Soja fecha em queda na CBOT com melhora do clima nos EUA; novas altas não estão descartadas

Publicado em 24/07/2017 16:46

O mercado da soja, nesta segunda-feira (24), fechou o pregão na Bolsa de Chicago baixas de dois dígitos, após operar durante todo o dia em campo negativo. As baixas vinham ainda mais intensas, mas, no final da sessão, as perdas ficaram em pouco mais de 11 pontos. Assim, o agosto/17 ficou em US$ 9,97, enquanto o vencimento novembro/17 - o mais negociado agora e referência para a safra americana - em US$ 10,10 por bushel. 

Com o clima ainda no foco dos negócios no mercado futuro norte-americano, o movimento das cotações foi reflexo das chuvas do último final de semana no Corn Belt e das previsões indicando, ao menos nos próximos dias, condições um pouco melhores para as regiões produtoras dos Estados Unidos. 

"De fato, as chuvas regaram uma boa parte da área produtora de soja e milho. A especulação coloca pressão nos preços com razão", explica o analista de mercado da AgResource Brasil (ARC Brasil), Matheus Pereira. Apesar disso, o executivo lembra que foram precipitações pontuais, localizadas e que ainda não favorecem, como é necessário, a porção oeste do cinturão, que vem sofrendo ainda com o calor intenso e o tempo seco. 

Na região do cinturão de produção, segundo informações apuradas pela ARC, os volumes acumulados entre os últimos sábado e domingo chegaram a até 79 mm, como em pontos de Illinois. Na região do Delta, alguns locais registraram mais de 25 mm de chuvas, enquanto, nas Planícies, o fim de semana ainda foi de tempo seco em praticamente toda a área, com pequenas ocorrências na Dakota do Sul e Minnesota. 

Leia mais e veja ainda mapas de previsões atualizados, além de fotos de lavouras de Indiana e do sul de Illinois:

>> Chuvas do fim de semana não beneficiaram oeste do Corn Belt

Os mapas atualizados nesta segunda-feira pelo NOAA, o serviço oficial de clima do governo americano, mostra bons acumulados, nos próximos sete dias, para Iowa, Illinois e Minnesota, além de condições um pouco melhores também para o Missouri. Além disso, as temperaturas esperadas são ainda mais amenas. Nas Dakotas e no Nebraska, os volumes ainda são limitados. 

O cenário, portanto, motivou a realização de lucros, principalmente depois de uma alta acumulada de mais de 2% na semana anterior. Ainda assim, a tendência positiva para os preços não está completamente terminada, como explicam analistas. 

"As projeções para os próximos 10-15 dias ainda estão ruins. Apenas um evento de precipitações está sendo previsto nos próximos 10 dias", explica o analista da ARC Brasil. Além disso, a tendência de uma redução nos níveis de umidade do solo continua para o oeste do cinturão produtor e isso ainda preocupa os produtores norte-americanos. 

O clima no Meio-Oeste americano, portanto, segue como principal driver do mercado neste momento. Ao lado dele, entretanto, outros fatores ajudam a trazer um suporte a esse sentimento de que as altas das cotações ainda não deixaram os negócios. 

"Baseados em previsões para os próximos 15 dias, na possibilidade de redução da área de soja plantada em 2018 e na redução dos estoques, ainda somos altistas na soja", diz Pereira. 

E apesar das chuvas dos últimos dias e das previsões que indicam mais precipitações até, pelo menos, o próximo dia 31 de julho, a consultoria ainda acredita em uma nova redução de 1 a 2 pontos percentuais no índice de lavouras de soja em boas ou excelentes condições no reporte semanal de acompanhamento de safras desta segunda-feira.

Ainda nesta segunda, os preços tiveram as baixas limitadas pelos números dos embarques semanais norte-americanos acima das expectativas do mercado. 

 O país embarcou, na semana encerrada em 20 de julho, 596,920 mil toneladas da oleaginosa,  contra expectativas de 200 mil a 400 mil toneladas. O volume é bem maior do que o da semana anterior e leva o acumulado da temporada a 53.892,797 milhões de toneladas. No ano anterior, nesse época, eram pouco mais de 46 milhões. 

Preços no Brasil

No Brasil, a leve alta do dólar foi insuficiente para motivar uma recuperação das cotações. A moeda americana segue atuando abaixo dos R$ 3,15 e trouxe, novamente, as cotações no Brasil a patamares mais tímidos. Nesta segunda, as referências para a soja disponível no porto de Paranaguá ficaram entre R$ 71,00 e, com prazos de pagamento mais alongados, R$ 72,00 por saca. "Mas, nesse momento, é entre R$ 73,00 e R$ 74,00 que começam a fluir os negócios", explica Camilo Motter, analista de mercado e economista da Granoeste Corretora de Cereais. 

Para Motter, o produtor brasileiro deve continuar acompanhando o desenvolvimento da safra americana e aproveitando bons momentos. "Porém, é preciso estar atento ainda às oportunidades que o clima pode trazer. É preciso ter atenção ao clima no longo prazo, não só nos EUA, mas também aqui no Brasil, como ele caminha e como estará quando nossa produção estiver, efetivamente, no campo", diz. 

Além disso, lembra ainda que há uma robusta demanda mundial ainda muito presente na formação dos preços que tem, porém, sua força positiva limitada pela ampla oferta global da oleaginosa.

Tags:

Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Greve na Argentina direciona importador de farelo e óleo de soja ao Brasil, diz Cepea
Prêmios da soja começam a subir e produtor tem bom momento para travas pensando na safra 24/25, diz analista
Preços da soja sobem em Chicago nesta 6ª feira, acompanhando demais commodities
Prêmios da soja disparam na primeira quinzena de maio, atingem maior patamar do ano e sinalizam oferta mais curta no Brasil
Colheita de soja do RS atinge 85% da área; Emater vê "drástica" redução na qualidade