Colheita da soja alcança 3% das lavouras do RS

Publicado em 03/03/2022 17:27

As chuvas ocorridas entre os dias 21 e 25 de fevereiro repuseram de forma parcial a umidade nos solos e beneficiaram as lavouras de soja que estão em floração (18%) e formação de grãos (56%), fases de alta demanda de água pela cultura. Nas localidades onde as precipitações foram em menor volume, as lavouras ainda continuam apresentando queda de folhas, amarelecimento das plantas e baixo número de vagens e grãos. De acordo com o Informativo Conjuntural elaborado pela Emater/RS-Ascar, vinculada à Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), as lavouras em maturação representam 20% da área cultivada, e mesmo com as chuvas não apresentaram sinais de recuperação e têm perda consolidada na produtividade. As lavouras em final de maturação apresentam vagens e grãos em diferentes tamanhos, dificultando a colheita, que alcança 3%, apresentando produtividade muito baixa e variável, dependendo das condições do tempo e solos de implantação.

As condições fitossanitárias das lavouras de soja continuam satisfatórias, com exceção de algumas áreas que ainda apresentam incidência de ácaros e trípes, bem como infestação com buva e caruru, situação que preocupa tanto pela redução no potencial produtivo pela competição, quanto pelo risco elevado de aumento das invasoras na próxima safra.

Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, a oleaginosa sofreu intenso estresse após mais uma sequência de dias com temperaturas máximas acima de 40°C. A expectativa de perdas permanece elevada em municípios em que a cultura está em estágio mais avançado do ciclo, como Rosário do Sul, com perdas estimadas em 65%; São Borja, 74%; Alegrete, 77%; Itacurubi, 78%, e Manoel Viana, com 79%. Na Campanha, é grande a diferença de potencial produtivo entre lavouras no mesmo município, pela distribuição irregular das chuvas durante todo o ciclo de desenvolvimento. São observadas áreas com potencial produtivo superior a três mil quilos por hectare e áreas com mortalidade significativa de plantas, pela falta de umidade, especialmente ao longo de fevereiro.

Na região de Santa Maria, 72% das lavouras de soja estão em florescimento e enchimento de grão, 20% em maturação e 4% das lavouras colhidas. As perdas de produtividade deverão superar 60%, com colheita estimada de 1.200 quilos por hectare. Já na de Santa Rosa, foi colhido 1%. A maturação foi acelerada em função das altas temperaturas e tempo seco e alcançam 13%. Essas lavouras têm porte reduzido e baixa emissão de ramificações laterais. As chuvas ocorridas ainda são insuficientes, mas proporcionam melhor desenvolvimento em cultivos do tarde na Fronteira Noroeste. Contudo as perdas já estão consolidadas e a expectativa atual de produtividade é 650 quilos por hectare.

Programa Monitora Ferrugem RS

A ocorrência de esporos da ferrugem asiática da soja tem aumentado nas últimas semanas. Nesta semana de monitoramento (resultados compilados de 22/02 a 01/03/22) se identificou grande número de esporos nos coletores de Santa Rosa, São Luiz Gonzaga, Cerro Largo, Jóia e Santa Bárbara do Sul e presença de esporos, mesmo em pequenas quantidades, em quase todo o território gaúcho. Assim recomenda-se aos técnicos e aos produtores observância das condições climáticas para o manejo da ferrugem.

Milho - As precipitações ocorridas de forma mais geral no Estado apresentaram reflexos positivos para 4% das lavouras de milho que estão em desenvolvimento vegetativo, 4% em floração e 15% enchimento de grãos. As em maturação foram pouco afetadas pela reposição de umidade, devido ao avançado estado fisiológico. A colheita foi realizada em 60% dos cultivos e os resultados obtidos consolidam a perda de produtividade. A expectativa é de redução de 53% na produtividade inicialmente estimada.

Na região de Frederico Westphalen, 4% das lavoras de milho estão em germinação e desenvolvimento vegetativo, 1% em floração, 1% em enchimento de grãos, 8% em maturação e 86% foram colhidas. As lavouras colhidas confirmam perdas que ultrapassam 60% na produtividade. Na de Soledade, foi colhido 55% da produção. As lavouras com implantação tardia em sucessão a tabaco, feijão e milho safra silagem apresentam bom desenvolvimento em função da recorrência de chuvas nas últimas semanas. Nessas lavouras foi finalizado o controle de plantas invasoras em pós-emergência e foram realizadas adubações em cobertura.

Milho silagem - As precipitações beneficiaram lavouras entre as fases de desenvolvimento vegetativo e enchimento de grãos, que representam 21% do cultivo. A colheita ultrapassou 70% da área implantada e a redução de produtividade aproxima-se de 55%, com a produção de pouco mais de 16 mil kg/ha de massa verde a ser ensilada

Na regional da Emater/RS-Ascar de Bagé, na região da Campanha, produtores continuaram utilizando parte das lavouras destinadas à produção de silagem para fornecimento direto aos animais, especialmente bovinos de leite. A ensilagem das lavouras está concluída apenas em Caçapava do Sul. Os principais municípios com cultivo do milho para silagem são Aceguá e Hulha Negra e o corte ainda está restrito às primeiras lavouras implantadas em outubro. Alguns produtores pretendem utilizar parte da produção para comercialização, com expectativa de grande demanda, devido à estiagem e pelo aumento de preços, acompanhando proporcionalmente os dos insumos. Na Fronteira Oeste, a colheita alcançou 55% da área cultivada, 10% está em maturação e 27% em enchimento dos grãos.

Arroz - A ocorrência de chuvas, até em volumes elevados, nas regiões de maior produção do cereal, irá contribuir para melhorar a disponibilidade de água, para lavouras que demandam maior volume de irrigação, entre as fases de desenvolvimento vegetativo a enchimento de grãos, que representam 44% do total. Complementarmente, com 41% das lavouras em fase de maturação, produtores remanejaram os recursos hídricos para talhões mais atrasados. A colheita alcançou 14% e a produtividade é variável, com lavouras dentro da expectativa e outras com perdas de até 18%.

Feijão 1ª safra -  A colheita alcançou 61% das lavouras. A maior parte das regiões produtoras já encerrou a primeira safra e semeou a subsequente. A exceção é a região de Caxias do Sul, que é a de maior produção e onde apenas 3% foi colhido. A produtividade média no RS apresenta perdas de 28%, com perdas de cerca de 50% nas regionais de Soledade, Erechim e Frederico Westphalen e de 65% na de Ijuí.

Feijão 2ª safra - Os plantios de segunda safra vêm ocorrendo normalmente, com a expectativa de um bom estabelecimento da cultura, condicionada pela melhora das condições ambientais, especialmente a recorrência de chuvas e diminuição das temperaturas máximas nas principais regiões produtoras.

Na regional da Emater/RS-Ascar de Frederico Westphalen, em decorrência da estiagem prolongada e da dificuldade de implantação de soja após a colheita de milho, parte dos agricultores optou pelo plantio da cultura de feijão segunda safra. Há expectativa que possa alcançar 10 mil hectares, em médios produtores, áreas mecanizáveis e com uso adequado de insumos. A projeção de rendimento é cerca de 1.500 quilos por hectare.

PASTAGENS E CRIAÇÕES

As precipitações propiciaram o retorno da umidade ao solo, possibilitando o rebrote das pastagens, tnatp cultivadas quanto nativas. Porém, em muitos locais, as pastagens não suportam o pastejo ainda. Nas regiões de solo raso, as áreas de campo nativo encontram-se secas e rapadas, sendo que apenas espécies invasoras, como o capim annoni, ainda apresentam coloração verde. O clima seco ainda está aumentando a incidência de pragas que normalmente ficam restritas as áreas de lavouras de grãos.

Na Bovinocultura de Corte e também na de Leite, mesmo com ocorrência de chuvas, as altas temperaturas continuam a causar estresse térmico aos animais, que acabam reduzindo a alimentação, o que é agravado pela falta de pastagens e de água de qualidade para dessedentação. Apesar de estar ocorrendo o período reprodutivo, os índices de prenhes seguem baixos, também influenciados pelos efeitos da estiagem na baixa oferta de volumosos. Na Bovinocultura de Leite, o custo de produção segue elevado, considerando a necessidade maior de suplementação com rações, milho, feno e silagem.

Tags:

Fonte: Emater

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Soja termina com preços estáveis no mercado brasileiro, com pressão de Chicago, mas suporte do dólar
USDA informa mais uma venda de soja para a China nesta 6ª feira (19) em dia de novo leilão
Chinesa Sinograin vende um terço da soja ofertada em leilão, diz Mysteel
Soja segue lateralizada em Chicago nesta 6ª feira, ainda reagindo a cenários já conhecidos
Apesar de novas baixas em Chicago, preços da soja se mantêm no Brasil com dólar ainda alto
Soja: Preços cedem em Chicago, com falta de novidades e pressionada pelo óleo nesta 5ª feira