Soja: Chicago cai mais do que sobe o dólar e preços no Brasil ainda sentem pressão

Publicado em 23/06/2017 18:09

Após uma semana de intensa volatilidade e do registro de novas mínimas, o mercado internacional da soja fechou a sessão desta sexta-feira (23) com estabilidade. Enquanto o contrato julho/17 fechou com uma leve alta de 0,50 ponto e valendo US$ 9,04 por bushel, o novembro/17 - vencimento de referência para a safra americana - perdeu 2,25 pontos fechando com US$ 9,11. No balanço semanal, as baixas foram expressivas e ficaram entre 3,67% e 4,11% entre as posições mais negociadas. 
 

Nesse ambiente internacional e com o mercado do dólar também bastante agitado nestes últimos dias, a semana foi intensa também para a formação dos preços da soja no mercado brasileiro, com um preços menores em praticamente todas as principais praças de comercialização do Brasil, tal qual nos portos nacionais. As baixas ficaram entre R$ 0,50 e até R$ 2,67 por saca, também superando os 4% em algumas localidades.

O recuo das cotações, porém, foi limitado pelo desempenho do dólar frente ao real. A moeda americana registrou um ganho acumulado de 1,58% e encerrou o pregão desta sexta-feira com R$ 3,34, após três sessões consecutivas de alta. Nos portos, afinal, as referências para o disponível voltaram a ficar entre R$ 68,50 - Paranaguá - 

"É forte a cautela com o político e com ajuste fiscal...que segue sendo a principal preocupação", avaliou o operador da corretora H.Commcor, Cleber Alessie Machado à agência de notícias Reuters. E complementa dizendo que "A banda de 3,25 reais a 3,30 reais foi movida para 3,30 reais a 3,35 reais após o episódio da CAS. Isso mostrou que carece capital político para aprovar o ajuste fiscal. O mercado achava que a reforma trabalhista já era página virada". 

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>> Dólar tem leve alta e encosta em R$ 3,34, atento ao cenário político

Entretanto, Chicago caiu mais do que subiu o dólar e manteve os vendedores retraídos, com os negócios, portanto, ainda caminhando de forma lenta no Brasil, mantendo-se pontuais e ainda sem volumes muito expressivos se comparados ao mesmo período da temporada anterior. 

As exportações brasileiras de soja em grão, porém, caminham ainda de forma muito satisfatória. No acumulado de junho, até o último dia 16, os números já mostravam 3.038,6 milhões de toneladas, com fôlego para fechar o mês com números importantes.  

"Desta forma se confirmados estas projeções o complexo soja vem com um faturamento de US$ 3,6 bilhões frente ao seguido na linha que o minério de ferro que deve ficar pouco acima de US$ 1 bilhão para este mês de junho. A soja  como líder no ranking de produtos na exportação do Brasil. No acumulado do ano já temos cerca de 39,6 milhões de toneladas de soja frente a pouco mais de 32 milhões de toneladas do mesmo período do ano passado, sinalizando uma
forte demanda mundial pela oleaginosa", explica o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting.

Mercado Internacional x Clima nos EUA

Na Bolsa de Chicago, segundo explicaram analistas nacionais e internacionais, o principal fator de pressão sobre os futuros da oleaginosa foi a melhora nas condições de clima do Corn Belt. "Semana que vem inicia a fase de polinização das primeiras sojas semeadas nos EUA. As chuvas para os próximos 8-14 dias favorecem este período de desenvolvimento da planta", explica a consultoria INTL FCStone.

Nesse período, como mostra o mapa do NOAA, na sequência, traz as possibilidade de chuvas acima da média para essa época em partes do Meio-Oeste (nas áreas marcadas em verde). 

E nos próximos 10 dias, o Corn Belt deverá receber, segundo as últimas previsões trazidas pela AgResource Brasil (ARC Brasil), chuvas expressivamente volumosas. 

"As chuvas começam a se formar em volumes mais expressivos sobre, principalmente, o Cinturão Agrícola. As chuvas tardias para o mês de junho desenvolvem um sinal de recuperação dos atuais níveis de umidade do solo", diz a consultoria. "A previsão para os próximos 10 dias não traz grandes preocupações para a safra do país, no entanto, a AgResource continua atenta a formação da massa de ar quente de alta pressão sobre o Texas, ao começo de julho", complementa a empresa.

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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