Soja: Portos ainda têm preços na casa dos R$ 150/saca para o disponível; CBOT recua

Publicado em 24/06/2021 18:00

Os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago mais uma vez fecharam no vermelho no pregão desta quinta-feira (24), porém, com perdas bem menos intensas do que as registradas no meio do dia, quando os preços chegaram a ceder até 40 pontos. No término da sessão, as baixas ficaram entre 8,50 e 13,75 pontos, com o julho sendo cotado a US$ 13,71 e o novembro, US$ 12,91 por bushel. 

Como explicou o diretor do Grupo Labhoro, Ginaldo de Sousa, a mudança nos mapas rodados a tarde ajudou a amenizar as baixas na CBOT. Os modelos já mostravam menos chuvas, o que deu espaço para essa ligeira recuperação do mercado. Nos mapas do NOAA, o serviço oficial de clima dos EUA, para o período de 2 a 8 de julho é possível observar que são esperadas precipitações abaixo da média para alguns estados como Iowa, as Dakotas, Minnesota, Nebraska e Wisconsin. 

Do mesmo modo, as temperaturas para as mesmas regiões podem voltar a ficar acima da média e, mais uma vez, intensificam as preocupações com a nova safra norte-americana. Com os baixíssimos estoques se registram nos EUA agora, a nova temporada não admite espaço para perdas, ou a relação de oferta e demanda pode ficar ainda mais ajustada. 

A volatilidade imposta pelo mercado climático continua e ainda deve permanecer bastante presente no mercado, já que os meses determinantes para milho - julho -  e para a soja - agosto - ainda estão por vir. E no paralelo, os traders também ainda se preparam para o novo boletim do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), o que é mais um fator de especulação sobre as cotações. 

O mercado esperava um crescimento expressivo para a área de milho nos Estados Unidos que começa a ser revisado, bem como se questiona também o que se deu para a soja na safra 2021/22 efetivamente plantada no país. Os novos números chegam no dia 30. 

Do lado da demanda, hoje os traders acompanhando novas vendas sendo feitas dos EUA para a China e mais destinos e, somente nesta semana, o volume chegou a mais de 1 milhão de toneladas. Em contrapartida, o reporte semanal de vendas para exportação veio com dados fracos para a soja:

+ USDA informa nova venda de soja e volume passa de 1 mi de t na semana; China de volta

+ USDA: Vendas semanais de soja da safra nova dos EUA ficam abaixo do esperado; milho dentro das projeções

+ China compra quase 700 mil t de soja dos EUA, mas BR ainda é mais competitivo até agosto

Assim, os preços seguem tentando se manter no intervalo de US$ 12,00 a US$ 14,00 por bushel, como vem explicando o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. 

MERCADO BRASILEIRO

No Brasil, a semana tem sido de poucos negócios - depois das vendas registradas na última semana - com os vendedores e compradores mais retraídos agora. "Há poucos vendendo, esperando se há uma sinalização dos indicadores para cima", diz. Com Chicago ainda recuando e o dólar passando a atuar na casa dos R$ 4,90, as referências seguem mais baixas do que o observado nas últimas semanas. 

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Ainda segundo o consultor, os preços da soja 2020/21, base porto, têm orbitado na casa dos R$ 150,00 a R$ 151,00 por saca no curto prazo, enquanto a safra nova tem indicativos entre R$ 146,00 e R$ 148,00. 

"A boa notícia é que tem muito comprador para a soja nestes patamares. Então, logo se forma uma base, um colchão, e para de pressionar para baixo", complementa o consultor. 

Pode piorar antes de melhorar, é verdade. Mas o produtor que tem soja e milho para comercializar no Brasil ainda deve ter boas oportunidades e patamares remuneradores de preços no segundo semestre. Como explicou o diretor da Pátria Agronegócios, Matheus Pereira, aos poucos o mercado vai voltando à sua racionalidade e entendo que há os preços precisam estar altos diante de uma relação de oferta e demanda que é bastante apertada ainda. 

"Vivemos um mercado, hoje, fundamentalmente altista, com um desbalanço entre a oferta e a demanda, tanto de soja quanto de milho. A demanda foi acelerada a um ritmo mais rápido do que conseguimos acelerar a produção", diz. "E para piorar tivemos quebras de safra, como a da segunda safra brasileira de milho. E a única maneira do mercado de mudar esse fundamento é termos três, quatro anos  consecutivos de safras recorde tanto na América do Sul, quanto do Norte, ou um desincentivo da demanda via preços", complementa.  

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Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte: Notícias Agrícolas

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