Argentina fora das exportações de soja beneficia o Brasil
Um fenômeno raro vem acontecendo no maior porto de exportação de soja no Brasil. Os prêmios pagos para o embarque da oleaginosa em Paranaguá estão trabalhando no terreno positivo – em plena época de safra. O normal seria ver os prêmios no vermelho. Para se ter uma idéia da diferença, basta comparar o quanto se paga pelo grão hoje quanto se pagava um ano atrás. Nesta terça-feira, o ágio para embarque de soja em maio é de 38 centavos de dólar por bushel. Nessa mesma época do ano passado, o grão sofria com um deságio de 23 centavos.
Parte do bom desempenho da soja em Paranaguá, em plena boca de safra, deve ser creditada na conta da Argentina. O país, terceiro maior produtor e exportador de soja do mundo, atrás apenas de EUA e Brasil, está praticamente fora do mercado. E já há algum tempo. Desde o ano passado os produtores e o governo argentino não se entendem a respeito do imposto de exportação do grão. Nesta safra, para piorar, uma estiagem severa resultou na quebra de mais de 10 milhões de toneladas na produção do grão, o que deve resultar em exportações inferiores a 10 milhões de toneladas, que foi a última previsão do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) em seu relatório de oferta e demanda mundial de abril.
A situação dramática da Argentina fica mais clara com os números divulgados na segunda-feira pelo Serviço Nacional de Sanidade Agropecuária e Alimentar da Argentina (Senasa). De acordo com o órgão, as exportações de soja argentina no mês de março somaram 722 toneladas. Isso mesmo. Apenas 722 toneladas. Ou, se preferir, 99% menos que as 73.843 toneladas do mesmo mês de 2008.
A outra responsável pela firmeza dos prêmios em Paranaguá é a China.