", diz. 

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Além disso, o executivo chama a atenção ainda ao volume de soja que ainda há a ser comercializado da safra 2016/17 no Brasil. Maior do que em anos anteriores, os problemas já conhecidos de infraestrutura logística no país podem se acentuar, e o sojicultor, sendo assim, deve evitar estratégias que intensifiquem a concentração de oferta. 

E com a chegada da safra nova brasileira ao mercado, os prêmios no Brasil também têm que ser acompanhados e o produtor deve aproveitar os valores que ainda contribuem para a rentabilidade. Em Paranaguá, as principais posições de entrega têm de 45 a 60 cents de dólar sobre os valores praticados em Chicago. 

Ainda de acordo com Cogo, já há cerca de nove a dez navios ao largo dos portos de Paranaguá e Santos para já fazer os primeiros embarques com a soja brasileira da safra 2016/17. A projeção da Conab é de uma colheita de 103 milhões de toneladas e, do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), de 104 milhões de toneladas. 

Mercado Internacional

E a safra da América do Sul passa a ser um dos principais focos do mercado internacional. "A não ser com o Trump, está definitivamente encerrado o foco nos Estados Unidos", acredita Cogo. E isso, ainda mais depois do corte feito pelo USDA, em seu reporte de janeiro mensal de oferta e demanda, na safra norte-americana. Em um momento atípico, o departamento reduziu sua estimativa e foi o principal fator altista para as cotações nesta semana. 

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Com os novos números - e apesar de uma alta na safra do Brasil e manutenção dos números da Argentina, mesmo diante das adversidades climáticas - os futuros das posições mais negociadas terminaram a semana com altas de mais de 5%. O maio/17, que é referência para a safra do Brasil, foi a US$ 10,55 por bushel. 

Paralelamente, mercado de olho na demanda. Para Carlos Cogo, o consumo chinês segue forte e o feriado do Ano Novo Lunar, que está próximo, vai apenas tirar a China momentâneamente do mercado. "Mas não esperamos fraqueza da demanda", diz, afirmando que a necessidade de alimentos continua crescendo. 

Porém, a pressão que poderia vir dessa frente, caso haja, é a migração das compras para a América do Sul, primeiro Brasil e, na sequência, Argentina. "Mesmo isso sendo uma leitura errônea, porque eles continuarão comprando, isso pesa sobre Chicago", explica o consultor. 

Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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