Soja sobe quase 4% em Chicago ainda na especulação sobre disputa China x EUA

Publicado em 06/07/2018 12:05

Em um dia que pode ser emblemático para o mercado global da soja, a volatilidade é a palavra-chave na Bolsa de Chicago no pregão desta sexta-feira, 6 de julho. As altas entre as principais posições, por volta de 14h45 (horário de Brasília), se aproximavam de 4%, ou de 30 pontos, com o julho/18 de volta aos US$ 8,63 por bushel. 

As especulações sobre a possibilidade de um acordo entre China e Estados Unidos ainda pautam o andamento das cotações. As taxações deverão começar a valer na tarde de hoje e, como explica o analista de mercado Carlos Cogo, "há a expectativa de que os dois países ainda poderiam, na última hora, tirar seus times de campo. Há um otimismo sobre isso, mas tudo pode acontecer ainda hoje" e anunciar um acordo ou um adiamento e assim, neste momento, o mercado reflete isso. 

Líderes chineses acusam o governo americano de dar início à maior guerra comercial da história. Ainda assim, Donald Trum elevou o tom sobre o assunto dizendo que o total taxado poderia chegar a US$ 500 milhões. 

Os traders agora buscam estar bem posicionados para encarar os efeitos práticos desta disputa, uma vez que vieram precificando-os nos últimos meses. Somente em junho, a soja acumulou uma baixa de mais de 15% em Chicago. 

Ainda segundo Cogo, o mercado teria ainda "sobreprecificado" essa guerra comercial, levando os preços a patamares muito baixos. "E tudo o que pe exagero precisa ser corrigido", explica, sinalizando a possibilidade de uma retomada - mesmo que leve - das cotações na medida em que as informações comecem a ser digeridas e os negócios, acomodados. "Teremos que avaliar os reflexos do sim ou do não". 

Para Camilo Motter, o cenário se completa com um famoso movimento do mercado. "O mercado caiu demais no bato e agora está subindo no fato", diz. "Acredito que o mercado sobe nesse momento porque estava muito pressionado e, enfim, chegou a hora da verdade. A China esperou que os EUA dessem o primeiro tiro nesta guerra, por isso - apesar de fuso horário 12 horas a frente de Washington - eles esperaram os EUA executarem o primeiro movimento", completa. 

As incertezas, no entanto, ainda são muito grandes e os chineses seguem buscando alternativas para uma possibilidade de ter de migrar boa parte de sua demanda para outro fornecedor que não os EUA, além dos já tradicionais, especialmente o Brasil. 

Informações apuradas pela consultoria internacional AgResource Mercosul (ARC) mostraram que o governo da China se reuniu, nos últimos dias, com as maiores esmagadoras do país para alertá-las sobre a possibiilidade de uma redução de suas importações de soja em grão na casa de 15% a 20% no próximo ano comercial, o que daria cerca de 15 a 20 milhões de toneladas a menos, se confirmado esse intervalo.

Leia mais:

>> China pode cortar importações de soja em até 20% para driblar disputa com os EUA

Tags:

Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Soja em Chicago realiza lucros depois dos últimos pregões positivos ; canal de alta está mantido mas dependente de novidades nos EUA
Lavouras de Santo Ângelo/RS escaparam dos danos, mas logística e infraestrutura da região foram afetadas pela chuva
Soja: Mercado realiza lucros em Chicago nesta 3ª feira, após mais de 30 pts de alta na sessão anterior
Soja em Chicago sobe mais de 30 pontos motivada por fundamentos que vão desde chuvas no RS, alta do farelo e plantio lento nos EUA
Fim da colheita de soja no RS e em Santa Catarina deve ser impactada pelas chuvas previstas para os próximos dias