Mercado do açúcar se estabiliza abaixo de 16 cents em NY
Nesta terça-feira (23), o mercado de açúcar mantém o viés de preços reduzidos, com os principais contratos estabilizados abaixo de 16 cents de dólar por libra-peso, refletindo a oferta confortável da commodity no cenário internacional. Em Nova Iorque, o contrato outubro/25 subiu 0,26%, cotado a 15,29 cents, enquanto o março/26 avançou 0,13%, para 15,93 cents, e o maio/26 teve alta de 0,19%, a 15,58 cents. Em Londres, o contrato dezembro/25 do açúcar branco encerrou em US$ 456,20 por tonelada, valorização de 1,15%.
Mesmo com o leve respiro de hoje, os preços vêm acumulando quedas nos últimos seis meses. Na semana passada, o açúcar de NY chegou à mínima de 4,25 anos no futuro próximo, pressionado pelo avanço da produção brasileira. A Unica informou que, na segunda quinzena de agosto, o Centro-Sul produziu 3,872 milhões de toneladas de açúcar, alta de 18% frente ao mesmo período do ano anterior. Além disso, o mix açucareiro atingiu 54,20%, ante 48,78% em 2024. No entanto, no acumulado até agosto, a produção segue 1,9% abaixo do ciclo passado, somando 26,758 milhões de toneladas.
A Índia, segundo maior produtor global, também segue no radar. A trader Sucden afirmou que o país pode desviar 4 milhões de toneladas de açúcar para etanol em 2025/26, mas ainda assim exportar até 4 milhões de toneladas, acima das expectativas iniciais de 2 milhões. A boa regularidade das monções reforça a projeção de safra abundante, e a Federação Nacional das Fábricas Cooperativas de Açúcar da Índia estima que a produção em 2025/26 pode crescer 19% frente ao ciclo anterior, para 34,9 milhões de toneladas. A Tailândia, terceiro maior produtor mundial, também deve expandir a produção.
No quadro global, as projeções seguem pressionando o mercado. A Organização Internacional do Açúcar (ISO) prevê déficit de 231 mil toneladas em 2025/26, mas outros levantamentos falam em superávit. A Czarnikow estima saldo positivo de 7,5 milhões de toneladas, o maior em oito anos, enquanto o USDA projeta produção recorde de 189,3 milhões de toneladas, com estoques finais em 41,2 milhões, alta de 7,5%.
No mercado interno, o açúcar cristal no spot de São Paulo subiu com força. Segundo o Cepea, na sexta-feira (19), o Indicador CEPEA/ESALQ (Icumsa 130-180) atingiu R$ 120,45 por saca de 50 kg, alta de 2,75% na semana e o maior valor em quase um mês. A sustentação veio da baixa disponibilidade no spot, diante do direcionamento da produção para contratos internos e exportações. Mesmo com estoques mais apertados, a produção paulista cresceu: na segunda quinzena de agosto, as usinas do estado fabricaram 2,521 milhões de toneladas, avanço de 21,32% frente ao mesmo período de 2024.
Já no etanol, os preços recuaram pelo segundo período consecutivo. Entre 15 e 19 de setembro, o indicador do hidratado caiu 1,23%, para R$ 2,7471/litro (líquido de ICMS e PIS/Cofins), enquanto o anidro recuou 1,8%, a R$ 3,2155/litro. De acordo com o Cepea, a demanda seguiu pontual e muitos vendedores mostraram maior flexibilidade nos preços, levando às quedas recentes.