Soja: Portos têm preços de R$ 138 a R$ 142/sc e Brasil vai registrando semana de novos negócios

Publicado em 14/10/2025 15:13
Vendedor pede mais de 200 pontos nos prêmios no disponível; Chicago testando novas baixas

O mercado da soja fechou a terça-feira (14) no vermelho. Os preços operaram durante todo o dia em campo negativo e foram amenizando as perdas ao longo do dia, mas mantendo-se lateralizado. As perdas ficaram próximas de um ponto nos principais vencimentos, o que deixou o novembro nos US$ 10,06 e o maio em US$ 10,54 por bushel. 

A pressão continua a vir dos fundamentos combinado com o cenário político diante da guerra comercial entre China e Estados Unidos.

Segundo afirma o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, o mercado estima que a colheita norte-americana da soja já esteja na casa dos 60%, porém, com os traders ainda sem receber os dados do governo norte-americano em função do shutdown. "Isso traz pressão em Chicago, porque sem o maior comprador mundial no mercado dos EUA isso é inevitável. Mas, a boa notícia é que os preços continuam sustentando a posição dos US$ 10,00 por bushel", diz. 

Ainda nesta terça-feira, o mercado também recebeu a nova e primeira projeção da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) para a safra 2025/26 de soja do Brasil em 177,6 milhões de toneladas, contra o número do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) de 175 milhões. E este acaba sendo mais um fator de pressão sobre os futuros da oleaginosa na CBOT. 

MERCADO BRASILEIRO

Já no Brasil, os preços continuam encontrando suporte nos prêmios - ainda muito fortalecidos pela intensidade da demanda, em especial por parte da China na exportação - e, nesta terça, pelo dólar que volta a se aproximar dos R$ 5,50. 

Assim, "o mercado de portos segue negociando. É uma semana de negócios, os negócios estão fluindo, é um momento de cavalinho encilhado", afirma Brandalizze, que complementa dizendo que 127 milhões de toneladas da safra 2024/25 já foram negociadas, 74,3%. "Em volume é recorde e o produtor está aproveitando este novo momento de pico que temos hoje de R$ 138,00 a R$ 142,00 nos portos, e vai negociando".

Entre ontem e hoje, as vendas de soja, como relata o consultor, passaram já de um milhão de toneladas. 

Os negócios continuam se mostrando mais favoráveis à soja disponível, uma vez que os prêmios continuam orbitando na casa dos 200 pontos, ou US$ 2,00 por bushel acima das referências observadas na Bolsa de Chicago. Já para a safra nova, os prêmios são mais contidos, embora mantenham-se positivos, o que forma preços - até este momento - menos atrativos, portanto, para os produtores, o que também limita o ritmo da comercialização 2025/26. 

Ainda segundo informações da Brandalizze Consulting, há cerca de 21% da nova safra já comercializada, contra 30% da média dos últimos anos. 

Somente Mato Grosso, segundo dados do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária), em setembro renovou seu recorde na exportações de soja, com 870 mil toneladas exportadas. No acumulado do ano até o mês passado, o total chega a 28,99 milhões de toneladas, 17,27% a mais do que o registrtado em todo o ano de 2024, sendo este o maior acumulado da série histórica. 

"Com o avanço da entressafra, aliado a redução da oferta disponível da oleaginosa, os embarques tendem a desacelerar nos próximos meses, conforme o padrão sazonal do estado. A expectativa do Imea é que até o final de 2025 o volume exportado atinja 30,50 milhões de t, representando um crescimento de 23,33% frente a safra 2023/24", afirmam os especialistas do Imea. 

Neste ritmo, a comercialização da soja 2024/25 de Mato Grosso já alcança 95,70% da produção, também segundo o levantamento do instituto. "Esse movimento foi impulsionado pela alta nas cotações da oleaginosa registrada no início do mês, o que estimulou os produtores a realizarem novos negócios, resultando em um avanço de 3,76 p.p. frente a ago/25. No entanto, a posterior retração dos preços limitou o ritmo das vendas nas semanas seguintes. Em relação ao valor negociado, o preço médio fechou em R$ 120,53/sc, representando um recuo de 0,94% em relação ao mês anterior", traz o boletim semanal do Imea. 

O mesmo não se registra, todavia, na comercialização 2025/26, que chega a 31,46% e, em setembro, marcou alguma evolução. "Apesar do avanço, o indicador está 1,57 p.p. abaixo ao mesmo período da safra anterior e 8,15 p.p. inferior à média dos últimos cinco anos. Por fim, a média dos preços negociados foi de R$ 109,28/sc, redução de 0,85% no comparativo mensal".

Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistacarlamendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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