Macroeconomia preocupa e pressiona grãos em Chicago

Publicado em 16/06/2011 11:53 e atualizado em 16/06/2011 15:25
O caos instalado na economia da Grécia vem causando temores nos mercados nesta quinta-feira. Segundo informou uma matéria do jornal Valor Econômico hoje, a situação reforça a sensação de que é inevitável que a zona do euro enfrente seu primeiro default da dívida.

"Ao mesmo tempo que o premiê grego George Papandreou prepara uma mudança em seu governo na tentativa de obter aval do Parlamento para as medidas de austeridade, políticos europeus expressaram seu desânimo enquanto preparam o que pode ser o encontro crucial de líderes da União Europeia", diz a notícia do Valor.

Como não poderia ser diferente, as commodities - tanto agrícolas, como energéticas e metálicas - enfrentam mais uma dia de baixas diante deste cenário. Em Chicago, os grãos estendem suas perdas de ontem, quando o milho encerrou o dia próximo do limite de baixa e o trigo recuando mais de 20 pontos. Por volta das 15h05 (horário de Brasília), os principais vencimentos da soja operavam com mais de 14 pontos de baixa, o milho e o trigo com  com quase 20. 

Esse mau humor do mercado financeiro acaba estimulando a migração dos investidores para ativos mais seguros, como o dólar, afastando-se das commodities, que são bastante voláteis. Com isso, o dólar index avança e pesa sobre as cotações das agrícolas nesta quarta-feira.  Há ainda temores acerca de uma desaceleração do crescimento econômico mundial e da demanda, o que também influencia fortemente a queda das commodities.

No caso da soja, os preços podem sentir ainda o peso do forte recuo do milho, o qual também reflete o mau momento do mercado financeiro. O cereal não consegue nem mesmo encontrar um ligeiro suporte nos dados divulgados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) na semana passada sobre uma expressiva redução nos estoques finais e na produção norte-americana para a sara 11/12.

"É impressionante como o medo dos Estados Unidos virtualmente ficarem sem milho na última sexta-feira foi substituído pelo pânico sobre a Grécia", disseram analistas da consultoria AgResource, em Chicago. 

Como explicou o analista de mercado Daniel D'Ávilla, da NewEdge Consultoria, "a Grécia é uma economia pequena. O problema é que Espanha, Irlanda e Portugal também não estão bem. O problema está se espalhando e precisamos de uma solução rápida. Mas, para as commodities, não é o fim do mundo".

O analista acredita, porém, que o mercado tem chances de se recuperar, com problemas climáticos que ainda podem comprometer a safra norte-americana e também com a volta da China às compras, que, em junho, podem somar cerca de 5,5 milhões de toneladas.

"Em breve veremos esse mercado se recuperar. Assim que o mercado macroeconômico começar a acreditar um pouco mais em ações positivas para a crise europeia, veremos recursos e fundos entrando, levando o mercado para cima novamente", explica.

Tags:

Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Soja tem 6ª feira de movimentos tímidos em Chicago, mas passa a operar em queda
Soja retoma negócios em alta nesta 6ª em Chicago, após rally da véspera de Natal
Safra de soja do Rio Grande do Sul se desenvolve bem, aponta Emater
Retro 2025 - Soja/Cepea: Oferta global recorde derruba preços internos e externos em 2025
Argentina: Processamento de soja caiu em novembro e o mercado começa a sentir a escassez do produto
Soja fecha de lado em Chicago e sobe onde ainda há negócios no Brasil frente ao dólar alto