Soja no Brasil mantém preços acima dos R$ 102 por saca com compradores ávidos e dólar

Publicado em 14/04/2020 19:21 e atualizado em 14/04/2020 20:29

Nesta terça-feira (14), o dólar voltou a fechar perto dos R$ 5,20 e continuou a ser o principal pilar para os preços da soja no mercado brasileiro. Segundo Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting, os indicativos permaneceram variando entre R$ 102,00 e R$ 104,00 por saca, a depender dos prazos de pagamento e entrega, mesmo diante de mais um dia negativo para os futuros da oleaginosa negociados na Bolsa de Chicago. 

"O mercado brasileiro da soja teve um dia de compradores em atividade forte, querendo o
grão nos portos e novamente levando bons volumes. E o movimento maior continua sendo mesmo nos portos e menos intenso nas indústrias", complementa.

O consultor afirma ainda que além do dólar em alta, se mantendo acima dos R$ 5,00, alguns ganhos, mesmo que tímidos, entre os prêmios também favorecem a manutenção de indicativos firmes no Brasil. Além disso, os produtores brasileiros com elevados percentuais de sua soja já comercializada, têm maior poder de barganha, principalmente frente a compradores ávidos e querendo soja para os próximos meses. 

Todavia, Brandalizze acredita que o dólar já não tenha mais tanto potencial de alta neste momento. "O dólar mostra que tem pouco fôlego para grandes avanços de agora em diante, porque já esta muito valorizado. Assim, com a pandemia perdendo forças nas próximas semanas pode derrubar um pouco os indicativos da moeda americana", diz.

BOLSA DE CHICAGO

Na Bolsa de Chicago, o mercado registrou mais um dia negativo, de baixas de 5 a 7,25 pontos nos principais vencimentos. O maio ficou em US$ 8,47, o julho em US$ 8,55 e o agosto, US$ 8,58 por bushel. 

"Por mais um dia o mercado agrícola se manteve sob “banho-maria”. O volume de
operações se mantém baixo, uma vez que o medo ainda paira sobre a especulação", explicam os analistas da ARC Mercosul em seu boletim diário.

Além disso, a falta de demanda no mercado americano segue pressionando as cotações. 

Se as exportações de soja e milho eram uma das maiores preocupações dos produtores norte-americanos, especialmente diante do início de uma nova safra, a demanda interna por ambos os produtos também exige a atenção e cautela dos agricultores nos Estados Unidos. Os impactos do coronavírus chegaram severamente à agroindústria do país e já causam prejuízos tanto na produção de etanol de milho, quanto na de derivados de soja e proteínas animais. 

Leia mais:

>> Coronavírus atinge duramente agroindústria dos EUA no início da nova safra de grãos

Como explica o consultor de mercado Fernando Pimentel, da Agrosecurity Consultoria, a situação dos produtores norte-americanos vão se complicando dia a dia na medida em que, no Brasil, os grãos vão garantido os melhores patamares da história. 

Para ele, o mercado da soja na CBOT não deve voltar aos US$ 10,00 por bushel pelos próximos dois meses. No link abaixo, veja sua entrevista na íntegra:

>> Não dá pra falar de soja acima dos US$ 10/ bushel nos próximos dois anos, diz consultor

Brasil pode ter novo recorde mensal de exportação de soja em abril, diz Anec

  • Navio carregado com soja para exportação no Porto de Santos (SP) 13/03/2017 REUTERS/Paulo Whitaker

SÃO PAULO (Reuters) - As exportações brasileiras de soja podem alcançar em abril um novo recorde para todos os meses, caso a programação de embarques se confirme e o país possa despachar 14,5 milhões de toneladas para o exterior, avaliou nesta terça-feira a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).

Contando com forte demanda da China e sem problemas nos portos apesar das precauções contra o coronavírus, o Brasil já exportou 4,5 milhões de toneladas da oleaginosa entre 1 e 11 de abril e a programação de navios aponta embarque de mais 4 milhões entre 12 e 18 de abril.

Caso a exportação até o final do mês atinja o volume projetado --um volume que considera também a oleaginosa já embarcada--, o país teria um resultado superior ao visto em março, quando um novo recorde histórico foi marcado, de 13,3 milhões de toneladas, segundo dados da Anec.

A Anec pondera que, por vezes, o total programado não é efetivamente realizado, já que embarques podem eventualmente ser afetados por chuvas, por exemplo.

A associação também ressaltou em um documento divulgado nesta terça-feira que continua atenta aos desdobramentos causados pela pandemia do Covid-19, mas disse que "poucas alterações ocorreram e as operações continuam normalizadas".

"A ausência de novidades é um fator positivo. Isto demonstra que as exportações brasileiras do nosso setor seguem seu ritmo normal a despeito das contingências que se fazem necessárias para conter a propagação do vírus", disse.

(Por Roberto Samora)

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Por: Carla Mendes| Instagram@jornalistadasoja
Fonte: Notícias Agrícolas

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