Parceria com a Índia diminuiria dependência comercial com a China, diz presidente da UPL

Publicado em 24/01/2020 15:24
Missão brasileira na Índia visa estreitar relações e ampliar negócios entre os dois países, diz Fábio Torretta, presidente da UPL
Fabio Torretta - Presidente da UPL Brasil

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Entrevista com Fabio Torretta - Presidente da UPL Brasil sobre a Relação comercial Brasil X Índia

 

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Bolsonaro chega à Índia e diz que 'campo está aberto' a investimentos

Nova Délhi - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira, 24, que o "campo está aberto" para investimentos na Índia. Ele desembarcou na manhã desta sexta-feira em Nova Délhi para sua primeira viagem oficial ao país. Ele é convidado de honra do Dia da República da Índia, no domingo (26).

"(O convite) demonstra interesse deles para com o Brasil. Aqui está na casa de 1 bilhão e 200 milhões de habitantes, então por si só você vê que o potencial de comércio com o Brasil é muito grande. Eles têm interesse em nós e nós temos interesse neles", disse o presidente.

A cidade de Nova Délhi está com cartazes e outdoors de boas vindas a Bolsonaro escritos em português e no idioma local, ao lado do primeiro-ministro Narendra Modo.

O presidente também comentou sobre o etanol, um dos principais assuntos a serem discutidos nas reuniões dos próximos dias. "Se eles agregarem mais etanol na gasolina, o açúcar se equilibra no mundo. Então, tem um campo muito largo para a gente negociar aqui na Índia".

Convidado de honra do governo indiano para os festejos da República no domingo, em Nova Délhi, Bolsonaro também deverá ir a Agra para conhecer o Taj Mahal, um dos principais pontos turísticos do país.

Os compromissos oficiais só começam no sábado, 25, e o desembarque em Brasília está marcado para a terça-feira, dia 28.

No sábado, Bolsonaro se reúne com os três principais líderes de Estado e governo da Índia. Há previsão de reunião com o primeiro-ministro Modi e com o presidente Kovind, que deve ser acompanhado pelo vice Venkaiah Naidu.

Acordos

Bolsonaro foi convidado por Modi para acompanhar o Dia da República em novembro do ano passado, quando o primeiro-ministro indiano esteve em Brasília para o encontro de cúpula dos líderes do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

Na oportunidade, Bolsonaro e Modi tiveram uma reunião no Palácio do Planalto. Bolsonaro apontou o desejo de ampliar a parceria nas áreas de biocombustíveis e ciência e tecnologia, enquanto Modi ressaltou interesse fortalecer parceria no processamento de alimentos e na área agropecuária.

Com a ida de Bolsonaro à Índia e a nova reunião entre os presidentes, há previsão de assinatura de atos entre os dois países, seguida de declaração à imprensa.

Entre as áreas com maior potencial está o agronegócio. Os indianos pretendem direcionar parte da produção de cana - que hoje vira açúcar - para aumentar a porcentagem de álcool na gasolina. Hoje, essa mistura não passa de 7%. O objetivo é chegar a 10%, até 2022, e a 20%, em 2030. A redução da oferta de açúcar teria um impacto nos preços internacionais do produto. Segundo o governo indiano, para atingir a marca, a experiência do Brasil no setor de biocombustíveis é fundamental.

Antes do embarque, Bolsonaro falou sobre a expectativa para a viagem durante uma rápida entrevista na saída do Palácio da Alvorada. O presidente declarou que o Brasil gostaria de ver a Índia utilizar mais etanol em seus combustíveis. "É um grande interesse nosso que eles usem mais etanol no combustível deles, que daí, entre a lei da oferta e da procura, eles produzem menos açúcar e ajudam a equilibrar o mercado", afirmou o presidente.

Já os indianos, que são referência em tecnologia e inovação, podem oferecer soluções em áreas como análise de big data, inteligência artificial, internet das coisas e segurança cibernética. Hoje, a Índia é o segundo país com mais startups de tecnologia no mundo.

Uma parceria comercial com o país diminuiria a dependência brasileira em exportações para a China, ainda mais neste momento em que o país asiático pode dar preferência em comprar produtos agrícolas dos Estados Unidos. Para as importações a dependência também diminuiria, já que 60% dos agroquímicos utilizados no Brasil são de origem chinesa.

Tereza Cristina participa de seminário Brasil-Índia em Nova Délhi

São Paulo, 24/01- A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, participa neste sábado, em Nova Délhi, na Índia, de uma reunião com o governo local e de almoço oferecido pelo primeiro-ministro Narendra Modi ao presidente Jair Bolsonaro. Em nota, a pasta diz que estão previstos acordos e cooperações nas áreas de investimentos, previdência social, energia, recursos minerais, segurança cibernética, cooperação jurídica, saúde, ciência e tecnologia e cultura.

Na segunda-feira (27), será realizado seminário empresarial Brasil-Índia, organizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), com participação de Bolsonaro, de Tereza Cristina e demais ministros brasileiros.

Na quinta-feira (23), Tereza Cristina reuniu-se com o ministro da Agricultura e Bem-Estar dos Agricultores, Narendra Singh Tomar. "Os dois discutiram cooperação em pesquisa agropecuária e se comprometeram em agilizar colaborações nos setores de cana-de-açúcar, gado de leite e búfalos", disse a pasta.

Outro encontro foi com o ministro de Abastecimento, Alimentos e Distribuição Pública, Ram Vilas Paswan, sobre parcerias na área de etanol. "A ministra Tereza Cristina reforçou que a expertise brasileira no setor pode ajudar a Índia a ampliar a produção do biocombustível."

Veja também:

>> Agronegócio e parcerias tecnológicas marcarão visita de Bolsonaro à Índia

>> Índia é mercado potencial para importação de frango brasileiro, mas taxas ainda atrapalham

>> Na Índia, Tereza Cristina pede ao país que produza mais etanol e reduza tarifa de importação sobre carnes

Por: Aleksander Horta e Ericson Cunha
Fonte: Notícias Agrícolas

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