Soja: Preços no Brasil sobem até 8,5% na semana com suporte do dólar e rallies na CBOT

Publicado em 09/02/2018 17:23

A semana foi positiva para os preços da soja no mercado brasileiro. As referências nas principais praças de comercialização do país subiram até R$ 4,50 por saca - ou 8,49% - no acumulado, como foi o caso de Sorriso, em Mato Grosso, onde o último indicativo ficou em R$ 57,50 por saca. O levantamento é do economista do Notícias Agrícolas, André Bitencourt Lopes.

Nas demais praças de Mato Grosso, do Paraná e do Rio Grande do Sul os ganhos também foram bastante expressivos, chegando a até 6,24%. Os preços, portanto, terminaram  a semana variando entre R$ 56,00 e R$ 72,00 no interior do Brasil. 

Nos portos, os preços acompanharam os ganhos e também fecharam seus negócios com valores mais altos. O destaque ficou para o terminal de Santos, onde o ganho acumulado foi de 3,82% para R$ 74,30 por saca para a oleaginosa disponível. Em Rio Grande, R$ 75,80 foi a última referência para a soja para maio/18, enquanto em Paranaguá foi de R$ 74,50 para a soja disponível. As altas foram de, respectivamente, 2,99% e 1,52%. 

As altas no mercado doméstico foram bem mais intensos do que os observados no balanço semanal da Bolsa de Chicago, onde as posições mais negociadas subiram entre 0,27% e 0,43%. E assim, apenas os contratos mais distantes conseguiram terminar seus negócios mantendo o patamar dos US$ 10,00 por bushel. O contrato maio/18, referência para a safra brasileira, fechou com US$ 9,93 por bushel. 

Na outra ponta, porém, o dólar voltou a subir nos últimos dias frente ao real e, segundo informa a agência de notícias Reuters, acumulou sua maior alta semanal em nove meses, de 2,73%. A divisa fechou, nesta sexta-feira (9) com R$ 3,3023, avançando 0,65%. 

"Lá fora estressou. Ninguém quer ficar vendido", afirmou o operador da corretora Ourominas Ademar Vitor Pereira à Reuters. A cena externa tem exigido bastante cautela dos operadores e, no Brasil, a cautela vem com as vésperas do feriado de Carnaval, com os negócios parados por dois dias na próxima semana. 

Leia mais:

>> Dólar salta a R$ 3,30 e tem maior alta semanal em quase 9 meses com cautela pré-Carnaval e exterior

Ao longo da semana, muitos comentários de negócios foram feitos no mercado brasileiro, já que preços ainda melhores foram registrados, principalmente nos portos, batendo os R$ 76,00 por saca - valor mais alto do ano, como relata o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. 

"Também foram vistos muitos negócios nas indústrias que se anteciparam e vieram as compras e levaram bons volumes", diz o consultor. 

Além do câmbio, os prêmios ainda positivos para a soja brasileira contribui para esse melhor momento do mercado nacional. 

"É uma oportunidade de se proteger, de fazer seu hedge para o produtor brasileiro", explica o consultor da Terra Agronegócios, Ênio Fernandes. E essa orientação vem, principalmente, como diz ele, para os produtores que estão pouco vendidos e com necessidade maior de caixa. 

Como explica Fernandes, a maior parte dos estados produtores têm margens positivas neste momento diante, é claro, de uma boa média de produtividade em suas lavouras. 

Bolsa de Chicago

Em Chicago, a semana também foi positiva, porém, com ganhos bem mais limitados. Os últimos dias foram voláteis, da chegada de uma nova onda de relatórios - Conab e USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) chegaram com seus boletins mensais e acabaram mexendo com o andamento das cotações. 

Assim, apesar de um fechamento negativo nesta sexta-feira, as referências na bolsa norte-americana terminaram com ganhos de pouco menos de 0,5% em suas principais posições. 

Apesar dessa influência dos novos números, o mercado volta a se focar com muita atenção sobre o cenário de clima na América do Sul. O tempo seco e muito quente na Argentina preocupa, gera perdas e reduções nas projeções para a safra 2017/18 do país que trazem algum suporte às cotações na CBOT. 

Para o USDA, a estimativa da colheita argentina foi de 56 a 54 milhões de toneladas. 

"Se a safra da Argentina for boa, o mercado cede mais um pouco, se for ruim, sobe um pouco mais", diz Ênio Fernandes. Será preciso acompanhar, principalmente, porque essa é uma fase determinante para o desenvolvimento das lavouras e as condições, até esse momento, se mostram bastante adversas.

Negócios no Brasil tomam lugar dos americanos (Chicago)

As operações desta sexta-feira foram limitadas, com a especulação à procura de novas fontes de sustento ou pressão aos preços.

O dia aqui em Chicago hoje foi de muita neve, dificultando a chegada de muitos operadores e corretores à CBOT.

O Mercado Financeiro tem passado por uma semana difícil, com alta volatilidade e movimento agressivos, dia após dia. Nesta sexta a sessão serviu para "arrefecer" a especulação.

A ARC alerta que as variações climáticas para a América do Sul e as projeções do La Niña para a safra dos EUA, que serão atualizados neste fim de semana, serão os principais direcionadores dos preços da soja nas próximas sessões.

Os embarques norte-americanos da oleaginosa até trouxeram uma forte reação nesta última semana, no entanto não foram o suficiente para manter as estimativas de exportação do USDA em 58,8MT.

Com uma redução de 1,6 MT, o USDA agora prevê as exportações dos EUA em 57,15 MT.

Por outro lado, o Brasil tem tomado conta de grande parte da demanda mundial, com 69 MT de soja à serem exportadas em 17/18, segundo o Departamento.

Mais à frente  a falta de chuvas sobre a Argentina deverá continuar

As atualizações climáticas do modelo americano (GFS) mostram redução das chuvas sobre a Argentina, e mantém o padrão de precipitações para o Brasil, nestes próximos 15 dias.

Os índices pluviométricos acumulados para os próximos 10 dias trazem uma cobertura significante da área sojicultora no Brasil e a concentração das precipitações no Norte da Argentina.

No entanto, a ARC nota que um período temporário de estiagem é previsto para o Centro brasileiro, na próxima semana. Serão 4-6 dias de céu aberto sobre grande parte do centro-leste do Mato Grosso, sul do Tocantins, Goiás, Minas Gerais e oeste da Bahia.

O período de chuvas mais escassas é tido como benéfico, uma vez que a colheita em tais regiões já é presente. No geral, preocupações climáticas ainda continuam voltadas para o Centro e Leste da Argentina, que possuem soja em reprodução final.

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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