Preços do café: "Do campo à xícara não tem ninguém ganhando, está todo mundo realmente estressado", comenta analista

Publicado em 17/08/2021 15:47 e atualizado em 17/08/2021 17:10
Marcus Magalhães afirma que da indústria ao produtor, todas as pontas do mercado cafeeiro estão buscando soluções para driblar impasses com logística e clima
Marcus Magalhães - Diretor Executivo MM Cafés

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Entrevista com Marcus Magalhães - Diretor Executivo MM Cafés sobre o Mercado do Café Conilon

A safra 2021 de café tipo conilon está consolidada. De acordo com Marcus Magalhães, diretor executivo MM Cafés, a colheita já chegou ao fim nas principais áreas de produção do estado e a produção fica abaixo do que o projetado anteriormente por algumas consultorias. Em entrevista ao Notícias Agrícolas, Marcus comenta que apesar de sentir com menos intensidade, o produtor de conilon também encontra dificuldades quando o assunto é clima e a produção no estado não deve ultrapassar as 11 milhões de sacas. 

De acordo com o especialista, quando comparado com o café tipo arábica, a situação do produtor de conilon é um pouco mais confortável, mas ainda assim o cenário é de muito desafio para os preços. "O que prova que a safra não foi tão boa, em momento nenhum nesse ano cafeeiro aqui no ES você viu trânsito de caminhão, armazéns lotados. Foi uma safra muito lenta de se passar em função de todos os problemas que a gente vem enfrentando. Foi um ano atípico para o momento de safra que a gente vivenciou nos últimos 25 dias", comenta. 

Em relação à valorização expressiva nos preços do café, Marcus destaca que o cenário segue sendo de preços firmes para o café, com todo o setor aguardando o retorno das chuvas. No caso do conilon, mesmo as áreas com irrigação sentem os impactos e o analista comenta que algumas floradas já começaram a aparecer nas lavouras. "Hoje nós temos um preço, em tese, interessante, mas muitas perguntas olhando para 2022 e ninguém sabe exatamente o que temos por aí. O clima ainda vai fazer com que esse mercado tenha um grande divisor de águas", comenta. 

Existe no mercado certa expectativa de que o conilon ganhe mais espaço, suprindo assim o déficit de café tipo arábica já observado pelo setor. Ressalta, no entanto, que a realidade continua sendo de aperto entre oferta e demanda. "Eu não consigo vislumbrar ciclos de baixa no café tão cedo porque nenhuma origem é capaz de suprir o buraco que o Brasil vai deixar por dois ciclos (21/22). O único país que tem força para mudar o cenário cafeeiro é o Brasil e nós não temos hoje estoques oficiais, não temos estoques privados abundantes. A gente tem um mar de perguntas e um mar de desafios", comenta. 

Além das questões climáticas, o analista destaca também os impasses logísticos que atinge toda a cadeia do agronegócio. "O cenário da cafeicultura é delicado, é desafiador. Do campo à xícara não tem ninguém ganhando, está todo mundo realmente estressado, todo mundo olhando os desafios e tentando achar uma saída. Da indústria ao exportador ao consumidor, às cooperativas, aos comerciantes e ao produtor. Ninguém esperava uma mudança tão drástica como vimos no mercado de café nesses últimos dias em função da logística e do clima", afirma. 

Confira a entrevista completa no vídeo acima

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