Preço do álcool recua e volta a ser competitivo em São Paulo

Publicado em 08/03/2010 11:05

O álcool voltou a ser competitivo em relação à gasolina em São Paulo. Isso ocorre depois de dois meses de desvantagem, quando a falta de produto provocou forte aceleração nos preços do combustível renovável.

Essa tendência se estenderá por outras regiões do país, uma vez que o preço do álcool hidratado -o que vai diretamente no tanque- está despencando nas usinas. Só na semana passada, a queda foi de 6,15%, acumulando 22,4% em seis semanas.

Rápida nas usinas, a queda é lenta nos postos. Os preços só começaram a cair para os consumidores há três semanas, e a queda é de 5,3%.

Os dados das usinas são do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da Esalq/USP. Já os das bombas são da Folha, que realiza semanalmente uma pesquisa de preços em 50 postos de combustível de São Paulo.

Em alguns postos paulistanos, a paridade já é bem vantajosa para o álcool, com o produto custando apenas 60% do valor da gasolina. Na média, a pesquisa indica que o preço médio do álcool recuou para R$ 1,787 por litro na semana passada, 70% do custo da gasolina, que está em R$ 2,537.

O consumidor deve ficar atento, no entanto, aos preços praticados nos postos onde costuma abastecer. A Folha apurou que alguns postos ainda comercializam o álcool a R$ 1,999 por litro, o que dá uma paridade de 75% em relação ao valor da gasolina cobrado por esses estabelecimentos.

Alguns postos, no entanto, foram mais rápidos na reposição da queda praticada pelas usinas e comercializam o álcool a R$ 1,499 por litro.

O percentual de 70% de paridade não é o único fator a que o consumidor deve ficar atento. O modelo de carro e o modo de dirigir também influenciam.

Especialistas recomendam que os consumidores façam teste com o próprio veículo para saber a paridade ideal. Alguns veículos são vantajosos até com uma paridade de 75% na comparação entre álcool e gasolina. Outros, com percentual inferior a 70%.

A alta acelerada nos preços do álcool nas usinas no início deste ano se deu devido à ocorrência de uma safra atípica em 2009, diz Antonio Padua Rodrigues, da Unica, entidade que congrega as usinas.

Houve grande oferta de produto no início de safra, o que derrubou os preços e gerou demanda. No segundo semestre, o excesso de chuva dificultou a colheita, e a oferta caiu.

No início deste ano, o abastecimento ficou complicado. As usinas tinham pouco produto para ofertar e chegaram a negociar o álcool a R$ 1,2055 por litro. O combustível chegou a superar R$ 2 nas bombas de postos de São Paulo.

Assustada com os preços, parte dos consumidores migrou para a gasolina, derrubando o consumo, que recuou para 25 milhões de litros por dia em fevereiro no centro-sul, metade dos 50 milhões de litros do período de pico de consumo.

Para Padua, o consumidor é quem determina os preços. Assim como ele saiu do mercado quando houve alta, deverá voltar quando a safra começar a tomar um ritmo mais forte. Isso deve ocorrer no final de março e início de abril.

"O problema é que o preço, de novo, pode ficar muito volátil", diz Padua. Para ele, a volatilidade é boa, mas, quando exagerada, como a de 2009, torna-se um problema. As usinas não repõem os custos de produção e o consumidor se acostuma com valores fora do normal.

Fonte: Folha Online

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Com dados do Brasil em evidência, açúcar tem semana de pressão
Citi diz que está comprado em açúcar bruto no contrato outubro da ICE
Calor excessivo coloca setor da cana-de-açúcar em alerta no Brasil
Açúcar: Londres e Nova York estendem baixas nesta 6ª feira
Dados do Brasil pesam e açúcar tem novas baixas nesta 5ª feira