Soja: USDA traz vendas fracas dos EUA e lineup de navios segue forte no Brasil

Publicado em 21/03/2019 10:12

O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgou seu novo boletim semanal de vendas para exportação e os números continuam mostrando que a demanda pela soja norte-americana custa a se recuperar. Mesmo com as sinalizações recentes de que a China poderia se voltar aos EUA para algumas compras, os dados mostram o contrário. 

Na semana encerrada em 14 de março, os americanos venderam somente 399,5 mil toneladas de soja da safra 2018/19 para exportação, contra expectativas do mercado que variavam entre 600 mil e 1,750 milhão de toneladas. A principal compradora foi a Alemanha e a China vem na sequência, com tímidas 142,6 mil toneladas. 

Com esses dados, o acumulado da temporada chega a 41.505,9 milhões de toneladas comprometidas da oleaginosa. O número se mostra bem abaixo do registrado no mesmo período do ano passado, quando o total comprometido passava de 50 milhões de toneladas. O USDA projeta as vendas do presente ano comercial em 51,03 milhões de toneladas. 

Para a safra 2019/20, o resultado líquido das operações ficou negativo em 64,4 mil toneladas, com destaque, inclusive, para cancelamentos - ou os chamados washouts - por parte dos chineses para 65 mil toneladas. 

Enquanto segue a guerra comercial entre China e Estados Unidos, as exportações brasileiras de soja caminham de forma bastante satisfatórias, com números fortes no primeiro bimestre de 2019. Somente nos dois primeiros meses do ano, o Brasil exportou 8,2 milhões de toneladas, sendo 7 milhões destinadas aos chineses. No ano passado, no mesmo intervalo, o acumulado foi de 4,43 milhões e disso, 3,5 milhões foram para a nação asiática. Em um ano, o país dobrou suas vendas para a China. 

"A permanência do conflito político entre os EUA e a China tem mantido o lineup de exportações brasileiras da soja em níveis adequados", explicam os analistas da ARC Mercosul. O gráfico abaixo, da consultoria, ilustra o momento. A projeção para março do lineup pela ARC é de 8,7 milhões de toneladas. 

O que ainda impede um avanço dos preços pagos pela soja brasileira - principalmente via prêmios mais altos - ainda são, como explicam os diretores da consultoria, são as expectativas ainda vivas de um acordo comercial entre chineses e americanos. 

Ainda assim, os prêmios nos portos do Brasil permanecem positivos, embora tenham sentido alguma pressão nos últimos dias. Em Paranaguá, as principais posições de entrega têm valores entre 40 e 55 cents de dólar acima dos preços praticados na Bolsa de Chicago. 

Pequenas setas verdes indicam o fluxo dos navios, com destaque para os que se dirigem do Brasil para a China. A imagem é de 8 de março -   Fonte: Refinitiv Eikon

Uma delegação de autoridades comerciais dos EUA vai a Pequim na próxima semana para dar continuidade às negociações. Na semana seguinte, é vez da equipe chinesa viajar para Washington para uma nova rodada de conversas. 

Leia mais:

>> China diz que autoridades comerciais dos EUA visitarão Pequim em 28 e 29 de março

>> Soja: Brasil vai ter que racionar a demanda no 2º semestre, alerta analista

Milho

O relatório do USDA trouxe ainda as vendas semanais de milho da safra velha em 855,9 mil toneladas, com a maior parte destinada ao Japão. O volume ficou dentro do intervalo esperado pelo mercado, de 600 mil a 1,3 milhão de toneladas. 

Em todo ano comercial, as vendas americanas do cereal já somam 41.753,6 milhões de toneladas, contra pouco mais de 45 milhões do mesmo período da temporada anterior. A expectativa do departamento é de que os EUA exporte 60,33 milhões de toneladas. 

Da safra 2019/20 foram vendidas 60 mil toneladas de milho para os japoneses também. 

Trigo

As vendas semanais de trigo, assim como as de soja, ficaram aquém do esperado, e totalizaram somente 298,6 mil toneladas. As projeções vairavam de 300 mil a 675 mil toneladas. A maior compradora foi a Coréia do Sul. 

Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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